.VI.

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oi! esse capítulo contém descrição de ataque de pânico e ansiedade. Caso seja gatilho, peço que se atentem ao sinal de aviso (⚠️) que irá anteceder a cena e voltará a aparecer logo após para indicar que é seguro retomar a leitura. Sintam-se livres para me chamar na dm se decidirem não ler essa parte. boa leitura!!

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"I see the world through eyes covered in ink and bleach, cross out the ones who heard my cries and watched me weep."

- Cradles by Sub Urban.

O sol dos Estados Unidos nunca esteve emanando tanto calor quanto naquele Sábado de céu completamente livre de nuvens e composto por correntes de ar geladas testando a qualidade dos ombrelones instalados nas varandas de restaurantes luxuosos com vista ampla para o mar há duas ruas de distância do porto. Gritos animados de crianças brincando na orla se misturavam com os de talheres batendo em pratos durante algumas refeições e a música da atualidade tocando nos altos falantes instalados em postes de luz. Louis esperava não estar parecendo tão patético cheirando a protetor solar no rosto e a bronzeador australian gold pelo resto do corpo, também esperava estar conseguindo disfarçar sua insatisfação toda vez que o fotógrafo de alguma revista de fofoca– contratado pelo seu pai, é claro– lhe mandava sorrir para a câmera quando tudo o que ele queria era voltar para o hotel em que estava hospedado para poder dormir o dia inteiro, assim seria como matar dois coelhos em uma cajadada só pois evitaria ficar com a borracha de seus chinelos marcada em seus pés e de quebra não pensaria em como era uma merda ter que fingir uma relação saudável com seu próprio pai só porque as aparências precisam ser mantidas; Afinal Louis Tomlinson é o único herdeiro de tudo– o que é cômico, Louis tem quase certeza de que Troy não pensa em deixar um centavo para ele em seu testamento, quem dirá a empresa–.

Além de que, o hotel ficava próximo a uma paralela não muito longe do Pier e francamente é tentador demais para quem não está no clima ter a consciência de que é possível voltar andando sem que a caminhada sirva automaticamente para lembrar que levar uma vida sedentária tem péssimas consequências.

Uma mulher usando um biquíni de coco e saia de palha colocou em seu pescoço um colar havaiano com todas as flores na cor rosa antes que ele pudesse concluir sua linha de raciocínio para começar outra. Louis pensou em recusar– quando chegasse o momento do dia de recapitular tudo o que aconteceu, admitiria para si mesmo que estava sendo demasiadamente rabugento–, mas a moça parecia alheia de toda a tensão no ar entre, possivelmente, seu chefe e o filho dele, pegando uma sangria no bar do quiosque e lhe entregando com um sorriso animado. Então Tomlinson resolveu tentar dar uma chance para o momento, sorriu de volta e agradeceu– no fim das contas, a moça só estava fazendo seu trabalho e o dia estava realmente lindo. Girou no banquinho decidido a apreciar a paisagem enquanto esperavam, mas sua contemplação sobre uma gaivota não durou dois segundos pois logo foi obrigado a morder a língua quando um flash quase o cegou. Ok, então seria assim. Ao que tudo indica, Troy achou que seria uma tacada de mestre se sempre que Louis sorrisse um clique fosse disparado contra seu rosto.

Esquece, sem chances. Não tem como ficar bem com isso, nem mesmo se ele fosse um santo.

— Aonde está o capitão?- perguntou a ninguém em específico tentado a beber o coquetel em mãos, mas se controlando porque ainda estava tomando remédios e não aguentava mais sentir o machucado em sua derme doer, então era bom andar na linha e seguir a bula farmacêutica.

— Estamos prontos para partir.- o vento soprou os cabelos e a blusa florida esvoaçante de Tomlinson juntamente com os barcos– que balançaram um pouco– e aquela frase que acompanhava uma voz surreal, igual ao dono. Louis não queria, mas olhou para o iate do pai na esperança de que estivesse ouvindo coisas. Como sempre ultimamente, ele não estava. Harry Styles desceu as escadinhas com elegância, um chapéu de marinheiro na cabeça, vestindo uma roupa branca e leve, como se fosse a intenção dele deixar seu colar azul ganhar mais destaque do que o resto.— Vocês já podem subir.- sorriu ladino quando parou no último degrau segurando o corrimão metálico para se apoiar, os anéis pela primeira vez não estavam enfeitando seus dedos, mas as covinhas que o deixam estupidamente charmoso, sim.

a little death {lwt+hes}Where stories live. Discover now