Quitação

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Harry POV

Os olhares de todos se voltaram para mim, enquanto eu respirava como uma criatura fulminada. Era supostamente para ser uma noite de diversão, mas lá estava eu num leilão fazendo um lance por Draco Malfoy.

– Oh, uma nova oferta! – o apresentador falou animado e eu percebi um leve rubor no rosto de Draco. – Alguém mais? Alguém mais? Não? Então o leilão está encerrado. Draco Malfoy vendido por dez mil galeões, por 24 horas, claro!

Draco permaneceu inerte, parecia não saber para onde ir ou como se portar e eu confesso que senti pena dele.

– Agora, é hora de ir ao palco e terminar a transação – Viktor disse num tom contrariado. – Espero que tenha dez mil galeões mesmo...

– Dinheiro não é problema pra mim – devolvi de forma seca e caminhei para o palco. A máscara ocultava meu rosto e minha vergonha. Merlin, aquilo parecia tão errado... Mas eu não pretendia fazer nada de mal a Malfoy, eu agi instintivamente, só queria ajudá-lo.

Ele parecia não me reconhecer, estava de cabeça baixa, apertando as mãos uma na outra. Ele poderia até não ter sido forçado pelos responsáveis do Moulin Rouge a estar ali fazendo aquilo, mas isso não queria dizer que não estava sendo forçado. Alguma coisa aconteceu que o levou àquela situação desesperada.

Eu sabia que sua família tinha tido seus bens apreendidos. A sentença de um ano em Azkaban havia sido considerada branda por muitos, mas eu acreditava que eles podiam ser perdoados. Narcisa especialmente, pois ela chegou a mentir para Voldemort e com isso salvou minha pele. Mas, no final, mesmo que eu tenha me pronunciado no julgamento deles, foram obrigados a sentir o gosto da prisão.

Haviam se passado três anos desde então. Eu não tinha tido notícias de Malfoy, nem de seus pais. Eles eram parte de um passado que eu sinceramente não queria revisitar. Nunca gostaram de mim, nem eu deles. Os últimos atos daqueles três na guerra aplacaram minha ira contra eles, mas não o suficiente para estabelecer qualquer elo de amizade.

Mas agora vendo Draco ali, parecendo nervoso por saber que estaria à mercê de um estranho qualquer por 24 horas, eu sentia muita pena dele. Ele não merecia passar por uma coisa assim.

Merlin, ninguém tinha que passar por algo assim.

– O contrato... – o apresentador assumiu o papel de um homem de negócios e não mais sorria. Suas feições, contudo, não eram ameaçadoras, apenas duras.

Eu li rapidamente os termos do papel que ele me passou, o que era permitido ou não fazer naquelas 24 horas. Era horripilante pensar que Draco não era o primeiro nem o último a passar por aquela situação.

Mesmo constrangido com o que li, assinei o contrato e a nota de empenho de dez mil galeões.

E o homem ao ver meu nome nos papéis finalmente voltou a sorrir.

– Não sabia que o grande Ha...

– Sente-se na plateia enquanto eu termino a transação! – ordenei a Draco com um tom firme de voz, interrompendo o apresentador, que compreendeu meu intento. Se o loiro soubesse que o comprador era eu poderia começar a dar um escândalo ali e eu não estava com paciência para isso.

Só queria sair daquele lugar o mais rápido possível.

– Vai esconder a identidade... Não muito usual – o homem comentou com desdém, quando Malfoy se afastou de nós.

– Alguma coisa mais que eu precise assinar? – perguntei num tom impaciente.

– Não, está liberado... – ele disse olhando para Draco na plateia. – Não seja maldoso com ele, é a primeira vez que faz isso.

Olhei para o homem completamente surpreendido, não esperava uma fala assim de alguém que poucos minutos atrás tratava da negociação de uma pessoa de forma tão trivial.

– Não se preocupe com isso... – respondi, sentindo meu rosto queimar.

Caminhei lentamente em direção a Draco, que estava sentado em uma das poltronas, olhando fixamente para o chão.

Nesse meio tempo, Viktor se aproximou.

– O que vai fazer agora? – ele perguntou curioso.

– Vou levá-lo pra minha casa e amanhã quero conversar a sério sobre essa noite – eu disse num tom grave e senti que Draco estremeceu de leve. – Muito bem, Malfoy, levante-se e me acompanhe. Não quero mais ficar um segundo nesse lugar.

Moulin rouge (drarry)Where stories live. Discover now