4 | Feliz ano novo? [Parte 2]

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Caleb, 07 de janeiro de 2013.

Com curiosidade a mil, segui rumo à sala... Quando estava me sentando, notei que ele parecia meio alterado procurando por algo debaixo da mesa. Logo vi que era seu celular. Quando ele notou que havia alguém do seu lado, se levantou depressa como se não quisesse companhia.

— Ei, desculpa se incomodei... — Disse por não saber o que falar. Mas eu precisava dizer algo para pelo menos ser notado.

— Não, tá tudo bem! — Ele respondeu de forma educada. Enquanto passava por mim, eu vi de perto seu rosto. De fato, ele estava sangrando, mas parecia não ter percebido.

Nem tive tempo de puxar qualquer assunto. Me aliviei dele ter ido embora porque de repente me perguntei o que é que eu estava fazendo ali. Logo eu me levantaria, mas, sem esperar por isso, o vi retornando para o lugar em que estava sentado. Nitidamente ele estava se escondendo de alguém.

— Ei, seu rosto está sangrando, deve ser de fazer a barba. Toma, tenho algo que pode te ajudar. — Digo ao cara .

— Caramba, tinha me esquecido do corte. Valeu, mas não precisa. — Ele se recusa, talvez por nojo. Mas eu tenho afefobia. Estou sempre cheio de lenços comigo.

— Aceita, tenho uma espécie de não me toque, então carrego um porta-lenços no bolso, sempre. — Insisto.

— Ah, então eu aceito! — Ele aceita e coloca direto na ferida

— Essa aí é forte, dizem que quem bebe dessa é porque é cachaceiro por natureza. — Voltei a falar com ele tentando ser agradável. Mas eu não tinha certeza se estava sendo chato.

— Eu não sou de beber... — Ele foi meio seco.

— Deu pra perceber — Respondi sem saber se o que eu estava falando tinha qualquer sentido.

— Se isso é um elogio, obrigado! — Ele sorriu, mas acho que estava sendo irônico com a minha aproximação inesperada.

— Fugindo de alguém? Sei como é. — Eu não tinha todo o tempo do mundo, só queria saber quem ele era. Como notei que parecia nervoso, o questionei.

Ao fazer essa pergunta, ele tirou os olhos do copo, e me encarou, como se tivesse me notando pela primeira vez. Senti um puta constrangimento, mas não desviei os olhos dele. Embora dentro de mim eu estivesse até prendendo a respiração. Quando não havia mais o que conversar, eis que ele decide falar comigo.

— Percebeu que faltam apenas 27 minutos para o ano novo? E que se não resolvermos nossos problemas pendentes eles se estenderão para 2013? — Ele me perguntou.

— Você consegue resolver seus problemas nos próximos vinte e sete minutos? — Refiz a minha pergunta num tom desafiador, talvez de curiosidade mesmo.

— Acho que sim, se eu conseguir fazer como o Raskolnikov e resolver seus problemas consigo chegar em 2013 sem o meu problema, o Arthur. — Caramba, ele estava citando um dos meus livros favoritos da vida, Crime e Castigo do Dostoiévski. Mas quem devia ser esse Arthur?

ADOLESSÊNCIAS | LGBTWhere stories live. Discover now