empoeirado

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Voltar a realidade é um saco e um pesadelo, para quem presenciou tudo de ruim que aconteceu, uma guerra silenciosa. Com o tempo você começa a temer o dia, e torcer pelo anoitecer, onde você pode lutar contra o mal. Mas não era isso que eles procuravam naquele momento, eles buscavam uma boa paz, para de esconder do mundo.

Cesar estava saindo da sala de reunião, com suas mãos em seu bolso, atrás dele estava Arthur, meio desconfortável. Ele segurava sua própria cintura, onde deveria estar seu outro braço, talvez fosse uma forma demonstrar ansiedade e medo. Liz estava em sua frente, xingando o veríssimo, ela não poderia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo, seus cabelos brancos estavam ressecados, seu olhar era cansado e muito pesado, era como se ela não se aguentasse em pé. Mas quem parecia bem ao seu lado, era o Joui, que matinha seus olhos atentos em todos ali, principalmente em Liz, com que tinha uma preocupação gigantesca. Eu ainda me lembro dos nossos últimos dias em santo berço, a Liz disse ao Joui que o via como filho, e era meio óbvio que ele sentia o mesmo por ela, mas não tinha coragem de admitir, chamando a mesma de mãe. Lhe faltava coragem, e olha que ele era bem corajoso. Comecei admirar ele de longe, depois da luta aquele demônio carniçal, de alguma forma ele sabia que não foi eu, que o feri contra minha vontade.

- cesar o que você acha que vai acontecer?
- eu não sei Arthur, mas vamos ficar juntos! Era isso que o Thiago queria não era?

Por uma fração de segundos eu juro que o vi ao lado da Liz na frente, isso lhe fez piscar algumas vezes para não fazer a figura sumir, e desapareceu ao abrir os olhos. Joui estava olhando para nós sorrindo, pela primeira vez desde a saída de santo berço, não o veio sorrir. Aquilo me aqueceu, como uma luz no sol durante uma noite cheia de tempestades.

- verdade! Iremos cumprir nossa promessa, não é Liz-sensei?

Ela não o respondeu, somente encolheu seu ombro, era nítido que era que estava em uma maior negação, não era fácil para ninguém. Principalmente para ela, que tinha aquela relação estranho com o Thiago, uma amizade nascida na morte e no medo, acho que isso não é muito saudável. Por que essa mesmo relação cresceu entre mim, joui e Arthur, nós crescemos no medo e na morte, que caminharam com a gente em duas semanas, com um puro desespero alojado com a gente. Viver esse tempo parecia noite, uma noite que nunca irei me esquecer.

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Voltei para minha casa, parecia mais solitária que o normal, eu estava surpreso o quanto estive só. Depois de me unir com um grupo novo, uma família pode se dizer, pessoas que se importam comigo. Parecia que minha vida ficou mais azeda com essa nova família, pois eu amava ficar sozinho, me manter sem ter outras pessoas ao seu lado. Fui sem pressa ao meu quarto, e liguei o computador. Eu já estava preparado para as próximas horas de jogatina, que teria.

- Não muito longe de lá -

Estava chovendo um pouco, as gotas eram geladas, mas seus pingos eram finos, como um grão de arroz. Joui olhava atentamente a um casa de idoso, que estavam de braços dados em um banco. Era estranho para ele entender um sentimento tão confuso, passar anos com algum, sempre sorrindo para ela, dando seu melhor para agradar a outra, tudo se tornou o outro. Ele não foi criado para se apaixonar, mas para conseguir uma boa esposa, que podesse lhe dar filhos, e um trabalho para sustentar a si, nada mais além disso. Mas por que as pessoas acham tão precioso amar, dar o melhor de si,fazer de tudo, ser de tudo.

Eu acho que tenho inveja disso, nunca vi pessoas tão felizes quanto eles. Ou melhor já vi sim, em carpazinha, aquele casal de idosos pareciam felizes assistindo uma novela. Em santo berço, a senhora Liz parecia gostar do Arthur, mas não sei se era porque ele era bonito, ele fazia ela ficar vermelha várias vezes, nunca entendi o motivo. mas o Thiago sensei também consegui arrancar uns suspiros estranhos da Liz, desde quando eles começaram a me treinar.

Talvez algum consiga me responder isso, e eu já até sei quem. Joui levantou animado, disposto a visitar um amigo. Ele saiu andando pelo parque, mas essa vez ele não reparou em ninguém. Mas sim visualizou, seu amigo em lhe ver, talvez fosse saudades de ver o homem, talvez...

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O asiático deu três batidas na porta, e esperou seu amigo ir lhe atender.

1 minutos

Nada de algum aparecer na porta.

3 minutos

Joui deu uma batida relativamente alta, para chamar atenção do amigo.

10 minutos

Ele começou dar socos fortes na porta, torcendo para ser escutado.

1 hora

Joui sentou no chão e ficou esperando ele aparecer.

Depois de mais algum tempo sem ter sucesso, ele se irritou e deu o soco mais alto que podia na porta. E ouvindo um grito de lá dentro, e rapidamente um homem de cabelos grandes aparece assutado.

- Joui - perguntou ele assutado.
- oi Cesar! Eu vim te visitar - ele deu um sorriso amarelo para ele, mas não pode deixar de notar, tremor nele.
- a que bom! Não tava esperando uma visita.
- se você quiser eu venho outro dia!
- não pode entrar!
- com licença

Ele entrou no apartamento do amigo, e lá estava uma apartamento relativamente grande, com paredes brancas, seu sofá de três lugares, uma tv ENORME. Uma bancada que dividia a sala da provável cozinha.

- Fica a vontade já venho.

Ele sumiu deixando Joui na sala, o garoto retirou seus tênis e os colocou atrás da porta, e começou a olhar o apartamento. Em cima de uma mesinha estavam algumas fotos, Joe não se conteve e foi dar uma olhada nelas. Uma foto era uma criança segurando um enorme urso de pelúcia, o garoto usava roupas verdes com detalhes em preto, parecia um pijama. Em outra que mais chamou sua atenção, era uma que era claramente o Cesar, o Cris e a mãe dele, Joui tomou a foto em sua mão, e ficou olhando ela por um tempo.

- perdeu algo aí? - disse Cesar ríspido.
- ah desculpa! Eeu só quis daar uma olhaada
- ok, mas deixa isso aí.

O Canto Das Criaturas FeridasOnde histórias criam vida. Descubra agora