Capítulo 5 - A lua e a estrela

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Natal de 1976

Já passava das duas da manhã quando Remo acordou na madrugada do dia 25 de dezembro. Ele olhou para os outros sacos de dormir no quarto de Tiago, e notando que um dos outros três estava vazio, decidiu levantar e seguir para fora do quarto. Remo desceu as escadas acarpetadas na casa dos Potter, podendo ver a neve caindo das grandes janelas laterais do corredor do segundo andar, bem como a luz do luar iluminando boa parte de dentro - assim o menino não precisou utilizar a varinha para iluminar o local, ainda que sua visão de lobisomem o ajudasse em momentos de escuridão.

Quando chegou à sala, conseguiu ver um emaranhados de cabelos longos e negros de seu amigo Sirius Black. Ele usava apenas uma calça de pijama e uma regata branca, tinha sua cabeça baixa com os olhos fixos na lareira.

Remo gostava de pensar que as coisas estavam normais entre os dois. Bem, realmente estavam. Após o Natal do ano anterior, o lobisomem tirou um tempo para pensar - tempo esse que foi respeitado pelos marotos, inclusive Sirius; e depois, aos poucos, Remo voltou a se aproximar do Black. No entanto, não havia mais aquele brilho que exalava da amizade dos dois, mesmo que ambos diziam que tudo estava perfeitamente normal.

Claro, perfeitamente normal quer dizer: não dividir mais a cama, ficarem muito tempo sozinhos, Sirius apoiar sua cabeça no ombro de Remo ou abraçá-lo de lado enquanto andavam pelos corredores - nesse caso isso não funcionaria mais, visto que o Lupin ficara muito maior do que todos os outros e o Black era o segundo mais baixo -, entre outras coisas que de fato fazia a amizade de Remo e Sirius brilhar para quem os olhasse.

Mas quem Remo queria enganar? Ele sabia que as coisas não estavam normais, e ele achava que os outros marotos provavelmente sabiam, só não tinham a cara de pau de sinalizar, exatamente como Aluado e Almofadinhas. Ele sentia falta de ler com Sirius, estar próximo de Sirius e sentir aquele delicioso cheiro de laranja extremamente reconfortante, dividir a cama com Sirius... sentia falta até mesmo de coisas que os dois nunca fizeram, porém Remo dizia a si mesmo que não contaria isso a ninguém, nem mesmo a Lily. Afinal, por que Sirius o beijaria? Quem o beijaria? Um monstro, uma aberração cheia de cicatrizes, um...

- Aluado? - a voz suave do Black trouxe Remo a realidade, o fazendo perceber que caminhara até o amigo e parara ao lado do sofá marrom onde Sirius estava.

- Ah, oi - sorriu sem mostrar os dentes.

- Tudo bem? - perguntou com um semblante preocupado, chegando mais para o lado para que Remo pudesse se sentar.

- Sim, só... perdi o sono - respondeu ocupando o lugar vago.

- Entendi - olhou de volta para lareira.

- E você? Tudo bem?

- Mhmm.

- Por que acordou a essa hora?

- Acho que nem cheguei a dormir de fato - deu de ombros.

- Oh... é por causa da...

- É, da minha família - suspirou, apoiando a cabeça nas mãos.

Eles ficaram em silêncio. Remo não sabia o que dizer. Na maioria das vezes quando se tratava da família de Sirius ele não sabia o que dizer. Sirius não queria falar sobre o assunto, então ficou agradecido pelo amigo não mencioná-lo.

Era dia 17 de agosto quando o garoto de apenas 16 anos deixou o Largo Grimmauld número 12; A Nobre e Mui Antiga Casa dos Black. Ele ainda tinha pesadelos com o que ocorrera, além de ficar preocupado com seu irmão mais novo, Régulo, quem deixara naquela casa horrível - e com quem não trocava uma palavra desde o verão. Esses eram os principais motivos para a falta de sono de Sirius, ah e também havia Remo.

Todos os Nossos Feriados - WolfstarWhere stories live. Discover now