Persuasão

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Dodoria caiu sobre seus pés, ou ao menos parte dele. Vegeta estava mais do que apenas surpreso por sua vitória, estava desapontado. Vagamente ele considerou suas muitas orbitas no espaço, seu comportamento imprudente e incontáveis idas ao tanque de regeneração antes de ele se tornar capitão. Ele tinha esquecido sua força sob sangue e fogo, sua genética Saiyajin reconstruindo seu corpo cada vez mais forte a cada batalha e ele ainda não tinha considerado seu próprio poder.

Houve um tempo em que ele não teria considerado nada além disso.

Seus olhos se elevaram para a plateia. Cada um deles o enojava. Se eles tinham tanta sede de sangue, deviam entrar na arena eles próprios ao invés de ficar gritando encorajamento para os competidores no ringue. Para Vegeta esta violência era quase um ritual e despachar o inimigo, mesmo um bastardo como Dodoria, deveria ser feito com mais dignidade do que aquilo. Ele focou no rosto de sua velha inimizade Zarbon, cujos olhos, ele notara, estavam arregalados em angustia. Ah sim, Dodoria era seu amigo. O mestre de Zarbon tinha acabado de ordenar a morte de seu aliado mais próximo e Vegeta teve a honra de realizar a execução bem na sua frente.

Ele não gostou, e não entendia o porquê.

Não tinha ele sempre detestado os lacaios de Freeza? Por que então ele não estava transbordando com o prazer inebriante da vitória? Oh, ele sentiu uma satisfação superficial, um nível raso de sentimento que ele podia quase chamar de regozijo, mas ele sabia que no fundo ele estava vazio. Ele sentia total falta de sentimentos diante da vida que tinha acabado de extinguir enquanto sua mente racional o dizia que ele deveria sentir orgulho.

Orgulho do que? De derrotar um oponente claramente mais fraco que ele?

Verdade seja dita, apesar de em suas veias fluir o sangue dos guerreiros, ele tinha esfriado. Sua herança Saiyjin estava ficando cada vez mais distante a cada dia. Ele já não sabia quem ele era.

-Bom trabalho, meu príncipe. - Freeza tinha finalmente se dignou a falar, sua voz esganiçada silenciando a plateia imediatamente. Ele não levantou, mas se recostou em seu trono no topo da arena, seu queixo descansando em seu punho. – Foi um espetáculo para todos, eu tenho certeza que todos concordam que você merece uma recompensa, não? Me permita ser o primeiro a te parabenizar por sua promoção, Capitão Vegeta.

-Obrigado, meu senhor. – Vegeta respondeu roboticamente. Se ele teve alguma resposta emocional ao pronunciamento de Freeza, não deixou transparecer.

Eles esperaram por breves segundos, olhando uns aos outros cuidadosamente para ver quem faria o próximo movimento. Freeza, nunca paciente, acenou com a mão preguiçosamente para o homem diante dele.

-Você está dispensado, Capitão.

Vegeta assentiu com a cabeça rígida e se virou habilmente sobre os calcanhares, ouvindo o barulho da multidão atrás dele enquanto ele saia da arena. Ele manteve seu queixo erguido como seu pai lhe havia ensinado e não olhou para trás.

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-Garota, anda logo. – Apressou uma das companheiras de café da manhã de Bulma. – Você vai perder a luta.

-Eu nunca disse que queria ver a luta. – Ela respondeu concisamente. Para seu desagrado isso gerou algumas risadinhas.

-Todas sabemos que você quer ver seu cavalheiro branco defender sua honra na Arena. – Elas responderam.

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