Capítulo 2

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Faziam 5 anos que eles não se falavam, 5 anos que Noah fora embora. São Paulo era sua nova cidade, ele tinha novos amigos, uma nova vida, que não dava lugar à uma velha amiga. O ar do lado de fora da casa estava mais espesso, ela ainda não conseguia controlar a respiração e mesmo que tentasse, a imagem de Noah na sua casa chegando para o natal se formava completamente. Cora lembrou-se daquele natal, há 5 anos atrás, quando viu Noah pela última vez, lembrou de como se sentiu, do motivo pelo qual tiveram que romper a amizade e de tudo que havia perdido. Lembrou também das brincadeiras e situações que passaram juntos, lembrou de como era feliz e de como ambos saíram perdendo naquela noite.

— Você esqueceu disso aqui.

A voz era conhecida e logo percebeu quem era.

O coração de Cora gelou.

Ao olhar para trás viu Noah segurando um papel, o papel da sua lista de desejos.

— Você ainda se lembra disso? — Falou Cora sucinta.

— Como eu poderia me esquecer? Eu faço até hoje, sabia?

— Até parece... — Cora sorriu sarcástica.

— Você não acredita em mim? Olha aqui, estou com o meu.

Cora olhou para o papel que Noah tirou do bolso da sua calça jeans, e embora não acreditasse que ele ainda continuava fazendo aquela lista ano após ano, ele também não teria nenhum motivo que o impedisse de fazer. afinal, eram desejos distintos e nada o empatava de prosseguir com a tradição em seu novo mundo.

— Você realizou todos? — Perguntou Cora

— Ainda não... e você? — Perguntou Noah, sentando-se ao lado dela na beira do lago..

— Também não!

— Aroc...

— Noah... Não! Por favor, não fale nada, seu tempo de falar inspirou 5 anos atrás.

— Peço desculpas por ter vindo assim de surpresa. Quer dizer, quando sua mãe me convidou pensei que estava tudo bem... mas parece que não.

Noah encostou sua mão sobre as pernas de Cora, ela o olhou tão profundamente que ele sentiu a exatidão daquele gesto. Mas ela logo puxou a perna, fazendo ele encolher a mão de dedos longos e frios.

— Eu não quero falar sobre isso... — Disse Cora

Noah parou um minuto e olhou para os papéis que estavam em suas mãos, o sentimento que ele tinha era mais vívido que o dela, ele que havia ido embora, ele que havia causado aquilo tudo. A culpa que sentia dava lugar à uma longa melancolia diária que o percorria todas as noites no seu apartamento ao lembrar da amiga.

— Você nunca mudou o esconderijo da sua lista de desejos. Foi fácil encontrar. — Falou Noah, sorrindo.

— Porque eu mudaria? A única pessoa que sabia onde o guardava estava a quilômetros de distância daqui.

Houve um silêncio espontâneo.

— Você não precisa me atacar... — Falou Noah.

— Você não deveria estar aqui.

— É...

Noah levantou-se.

— Você está certa... Eu não deveria ter voltado.

Silêncio...

— Cora, Eu quero consertar tudo, me deixa ao menos tentar.

Silêncio... Cora encarava a água gélida do lago.

A lista de desejos de Cora BeckerOnde histórias criam vida. Descubra agora