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𝐁𝐄𝐀𝐔𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏 𝐏𝐎𝐕
Eu olhava para Penélope. Penélope olhava para mim. O último petisco.
Dou a ela e ela se anima, comendo o biscoitinho de carne toda eufórica.
Me sentei no sofá e ela me olhou.
── Não. Não tem mais! Agora só a ração, e você já comeu! ── ela continua me olhando ── Nem adianta me olhar com essa cara!
Olhei para a coleira de Penélope, a que eu e Any compramos juntos. Compramos coleira combinando para Pipoca e Penélope. Tipo aqueles colares de bff. Nem sei se é assim que significa ou se é algo assim.
Isso me fez lembrar Any. Tantas vezes sinto vontade de ligar para ela do nada, assim como agora. Mas não posso me envolver. Tem regras. Regras são regras!
── Você gosta da Any, né? ── pergunto e ela levanta as orelhinhas, ela já reconhece o nome dela. ── Eu te entendo, ela é demais mesmo!
Ela sobe no sofá e deita no meu colo, então começo a fazer carinho nela.
── As vezes o papai se perde no olhar dela, na voz dela, no sorriso dela, ou na boca dela...
Ela choraminga e deita a cabeça na minha perna.
Dou uma risada. As vezes parece que ela entende tudo o que eu falo.
── Mas o papai não pode querer algo com ela... ela quer seguir um contrato e... bom, eu... quero que ela seja mais que um contrato idiota. ── eu desviei o olhar de Penélope ── Mas ela tá tão obsecada por vingança e esquece de olhar as outras pessoas. Ela diz que desistiu dele mas vive querendo causar ciúmes nele. As vezes é bom, pois assim posso beija-la. ── Penélope me olha ── Mas não estamos nos beijando mais, a tempos não vemos o Bailey. Mas ao mesmo tempo é ruim, pois eu tenho limites e não posso de jeito nenhum ultrapassa-los.
Ela só late e me olha e continua me olhando.
── Eu sei que é triste e injusto, mas se ela quer assim. Eu ando meio confuso esses dias, o que temos foi tão... bom. Não é só química em pouco tempo, é muito mais que isso. E sei que não consigo assumir meus sentimentos e falo deles com um cachorro para não ter que assumir eles para os humanos.
── Você gosta tanto dela assim, filho? ── pulo imediatamente do sofá, com Penélope pulando junto comigo. Até ela se assustou.
── A quanto tempo tá aí? ── perguntei. Havia esquecido que mamãe viria me ver hoje e como ela tem a chave do meu apartamento, tudo fica mais fácil.
── Mas que contrato é esse que impede vocês de ficarem juntos?
── Longa história! Não posso contar porque bom, regras são regras!
── Você deveria correr atrás dela, não?
── Não é tão fácil assim, mãe! Eu quero ela e ela as vezes parece ser viciada em ver o babaca do ex dela. Eu sou só um... alguém que serve pra ser usado só pra causar ciúme. Mas tudo bem, eu estava ciente disso quando assinei o bendito contrato e devo arcar com as consequências. Nada de amor, nada de paixão! Eu cou esquecer isso, com certeza!
