.VIII.

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"Cocaine and drinkin' with your friends, you live in the dark, boy, I cannot pretend."

- (Montero) Call Me By Your name by Lil Nas X.

Os sapatos italianos completamente limpos batendo contra o piso polido e emitindo um som quase oco por todo o andar estranhamente silencioso, denunciavam a presença de Troy, cujo muito provavelmente carregava uma expressão arrogante. Louis esperava pela sua inevitável chegada sentado tranquilamente em sua cadeira acolchoada atrás da mesa cara na cor mogno com documentos importantes arrumados em um canto e matérias da faculdade espalhadas sobre a superfície de vidro fumê. Alguns raios solares do fim de tarde ajudavam a iluminar a sala de sete metros quadrados, assim como o rosto sonolento de Tomlinson.

A porta se abriu levando toda a concentração que lhe restava, e ele havia reservado especialmente para uma questão de linguística, pro saco.

— Sua mãe me ligou avisando que estava em um retiro, achei que não fosse vê-lo por umas boas semanas.- pronunciou não fazendo questão de ter uma conversa privada, parando rente a porta com os cabelos penteados e terno preto bem passado. Eles eram completamente o oposto um do outro– enquanto Louis tinha olheiras abaixo dos olhos, lábios maltratados por seus dentes inquietos, fios rebeldes no meio de um penteado qualquer e usava um terno azul marinho meio amarrotado, Troy parecia prestes a posar para a capa de alguma revista importante. Ele repara nesses detalhes pela milésima vez desde que se entende por gente e se pergunta, não pela primeira vez, se é também pela sua falta de capricho em alguns âmbitos da vida que seu pai não demostra o mínimo de apreço e zelo pela sua pessoa.— Está se escondendo dela?

— Hm, não.- automaticamente ajeitou a postura e retirou seus óculos, checando de forma rápida se as lentes estavam sujas ou se era só impressão.— Estou ficando na casa de um amigo por um tempo, é mais perto da faculdade e não queria que ela se preocupasse por ser alguém que ainda não apresentei.- mentiu em partes. A casa de Harry é trinta minutos mais distante, ele literalmente chorou ao ter que mudar o horário do despertador para uma hora mais cedo.

— E eu conheço?- perguntou parecendo pouco interessado. Honestamente, Louis não entendia o motivo de Troy permanecer ali quando ambos sabiam que ele gostaria de estar em qualquer outro lugar do mundo.— Preciso saber se devo me preocupar com artigos do The Sun falando sobre como o futuro herdeiro desta empresa está arruinando tudo enquanto sai com um drogado. A mídia engole gays, bissexuais– sinceramente não me importa o que você é, mas ser desse meio e namorar um idiota é a junção perfeita para o desastre.- seu tom era severo e Tomlinson deixou sua mente vagar pelas memórias de noites atrás, onde flagrou Harry Styles fumando um baseado enquanto uma garota de cabelo cacheado se agarrava em seu pescoço como uma sanguessuga e um homem, da altura de Louis, cheirava uma carreira de pó disposta em sua perna esquerda.

Certo.

— O senhor não conhece, mas posso dizer que ele é uma pessoa... decente?- Louis queria se bater por soar tão incerto. Se contasse que era Harry ou seu pai surtaria ou arranjaria um rumor de que estão saindo para compartilhar com sites e revistas sujas de fofocas que espalhariam a mentira como parasitas.— Enfim, ele só está me ajudando, não estamos saindo ou algo do tipo.

Troy sustentou seu olhar por longos e intermináveis segundos antes de ajeitar o colarinho, quebrando de vez o contato visual.

— Antes de bater seu ponto, preciso que passe em minha sala e me entregue o relatório do seu progresso com a edição do livro que solicitei a você. A estreia será em menos de duas semanas, preciso que seja mais ágil.

Em puro reflexo, passou seus olhos por todas as coisas que ainda tinha que estudar sabendo que iria precisar arranjar tempo para conciliar as provas e o trabalho. Se esse tal demônio que escapou não o matasse, sua rotina exaustiva faria isso primeiro.

a little death {lwt+hes}Where stories live. Discover now