Capítulo 4

118 10 7
                                    

 
  A brisa leve bate contra meu rosto me fazendo fechar os olhos levemente, o clima quente e levemente salgado me faz querer correr de volta para dentro do aeroporto e voltar para casa. Eu consigo sentir o cheiro do mar somente pelo soprar do vento,  por um lado eu me sinto extremamente ansiosa para conhecer a cidade maravilhosa que é Miami mas ao mesmo tempo me traz um ar de familiaridade como um reencontro com meu passado por outro não tenho certeza do que estou fazendo aqui, quero fugir. Você pode estar se identificando comigo, desde que recebi aquele e-mail milhões de sentimentos invadiram meu peito, um pico de emoções e mudanças de humor repentinas mais isso é apenas medo de errar e estar caminhando para minha ruina e jogar ao vento tudo aquilo que conquistei sozinha até hoje porque nós sabemos que atitudes erradas podem trazer consequências irreversíveis. Assim que o avião pousa, faço todo aquele chato trajeto de desembarque — eu particularmente odeio essa parte. Levo a destra até os fios negros jogando-os para trás, ajeito o óculos preto de sol em meu rosto meu rosto — que está péssimo devido ao porre de ontem — caminho em direção ao estacionamento e pego o primeiro táxi que encontro; entrego minha mala para que ele possa colocar no porta mala, e me acomodo no banco de traseiro daquele veículo amarelo de faixa azul na lateral. Assim que o motorista entra no carro, ele me pergunta o endereço enquanto me olha através do retrovisor -, sem jeito deixo uma risada baixa escapar dos meus lábios.

─── Nossa até me esqueci do endereço. - disse para o homem de meia idade enquanto abro a bolsa procurando o papel no qual havia anotado o endereço.

Ele não deixou de notar minha ansiedade, acho que qualquer pessoa notaria isso até porque quando você faz uma viagem na maioria das vezes é para te proporcionar momentos bons, esquecer da rotina e curtir as férias mas no meu caso eu estou literalmente caminhando para problemas. Dali começamos uma conversa, aquelas típicas de motoristas que pergunta de onde você está vindo, no que você trabalha e se você tem familiares na cidade — o trajeto até o endereço durou aproximadamente quarenta e cinco minutos e assim que olho para o GPS a minha frente sinalizando que a três minutos chegaríamos no destino final meu coração parece saltar pela boca, levo a destra até o botão que abaixa o vidro para conseguir respirar melhor e com isso volto minha atenção para o bairro. Os arbustos são usados como muros, as casas em madeira pintadas em tons claros e os telhados com inclinações e diferentes níveis e as garagens fechadas na lateral; quando o veículo estaciona solto o ar preso em meus pulmões antes de sair — ajeito o vestido em meu corpo enquanto aguardo o motorista pegar minha mala, estou surpresa já que esperava que Rosalinda morasse em um dos bairros mais ricos de Miami, esperava no mínimo um condomínio fechado. Pelo que estou vendo ela não está tão bem financeiramente quanto eu imaginei, entrego o valor da corrida em espécie para o motorista; pego minha mala e sigo até a porta de entrada da casa, eu ainda acho que estou no lugar errado, talvez Rosalinda tivesse feito isso apenas para se divertir com a minha cara -, balanço a cabeça negativamente suspirando enquanto levo a canhota até a campanhia.

     [ Dentro da Residência — Rosalinda Montenegro ]

A família está reunida na sala de estar após Rosalinda preparar alguns biscoitos acompanhado de um café quentinho para a visita dos filhos. Desde que souberam da notícia do câncer Dean e Miguel estão passando ainda mais tempo ao lado da mãe para dar o apoio que ela precisa no momento — mesmo que a mais velha tenta se mostrar firme pode -se notar o medo em seus olhos; Dean então leva o braço direito até a mãe passando por seu pescoço e deixando um beijo na lateral de sua testa.

Dean:  ─── Vai ficar tudo bem mamãe, você é forte e estaremos com você.

Rosalinda: ─── Eu tenho fé filho que vou vencer, mais se isso não acontecer vou morrer feliz sabendo que criei dois homens incríveis. Só preciso me desculpar com uma pessoa, tenho uma pendência com ela.

Miguel: ─── Não fale bobeira mamãe, você está proibida de nós deixar. Dean ainda não sabe viver sonzinho, é um bebezão. - o mais velho deixa escapar uma gargalhada após seu comentário o que arranca sorrisos de Rosa e Dean também.

Dean:   ─── A senhora está falando de quem? - o louro encara a mais velha, aguardando a resposta sobre quem ela gostaria de pedir desculpas.

Rosalinda:  ─── Minha irmã Phoebe. - a mulher diz cabisbaixa e o silêncio invade a sala por alguns segundos.

Miguel: ─── Você não deve desculpas a ela mamãe, ela que deve a nós principalmente a senhora já que ela julgou tanto nossa família por uma falha do vovô. - ele diz com a voz alterada, Miguel não se simpatiza nem um pouco com a tia e sempre que o nome de Phoebe é falado acaba em um clima pesado na casa.

Dean: ─── E também tem anos que não temos notícias dela, creio que ela nem se lembre de nós então não se estresse com isso mamãe. - o caçula complementa.

Antes que Rosa pudesse responder os filhos a campanhia toca, Dean se levanta em direção a porta enquanto Miguel e mãe conversam na sala.

       [OFF]

  Não demora muito para que a porta seja aberta ergo o olhar encarando o homem do outro lado da porta e por um momento senti todo meu corpo congelar, não senti o chão que me mantinha firme e minha voz parece não estar ali, solto o ar que está preso em meus pulmões assim que ouço a voz do homem perguntando:

Dean:  ─── Olá. Em que posso ajudar ? - o rapaz diz com a voz rouca fitando a mulher a sua frente.  ─── Está tudo bem ? - pergunta ao notar a palidez da morena.

─── Me desculpa, eu acho que estou no endereço errado! - disse rapidamente.

  Dean por sua vez dá os ombros concordando com a resposta da mulher e fechando a porta, assim que o homem volta para a sala Rosalinda vem ao seu encontro.

Rosalinda:  ─── Quem era filho ?

Dean: ─── Uma mulher, endereço errado. Nada de importante mamãe. - o caçula responde voltando para a sala, a mais velha por sua vez não satisfeita caminha até a porta e fita a jovem já na calçada e por intuição a mesma chama pelo nome.

Rosalinda:  ─── Phoebe?  - pergunta enquanto apoia seu corpo na lateral da porta.

                        ━━━━❰・❉・❱━━━━

• Vote    •  Compartilhe    • Comente

Boa leitura. 🌷

𝒟𝖾𝗌𝖾𝗃𝗈 𝒫𝗋𝗈𝗂𝖻𝗂𝖽𝗈Where stories live. Discover now