Capítulo Nove Noctevolari e Mutedavra

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Vandey acorda aterrorizado com aquele sonho tão real, ele viu meio zonzo cinco borboletas saindo pela janela. De repente uma garota luminosa apareceu na frente do garoto. Ela tinha os cabelos curtos e usava um vestido longo. A menina flutuava no ar.

- Vandey Vowtty! - exclamou a garota.

Vandey olhou para a cama dos colegas, que roncavam e babavam em um sono profundo.

- Quem é você? - perguntou o menino todo arrepiado, pois ele nunca havia visto um espírito em sua frente.

O espírito da garota se aproximou dele, que fastou para trás, quase se escondendo no lençol.

- Eu sou Lamittle - respondeu a aparição.

- Você é a menina da caixa?

O espírito fez um giro no ar.

- Sim - respondeu - eu escondi a varinha que você achou na floresta. Eu a deixei lá para ela escolher um novo dono, e essa pessoa foi você, Vandey. Você é o escolhido, traga a caixa para cá o mais rápido possível, Demonus não pode encontrá-la primeiro.

Vandey lembrou do sonho que teve.

- Você tem alguma coisa haver com o sonho que tive agora pouco, não é?

- Não! Mas garanto que tudo faz parte do futuro de Brâmane. Demonus não pode encontrar a caixa. Você sim.

- Por que tudo eu, não tem outra pessoa pra fazer isso?

- De alguma forma você foi escolhido. Talvez por ser filho de uma bruxa e de um faden - disse a garota.

Vandey arregalou os olhos.

- Então, sabe quem são meus pais?

O espírito olhou para a marca no pescoço do garoto.

- Lógico! Sua mãe era uma bruxa muito poderosa e seu pai livrou o mundo de Brâmane de uma grande destruição. É por isso que foi escolhido para essa missão. Além disso, você nasceu no grande Eclipse Negro e sobreviveu até hoje. Todas as crianças que nasceram no Eclipse estão mortas. Com exceção de duas. Uma delas é você.

Vandey ficou pasmo.

- Primeiro disseram que sou descendente de um tal de Oscuro e agora de um faden que salvou o mundo.

- Em breve, tudo será esclarecido, tenha calma - disse a garota.

O dia já estava amanhecendo.

- Tenho que ir - falou o espírito - nos encontraremos novamente, garoto.

- Espera! Me conta mais, por favor.

Sem ouvir o garoto a menina evapora no ar.

Mil coisas passaram pela cabeça do garoto. Era coisa demais para um menino de apenas dez anos resolver, pensou ele. Lá fora escoava uma brisa flâmea e radiosa, que se difundia ao agreste cálamo das flores e gramas. Se espalhando de vale em vale, serra em serra. Todas as forças vivas despertavam de seus sonos e sonhos. Os alunos acordavam enrolados em seus panos e roupões. Às árvores se mechiam com o vento frio que rodopiava entre elas. O céu se mantinha claro e bucólico. Vandey contou tudo para Megno e Rebb no café da manhã.

- Essas coisas só acontecem com você - disse Megno, colocando um pão inteiro na boca.

- Temos que achar essa caixa, antes dos outros - disse Rebb.

- Quero primeiro saber o que houve com meus pais - disse Vandey, ansioso.

- Você devia perguntar para Clara Luz, tenho certeza que ela sabe - falou Rebb, tomando um pouco de suco.

- Vou falar com ela - disse Vandey.

Depois da conversa eles foram para a aula de feitiçaria, com o feiticeiro Palatino Palatos. A sala era enorme e havia pratileiras com frascos, pergaminhos, potes e livros por todos os lugares. Quadros com figuras misteriosas se espalhavam pelas paredes. Palatinos se projetou em sua mesa. Ele era mau humorado, tinha os olhos pequenos e pretos, a boca era maior que o normal. Os cabelos pretos e curtos. Usava uma grande estola verde, com cinto de fivela esmeralda. Sem muitas conversas foi direto ao ponto.

- Hoje daremos início as aulas de feitiçaria, aprenderemos a atacar e a se defender, pois isso é de extrema importância nos dias de hoje. Os dois feitiços que usaremos são...

Palatino fez um gesto e apareceu no quadro em letras douradas:

Noctevolari - atacar e Mutedavra - defender.

- Faremos um duelo de combate, usando apenas as mãos - disse o feiticeiro.

Ele moveu as carteiras dos alunos para os lados, deixando um espaço grande o bastante para eles duelarem.

- Eu preciso de quatro voluntários, dois para atacar e dois para defender - naquele momento todos os alunos levantaram as mãos.

Palatos apontou para Finna e Fara e também para Elisa e Rebb. As garotas falaram os seus nomes para o professor, que escolheu as duas primeiras para atacar e as outras para defender. Palatino posicionou as duas na frente das outras a uns dois metros.

- Levantem as mãos e digam no três - falou ele. - Um... Dois... Três...

- Noctevolari!!! - disseram Finna e Fara ao mesmo tempo que Rebb e Elisa falaram: Mutedrava!!!

Duas bolas de luz saíram das mãos de Finna e Fara em direção a Rebb e Elisa, mas essas bolas foram destruídas em milhões de pontinhas brilhosas, quando atingiram as duas garotas.

- Bravo!!! - disse Palatos.

O professor revesou as meninas da defesa pro ataque e foi chamando mais alunos, até chamar os últimos que foram Vandey, Megno, Cláudos e Pan Coriz. Os dois primeiros ficaram na defesa e os outros dois no ataque.

- Se prepara, Vandey - disse Cláudos, debochado. Vandey já havia notado que aqueles garotos não iam muito com a cara dele e muito menos com a de Megno.

- Não vai ter um ataque, Megno - falou Pan Coriz, sagaz.

- Cala a boca - disse Megno, tremendo a voz.

- Parece que está com um pouquinho de medo - riu Pan Coriz.

- Você que pensa isso - falou Megno, levantando as mãos.

Megno olhou para o professor.

- Um... Dois... Três...

- Noctevolari!!! - gritaram Cláudos e Pan, firmes.

Megno acabou falando o feitiço de defesa errado e a bola de luz quase atinge os dois. Cláudos e Pan riram do garoto. Mas o professor fez eles repetirem até aprenderem. A aula havia sido muito cansativa, com muita dificuldade eles decoraram os dois feitiços. No final, o professor passou uma pesquisa aprofundada sobre os feitiços.

- Melhoras na próximo, Megno - disse Pan Coriz, quando Vandey, Megno e Rebb passaram por ele.

Megno ficou furioso por dentro, mas não disse nada.

Olá, espero que goste. Um abraço.

Vandey Vowtty e a Caixa de LamittleWhere stories live. Discover now