Revelação

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Harry POV

Draco caminhava atrás de mim de cabeça baixa.

Obviamente, eu não pretendia tocar num único fio de cabelo dele, essa definitivamente não foi minha intenção ao dar aquele lance.

Mas ele não fazia ideia disso.

Ele simplesmente seguia um rosto desconhecido, coberto por uma máscara, pronto a fazer aquilo para o qual tinha se vendido naquela noite.

E isso de alguma forma me deixava furioso.

O que o movia a fazer uma coisa dessas? Por que Draco estava fazendo aquele tipo de coisa que não combinava em nada com a personalidade dele?

– Pra onde estamos indo? – ele me perguntou, parecendo de alguma forma receoso e eu me recordei do que disse o apresentador.

"Não seja maldoso com ele, é a primeira vez que faz isso."

– Estamos indo pra minha casa, não se preocupe... – eu respondi de forma seca.

Ao chegarmos, abri a porta e ele entrou com passos receosos. Eu havia comprado uma casa num bairro tranquilo, um lugar onde eu pudesse recomeçar minha vida após todo aquele horror que Voldemort nos obrigou a viver. A casa do Largo Grimmauld eu ainda mantinha, mas não queria viver lá.

As lembranças eram muitas e eu queria seguir em frente.

– O que quer que eu faça? – ele perguntou com a voz trêmula. Ele estava com medo, era notório. E isso só me deixava mais confuso.

– Você não reconheceu mesmo minha voz, não é, Malfoy? – eu disse, retirando a máscara, finalmente revelando meu rosto.

– Potter... – ele arregalou os olhos e deu um passo para trás.

– Fica calmo... Não tenho interesse em você, apenas fiquei com pena de te ver naquela situação e quis ajudar – eu me apressei em explicar.

– Pena? – ele agora parecia não sentir mais medo, mas sim indignação.

– É, pena... Ou acha que eu ia querer alguma coisa com você? Agora só quero que me explique. Que diabos você estava fazendo no Moulin Rouge como um dos itens a serem vendidos naquele leilão bizarro? Que raios aconteceu com você pra terminar assim? – eu perguntei e minha curiosidade era real.

Eu queria saber o que aconteceu na vida dele que o deixou naquela situação.

Eu tinha sede de respostas.

– Não importa... Se não tem interesse, eu vou embora daqui... – ele disse com aquele jeito manhoso que eu detestava e começou a andar na direção da porta.

– Não, você não vai – eu o segurei pelo braço, não medindo muito minha força e ele fez uma careta de dor.

– Me solta, Potter! – ele me olhou com irritação. E então me lembrei de como Draco era mimado e ingrato.

– Não seja estúpido, eu paguei por 24 horas e você não dá um passo fora dessa casa nesse período se eu não deixar! Agora trate de explicar o que aconteceu!

– Tão curioso assim sobre minha vida, que gastou dez mil galeões por isso? Quer saber a verdade? Meus pais estão doentes... E eu não tenho dinheiro pra pagar o tratamento deles... Eles adoeceram depois de tudo que passaram em Azkaban, e desde que nossos bens foram confiscados, eu não vi outra escolha... Satisfeito? – ele me olhou com raiva, mas eu não tinha culpa do que havia acontecido com ele ou seus pais.

– Por que não procurou seus amigos? Alguém que pudesse fazer alguma coisa por vocês... – abrandei meu tom de voz, soltando o braço dele.

– Que amigos, Potter? Meus amigos foram mortos ou foram presos e tiveram os bens confiscados como os meus... – ele explicou, massageando o braço, e eu me senti mal por tê-lo machucado.

– O dinheiro do leilão será suficiente pra custear o tratamento dos seus pais? – questionei e Draco assentiu.

– Não imaginava que chegasse a um valor tão alto – ele confessou, baixando a cabeça.

– Fiquei preocupado quando reconheci um dos bruxos que deu um lance, era o lance de oito mil galeões... Aquele era um homenzinho horrível... Você ia mesmo se sujeitar a uma coisas dessas? – questionei ainda atônito.

– Meus pais são tudo que me restou... Eu faria qualquer coisa por eles... – ele disse com determinação e eu finalmente o compreendi. Os Malfoy tinham lá suas questões que não eram poucas, mas eu não duvidava que era uma família que se amava.

– Mas não precisa... Eu vou ajudar... – eu pousei a mão no ombro dele. – Mas quero que você me explique como foi essa aparição no Moulin Rouge, se alguém te procurou, enfim... Como você foi parar naquele leilão...

Moulin rouge (drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora