Pandora [KibaHina]

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Dentro de uma caixa podem existir todos os tipos de coisa. Brinquedos, roupas, sapatos, joias, livros, cadernos dentre tantas outras opções materiais disponíveis no mundo. Caixas têm tantos formatos e cores que um observador normal não teria tempo de realmente parar e apreciar todos esses detalhes. No entanto, Inuzuka Kiba não era um observador normal, muito menos o tipo de homem que deixava as coisas passarem batidas.

Quando chegou à casa de seu novo empregador, um renomado professor de História Antiga, ele não esperava se deparar com tanta riqueza quanto o homem possuía na própria casa. Entretanto, o que mais lhe chamou a atenção foi a jovem que também trabalhava e morava com o professor: Hyuuga Hinata. Ela não falava muito, mas sorria livremente para quem olhasse em sua direção. Era boa com música e tocava vários instrumentos diferentes; também sabia cozinhar como uma perfeita chef de cozinha; além disso, podia passar horas lendo livros e ajudando o professor a completar seus trabalhos mais importantes para a faculdade.

A garota era incrível, mas parecia viver sempre dentro da biblioteca.

Kiba não passava de um estudante que, precisando completar suas horas de estágio, resolveu servir como assistente pessoal do professor Kakashi. O velho homem, apesar de ativo, começa a precisar de ainda mais ajuda para redigir trabalhos e fazer pesquisas e era nisso que o jovem entraria. Porém, ficou confuso quando descobriu que havia outra pessoa na casa que já fazia um trabalho parecido com o seu. Sua dúvida durou apenas uma semana, porque logo o professor sorriu e o tranquilizou:

— Acalme-se, meu jovem, ela é apenas minha sobrinha.

Sobrinha. Bem, o estagiário ficou satisfeito com essa informação até uma noite de inverno. Todos deveriam ter ido deitar-se, mas ele ficou para trás, dentro da biblioteca, para terminar alguns trabalhos que ficaram pendentes de dias anteriores. Responsável como era, Kiba não aguentava quando tinha algo atrasado e pretendia ir deitar-se apenas quando tivesse terminado tudo. Entretanto, seus planos foram interrompidos por passos suaves e um par de olhos perolados.

— Hinata?

A jovem, surpresa, quase derrubou a caneca de chá que carregava. Eles se encararam por alguns segundos antes que ela se recompusesse. O mesmo sorriso gentil, mas triste, pintou os lábios femininos assim que adentrou a biblioteca e foi se sentar em frente ao piano de cauda que havia ali.

— Você se importa se eu tocar?

— Claro que não — respondeu ele, curioso.

As notas, suavemente, começaram a ecoaram pelo cômodo cheio de livros velhos e antiguidades valiosas. Era uma melodia triste e, vez ou outra, ele notou que os olhos femininos, que possuíam uma cor tão diferente, se direcionavam para uma caixinha velha, empoeirada e esquecida sobre uma das muitas estantes que havia lá.

Aquela caixa foi uma das primeiras coisas que ele notou quando colocou seus pés na biblioteca – ficando atrás apenas da jovem beldade que morava com Kakashi. Era uma caixinha pequena, mas nada discreta. Apesar de toda a poeira que a cobria, o ouro e as joias que a enfeitavam ainda tinham um toque tão forte que chamavam a atenção e a madeira, mesmo parecendo envelhecida, era tão resistente quanto se tivesse sido feita algumas semanas atrás. O Inuzuka, como um bom aluno de História, tinha um grande interesse por artefatos antigos.

— O que é aquilo? — perguntou um pouco depois que a última nota de Hinata ecoou pela biblioteca.

Os olhos perolados saltaram surpresos na direção dele mais uma vez, mas ela novamente recuperou o controle normal e mostrou aquela expressão que começava a parecer ensaiada para ele.

— É algo que nenhum ser humano jamais deveria ter tocado — contou em um sussurro quase sombrio. — Por favor, não chegue perto dela.

Levado pela voz doce, ele acabou concordando antes de ter chance de pensar direito nisso: — Não vou.

Mergulhada em SentimentosWhere stories live. Discover now