VII. Amigos Imaginários?

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Thalassa havia chegado à conclusão de que com certeza estava vivendo nos universos imaginativos de The Originals e American Horror Story: Coven, e a loja de artigos voodoo da Laura podia confirmar isso.

O Bennet's era modesto, confortável e com um peso histórico de mais de dois mil anos em artefatos místicos, mitos e verdades.

Ela ficou encantada — e horrorizada, com um frio na boca do estômago que não passava de jeito nenhum enquanto olhava máscaras de tribos esquecidas e pequenas bonecas de pano assustadoras.

A sineta dourada que tocou quando abriu a porta, convocou uma mulher negra cativante atrás do balcão, vinda de algum lugar ali atrás.

Elas se olharam ao mesmo tempo.

― Bom dia. Em que posso ajudá-la? ― A jovem podia sentir a sabedoria escondida naquela voz como se fosse um tom a mais da nota dó.

― Oi... Você é a Laura? ― perguntou se aproximando do balcão.

― Sou eu mesma. ― Desconfiança passou por seus olhos caramelos. ― E quem é você?

― Eu sou Thalassa. Thalassa D'Angelo. Eu estou aqui porque Camila Valdez me disse que você poderia me ajudar.

― Ah sim, Cami me falou que você viria. Em que posso ajudá-la, Thalassa?

Ela avaliou a mulher por um momento. Talvez não tivesse mais que 50 anos, e tinha lindas tranças brancas na cabeça, que caiam por seus ombros, escondendo parte da blusa de flanela preta.

Ela era tão familiar que Thalassa sentiu os pelos da nuca se arrepiarem.

― Eu sou, ãhn... médium. E eu estou procurando por um amuleto, acessório, ou coisa parecida, que possa... canalizar as energias ruins ao meu redor. — a jovem inclinou a cabeça, incerta do que dizer.

Surpresa tomou o rosto de Laura.

― Você já teve um amuleto desse tipo?

― Sim, eu tinha um colar de pedra da lua. Mas eu o perdi há alguns meses. Tenho andado em uma corda bamba de energias negativas desde então.

― Entendo. — a mulher transmitiu um olhar estranho, avaliativo — Eu sinto a energia que você emana. Você... você é muito poderosa, menina. ― Laura a olhou mais intensamente, enquanto Thalassa pensava: Poderosa? Faça-me o favor... ― Diga-me, se não for intromissão, o que você consegue fazer?

― O que eu consigo fazer? — ela passou as mãos pelo cabelo, confusa. — Eu deveria saber fazer alguma coisa? Esse lance de médium não é só a percepção dos espíritos?

A mulher abriu um sorriso que certamente não chegou aos olhos.

― Claro que não. Com um poder dessa magnitude você pode fazer muito mais coisas do que apenas ver espíritos. Pode tocá-los, interagir com eles, fazê-los aparecer para outras pessoas através de você. As possibilidades são infinitas.

Certo. Thalassa não esperava por essa.

Ela conseguia falar com eles, mas não achava que essas outras coisas pudessem ser possíveis, embora nem mesmo tivesse se dado o trabalho de procurar a respeito. Seus poderes de médium não eram uma de suas prioridades nos últimos anos. A jovem nem mesmo gostava do rótulo médium.

― Eu não sabia disso. ― Ela respondeu por fim. ― Mas se você puder me ajudar com o que eu preciso, eu agradeceria.

Laura notou a clara dispensa em suas palavras, aquela não era sua prioridade e não começaria a ser agora. Mas a mulher não pareceu se ofender, isso na verdade a fez sorrir mais.

Icarus - Entre o Sol e o OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora