Viktor

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Boa leitura ♥


Draco POV

Harry Potter era um homem muito determinado.

Eu já sabia da força de seu caráter desde a época em que estudávamos juntos em Hogwarts.

Mas eu nunca fui próximo dele, nossas interações eram sempre povoadas de provocações e agressividade.

Nós nos machucamos muito naquela época. E a toxicidade era tamanha, que era simplesmente inconcebível que um dia viéssemos a ser bons amigos, apesar do cessar de hostilidades no pós-guerra.

A vida, porém, costuma pregar peças e lá estava eu sendo resgatado de uma situação horrível pela última pessoa que eu esperava.

Ele me ajudou e em nenhum momento se aproveitou da situação para zombar de mim ou me humilhar.

Isso me levou a questionar minhas atitudes. Se fosse o contrário, eu teria tido a mesma bondade?

A resposta era óbvia, eu não teria.

Teria ficado alegre de vê-lo se expor e sair como um porco para o abate do Moulin Rouge.

Eu comecei a me sentir terrivelmente pequeno ao lado daquele homem.

Nunca a força de caráter dele me abalara tanto quanto naqueles dias que passamos praticamente colados um ao lado do outro. Minha lealdade quase sempre esteve onde não havia sentimentos por mim. Foi assim ao longo da minha adolescência quando recebi a Marca de Voldemort e me tornei comensal. Apesar de arrependido daquilo tudo, somente hoje com Harry ao meu lado eu compreendia a real dimensão de tudo aquilo.

E também compreendi porque ele queria fechar aquele lugar onde ele comprou 24 horas da minha companhia apenas para me salvar.

Conforme prometi, acompanhei Harry ao ministério para ajudá-lo em sua tarefa de denunciar o Moulin Rouge. Como eu já tinha alertado, era óbvio que se sabia das atividades do leilão.

Harry, no entanto, não se deixou abalar. Procurou ajuda em sua amiga Hermione. Merlin, aquela mulher era muito barulhenta quando sentia que tinha uma causa a defender. Ela era incrível!

O Moulin Rouge acabou interditado e as investigações consequentes revelaram a venda de objetos amaldiçoados roubados de museus bruxos de outros países, além de jovens que apareceram ali e que sofreram abuso. Senti meu sangue gelar ao ver relatos de que os acordos nos contratos eram sempre violados. Entendi que aquilo aconteceria comigo também, pois um dos bruxos que deu um lance alto por mim, o penúltimo, já havia feito isso antes.

Se não fosse por Harry, o pior realmente teria acontecido comigo.

– Você compreendeu agora o que envolve negócios escusos desse tipo? – ele me perguntou, mas seu tom não era professoral. Ele apenas estava ainda preocupado que eu não me metesse em confusão semelhante novamente.

– Entendi... – admiti a contragosto.

– Quero que se cuide, Draco. Eu já tive muita raiva de você, mas hoje não tenho mais. Se precisar de ajuda, quero que me procure – ele disse com bondade e eu assenti.

– Obrigado... – eu agradeci. Ele tinha feito por mim mais do que qualquer outro amigo e me lamentei profundamente por tê-lo provocado e tratado mal no passado.

– De nada... – ele disse com um suspiro e me deixou.

Dias se passaram e meus pais foram melhorando aos poucos. Eu finalmente estava vendo uma luz no fim do túnel e estava, depois de muito tempo, começando a me sentir feliz. Vez ou outra me pegava pensando em Harry e nos dias que passamos juntos, mas afastava aquelas memórias de mim, porque me faziam sentir coisas que me deixavam confuso.

Tentei esquecer o Moulin Rouge, Harry e toda aquela confusão. Decidi me dedicar aos meus pais e esquecer aqueles eventos.

Até que uma visita me tirou do meu estado de solidão.

Era Viktor Krum, parceiro de Harry no ministério. Somente depois do caso resolvido, entendi que era ele ao lado de Harry naquela noite no Moulin Rouge. Ele também havia levantado as mãos e oferecido um lance por mim, mas duvido que seus sentimentos eram puros como os de Harry.

– O que quer? – perguntei desconfiado.

– Eu vim ver você... Você não me saiu da cabeça desde aquela noite no Moulin Rouge – ele disse, como se fosse algo para eu me sentir lisonjeado.

– E? – agora perguntei tentando demonstrar impaciência.

– Sei que não está mais à venda – ele disse com um sorriso malicioso. – Mas ainda assim quis vir até aqui e perguntar se não gostaria de sair comigo...

– Muita coragem sua vir até aqui, sem me conhecer direito... – eu respondi.

– Conheço você há alguns anos... Sei que está vivendo um momento difícil, seus pais começaram a se recuperar só agora. Por que não se distrai um pouco? Não mordo, não lanço maldições imperdoáveis, nem pretendo te prender... Aceite, vamos nos distrair um pouco. Esse mundo pós-guerra está ficando sufocante, admita – ele deu um passo na minha direção, mas ainda mantendo certa distância.

O sujeito era bem articulado, eu tinha de admitir. E eu era um homem cansado.

Num primeiro momento, minha vontade era mandá-lo embora e pedir que nunca mais me procurasse, mas ele tinha razão em uma coisa. Eu precisava me distrair um pouco e por que não com ele?

– Está bem... – assenti e ele sorriu para mim.

– Está combinado então, amanhã você sai comigo!

***

A noite seguinte chegou e Viktor veio junto com ela à minha casa. Ele me levou a um teatro trouxa. Confesso que não estava animado a princípio, fui criado para desprezar os trouxas e suas manifestações culturais, afinal.

Mas eu me vi realmente gostando daquilo. Já tinha ouvido por alto a história do "Fantasma da Ópera", mas não sabia que era tão perfeita.

– Você conhece cinema? – ele me perguntou ao ver que eu sorria com a apresentação, apesar de ser uma peça dramática.

– Sim, sei o que é... – respondi timidamente. – Mas nunca pisei em um...

– Vamos mudar isso... está perdendo algo incrível... Nós podemos ter o melhor dos dois mundos, Draco... Os trouxas não podem nos acessar, mas não podem nos impedir de ter tudo que quisermos do mundo deles – ele argumentou de um jeito que me fez sorrir.

Nós jantamos juntos e, quando nos despedimos, ele me beijou.

Confesso que eu estava confuso com aquilo tudo, mas me deixei levar por Viktor. Eu estava sozinho e cansado e não vi mal em baixar a guarda para ele. Eu estava pensando muito em Harry ultimamente, e talvez fosse bom me envolver com alguém e esquecer aqueles dias que passei com ele.



Notas:

O próximo será o último capítulo, vamos ver como drarry vai acontecer rs


Moulin rouge (drarry)Onde histórias criam vida. Descubra agora