XVI. Sonhos

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Eles haviam dançado.

Ícaro havia girado Thalassa em seus braços ao longo do salão, e sentido-a se remexer contra ele enquanto ela descia até o chão durante uma música agitada e sexy que fez Ícaro realmente necessitar de um banho gelado.

E quando se sentiu cansado, dançou mais. Porque ali, no salão cheio de gente, o que valia era o sorriso que ela estava dando. Apenas para ele.

Ele só parou quando ela pediu, em meio a uma dança lenta que Ícaro fez o DJ colocar sob o preço de alguns sorrisos e um autógrafo , para que eles fossem embora depois que a música acabasse.

Dançaram abraçados, Thalassa com a cabeça em seu pescoço, ele com o nariz enfiado em seu cabelo, sentindo o cheiro de rosas que ela exalava. Alguma coisa dentro de si decidiu que aquele era o seu cheiro preferido agora.

Meia hora depois, lá estavam eles, sentados na mureta de uma fonte, em um parque vazio. Com burritos, tacos e vinho barato.

Quando eu estava na faculdade, e saía para a balada na sexta-feira à noite, sempre acabava sentada em um banco de uma praça perto do meu apartamento, para ver o sol nascer. Eu sentava lá, com um pedaço de pizza de pepperoni fria e esse vinho. Eu não acredito que eles vendem aqui. ― Thalassa riu, levando um pedaço de alface do seu taco até a boca.

Ícaro começou a abrir a embalagem de um dos burritos.

― Por que você tomava vinho barato? ― Ele perguntou. Porque... fala sério. Você tem patrimônio o suficiente para ter um império de videiras.

― Antes, porque eu gostava. Depois, porque eu não era mais rica.

― Como assim?

Thalassa pegou a garrafa na mão, olhando para ela antes de beber. Um longo gole.

― Eu abri mão da minha herança. Como Morelli e como D'Angelo. Nicole entendeu, em partes. Nonna Cecília, por outro lado... morreu e tentou me empurrar parte da herança dela mesmo assim, só para me irritar, imagino. Todo mês uma pequena fortuna cai em minha conta bancária. Mas eu não fico com ele, o dinheiro vai da minha conta para a conta de um instituto para jovens rebeldes de Londres, e alguns outros lugares. Orfanatos, instituições, clínicas de especialidade. Todas que o dinheiro permitir.

O queixo do cantor caiu internamente.

Em Londres? Thalassa doava o dinheiro para o Instituto Blackmore? Ícaro sentiu o peito acelerar.

― E você está se virando bem sem o dinheiro da sua família? ― Ele poderia ter perguntado qual instituto. Apenas para confirmar que ela doava sim dinheiro para lá, mas ele não queria que ela soubesse seu envolvimento. Não queria que Thalassa pensasse que se vangloriava por aquilo.

Ela acenou com a cabeça.

― No início foi bem difícil. Abrir uma galeria de arte me fez ficar no vermelho por um tempo. Mas quando os lucros começaram a subir, não pararam mais. Com dinheiro ou não, eu tenho nome. Na Itália e nos Estados Unidos. E por incrível que pareça isso faz diferença.

― Por que fez isso?

― Maturidade. Eu precisava.

Ícaro se lembrou de uma coisa que o fez abrir um largo sorriso.

― Não foi muito maduro andar pelo Louvre seminua ― Ele mordeu o burrito para engolir a risada.

Thalassa engasgou com o taco.

― Como você sabe disso?

― Olivie me contou muitas coisas legais. Pelos sonhos eu tenho que pedir com jeitinho. O que eu vou ter que fazer para me mostrar uma foto mostrando o dedo médio na frente daquela pirâmide?

Icarus - Entre o Sol e o OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora