Capítulo 11

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23 de dezembro de 2015

    Cora havia ligado trinta vezes para Léo, mas o celular só caia na caixa postal, era para ele estar ali há algumas horas, o que deixou Cora ainda mais irritada. Os backer não haviam comprado a árvore de natal naquele ano, e a antiga estava quase pedindo para ser jogada fora. Como os pais dela trabalhavam o bastante para não terem tempo de comprar uma nova, ela decidiu pegar suas economias da mesada que ganhava todos os meses, para comprar uma nova árvore de natal para aquele ano, principalmente para alegrar os ânimos, afinal, no dia 23 faria 1 ano da morte do seu avô. Todos ali amavam montar e enfeitar árvores de natal, era algo que eles faziam todos os anos, Cora não queria que essa tradição acabasse, não naquela situação... Aquilo iria ser o seu presente de natal, o presente mais especial que havia dado a sua família.
    Então, pela primeira vez, Cora decidiu não chamar o Noah para acompanhá-la na escolha da árvore de plástico, pois decidiu chamar Léo, afinal, ele era seu namorado e isso era muito mais importante. Mas o que Cora não admitia era que desde o enterro do seu avô, ela sentia que a relação deles estava um tanto estranha, não da parte dele, afinal, Noah sempre foi um bom amigo, mas, principalmente, de sua parte, por começar a reconhecer um sentimento que não deveria estar ali.
    Depois de várias tentativas um tanto falhas em contatar Léo, Cora decidiu ir sozinha até a loja. Por mais que tentasse não sentir raiva do namorado, ela percebeu que seria em vão, principalmente porque o sentimento já pairava em seu coração, segundo porque se sentiu uma idiota por não ter chamado o melhor amigos. Ele, com certeza, não a deixaria na mão, mas já era tarde demais para arrependimentos parvos.
Cora comprou uma árvore de um metro e sessenta, branca. Também comprou enfeites e luzinhas azuis, afinal, era a cor favorita do seu avô.
    Estava indo embora quando avistou o seu namorado do outro lado da rua entrando em um carro desconhecido com uma mulher igualmente desconhecida. Será que é alguma tia? pensou Cora, não importava, ela, então, imaginou que ele poderia estar ocupado, por isso não havia atendido, mas ele sempre avisa quando estava ocupado, voltou a pensar. Não interessava, ele com certeza explicaria aquilo. Cora sempre acreditava no melhor das pessoas, até que elas provassem o contrário.
Embora ela tivesse visto o amado, ele não havia visto ela, então, mesmo encabulada, Cora voltou para casa, queria montar a árvore antes que seus pais chegassem, iria aproveitar que sua avó estava na casa de uma das amigas, afinal, ela havia ido morar com eles desde que o marido falecera.
    Cora chegou em casa e logo montou a árvore, que ficou um pouco maior que ela. Queria que seu avô estivesse ali para ajudá-la a colocar a estrela de Belém no topo do pinheiro, aquele era o primeiro natal em que ela montava a árvore sozinha, então lembrou das vezes que sentou no colo do avô para que ele lhe contasse histórias de natal. Uma das histórias que ela mais gostava era sobre o menino que foi deixado no trenó do papai noel, então ele o levou para casa e criou como se fosse seu filho, no meio dos duendes e de toda aquela magia natalina. Era o sonho de qualquer criança visitar a fábrica do papai noel, comer doces direto da sua fábrica e entregar presentes com o velhinho por todo o mundo. Seu avô era tão bom de histórias quanto sua avó, enquanto ele contava histórias de magia natalina, a avó contava-lhe histórias de romance natalino, o que fez com que aos treze anos, Cora quisesse um namorado real, como um príncipe ou um duque, não é estranho que a Blair era sua personagem favorita na série televisiva,  Gossip Girl. Cora queria ser como ela, ser princesa de algum lugar perto dali. 
    Cora terminou de limpar a casa, arrumou seu quarto, mesmo com a preguiça que lhe consumia diariamente. Logo em seguida, tomou um banho quente, no qual ela sentia que  estivesse arrancando todo peso, frustrações e tristeza que aquele ano lhe causara. Nada poderia piorar mais, o ano estava acabando, pensou! Enquanto a água quente escorria em seu rosto límpido, Cora fez uma retrospectiva daqueles meses. Lembrou dos primeiros dias sem o seu avô e da angústia que sentia todas as vezes, que por costume, ia contar sobre algo engraçado e lembrava que ele não estava mais ali. Lembrou também das vezes que teve que ir à igreja depois de tanto tempo pedir para que Deus pudesse proteger a alma do velho, onde ele estivesse. Não sabia se Deus ainda a escutava, mesmo assim, pediu com toda a fé que existia dentro dela. Lembrou de Léo, e de todas as vezes que se encontraram naquele ano, encontros que quase foram descoberto pelos seus pais. Mas lembrou ainda mais de Noah, das brincadeiras, das tentativas falhas dele de fazê-la rir, lembrou de todas as vezes que eles tiveram que apoiar um ao outro, lembrou da formatura do ensino médio que participaram juntos, lembrou mais ainda que ambos tinham escolhido a mesma instituição para cursar a faculdade, mas mesmo assim, Cora sentia medo, medo de perder o Noah por algum motivo, ela entendia que sentia mais medo pelo Noah há seu próprio namorado, não deveria, mas sentia. Mesmo depois de um longo banho e de uma retrospectiva nada acolhedora, Cora sentia uma angústia dentro de si, algo que nunca havia sentido antes. Talvez fosse ansiedade para que os pais vissem a árvore montada, ou talvez fosse medo, insegurança, tristeza.
    Ela saiu do banho, colocou um roupão e tentou mais uma vez ligar para o namorado, foram mais 5 tentativas falhas, era muito estranho, então desistiu e ligou para Noah, ele não era sua segunda opção, ele era seu salva vidas, seu parceiro, era a ele que ela escolhia estar nos momentos ruins.

A lista de desejos de Cora BeckerМесто, где живут истории. Откройте их для себя