.XIV.

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"When I think of you some time and I want to spend some time with you"

- Just the two of us by Grover Washington Jr.

O momento foi bruscamente interrompido ao que Louis precisou se desvencilhar dos braços de Harry somente para se virar e espirrar três vezes seguidas, seu corpo parecendo estar querendo o chutar nas costas com força até que ele estivesse em algum lugar coberto e vestindo roupas secas. Ao observar a cena e o nariz de botão completamente vermelho, Harry se deu conta de que ele não pode ficar doente, mas Louis ainda é um humano com um organismo fraco se comparado a um demônio; Então eles imediatamente decidem entrar, mas claro, não sem antes os olhos azuis se iluminarem em meio a chuva ao se recordar da comida caseira guardada dentro do carro. Acenando levemente, ele abre a porta e apanha os potes, correndo logo em seguida para o quarto enquanto protegia da melhor forma possível a refeição preparada com tanto amor e carinho, travando o carro habilmente com a ponta de seu polegar.

Louis sempre achou um baita de um clichê falar sobre borboletas no estômago, porém ele não se importa de ser hipócrita agora que tem milhares delas batendo suas belas asas furiosamente em seu interior, tudo porque Harry abriu o mais belo dos sorrisos quando lhe foi contado que Nora Tomlinson cozinhou biscoitos especialmente para ele. Harry se encontrava desarmado e sem qualquer postura, rendendo-se ao gesto zeloso que as vezes teimava em acreditar que não existia mais. Não foi preciso perguntar se ele gostava do sabor, pela forma que os olhos verdes brilhavam em admiração, ele muito provavelmente comeria mesmo se fosse a comida que mais detesta.

Satisfeito pela reação positiva do cacheado, Louis finalmente focou em seu estado molhado, tremendo dos pés a cabeça quando uma rajada de vento entrou pela porta escancarada. Harry também reparou, levantando os olhos do pote para identificar de onde estava vindo o ar frio, não tardando em fechar a porta com os olhos transparecendo preocupação com a saúde do garoto retirando as roupas encharcadas em uma velocidade impressionante.

— Harry, você pode...- ele se virou atrapalhado pra tirar a blusa, rindo do próprio desastre ao encarar o resultado que consistia em braços presos e um cordão de prata se embolando no meio da bagunça. Em meio a brecha da gola, Louis consegue enxergar a figura de Harry segurando a risada com as bochechas estufadas e a boca, consequentemente, cheia.— Você parece um esquilo, eu deveria te chamar de Alvin? Pensando bem, chega a ser engraçado como vocês dois são parecidos.

Harry sorriu debochado sem mostrar os dentes, tentando engolir a massa sem parecer um desesperado.

— Se você ainda quiser beijar esses lindos lábios e meter a mão nessa bunda bonitinha, eu aconselho que não faça isso.- disse com sarcasmo transbordando nas palavras que compuseram a sua sentença (que, no ponto de vista de Louis, está mais para uma ameaça).– Agora deixe eu te ajudar, desengonçado.- brincou andando até o menor que não deixou de revirar os olhos, mesmo que ainda sorrisse sereno.— Como você fez isso?

— Não sei, honestamente.- bufou levemente constrangido, o rosto queimando antes que percebesse.— Só tome cuidado com o colar, sim? Se quiser, pode cortar a blusa, mas imploro que tome cuidado com ele, é importante pra mim.

Ainda que não pudesse ver por estar de costas para Harry, ele tem quase certeza de que o maior balançou a cabeça em concordância, deslizando seus dedos pela fechadura com delicadeza. Louis suspirou em alívio quando foi solto, caminhando para estender a blusa na saída do aquecedor já que se via sem muitas opções e era a única peça que tinha ali.

— Onde...- Harry limpou a garganta meio atordoado, os olhos fixos no pingente sobre a palma de sua mão, procurando palavras coerentes para reformular sua pergunta.— Quem te deu esse colar?

a little death {lwt+hes}Where stories live. Discover now