05_ Ipê amarelo.

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Apoiei meus cotovelos sobre a mesa e segurei o meu rosto. Minhas bochechas foram apertadas pelas palmas de minhas mãos fazendo com que meus lábios formassem um bico.

Encarei a sala vazia e suspirei fechando os meus olhos.

Vai ficar tudo bem, Elizah. Seja você. Você só precisa entender que todos os alunos desta escola tem cabeças completamente diferentes, pensam de formas diferentes, vivem em lares diferentes, passam por problemas diferentes, tem suas crises e momentos ruins assim como eu. Mas cada um tem seu modo de reagir. Eu não posso julga-los pelo modo que me tratam porque não sei como foram educados ou ensinados. Ninguém é obrigado a gostar de mim.

Essa era uma das minhas filosofias. Apesar de que nem sempre eu pensei dessa forma.

ㅡ Ok. ㅡ Levantei-me da cadeira depois de pegar o dinheiro para comprar algo para comer. Eu também havia levado uma fruta para caso não tivesse coisas que eu pudesse comer lá.

A uns anos eu tive princípio de anemia e isso me obriga a controlar minha alimentação hoje. Na minha antiga escola eu precisava levar o que comer porque tudo que tinha lá era gorduroso e exageradamente açucarado. Comer uma vez ou outra não tinha problema, mas todos os dias não tinha condição. Minha saúde era bem debilitada com relação à minha alimentação.

Eu tinha/tenho um sério problema de comer uma barra de chocolate e no fim acabar comendo cinco. Isso acaba tirando a minha fome e eu não como o que realmente meu corpo precisa. Eu comia besteiras e no fim não almoçava e nem jantava direito.

Eu não sou proibida de comer esses tipos de lanche, mas eu prefiro comer só as vezes porque não quero passar pelo que passei de novo enquanto não aprender a me controlar.

Guardei o meu celular em meu bolso junto do dinheiro e saí da sala. O corredor agora movimentado e cheio de alunos estava barulhento. Passei pelo mesmo enquanto imaginava onde seria o local para comprar os lanches.

ㅡ Podia ter caído na minha sala, em. ㅡ Ouvi um garoto que estava na porta de uma sala junto com outros garotos. Ele estava sorrindo para mim. Haviam também duas meninas junto deles que olharam para mim com uma careta quando ouviram o que o garoto falou.

ㅡ Pensei que você tivesse bom gosto. ㅡA menina falou para o garoto e rapidamente todos eles riram.

Eu ignorei. Arrumar uma confusão, debater, discutir... nada disso ia servir de nada para mim. Eu queria amigos e não o contrário. Se meu estilo é estranho para elas, significa que eu estou sendo original. E se eu gosto, ninguém tem nada com isso. Se eu vier vestida de banana o problema vai ser meu.

Continuei andando como se nada tivesse acontecido. Desci as escadas enquanto cantarolava Not shy e notei já haver bastante alunos ali.

Eu não sei quanto tempo levei para encontrar o lugar, mas eu rodei aquela escola inteira! Acabei comprando um sanduíche natural e fui de encontro ao enorme pátio do Colégio. Ali tinham mesas com cadeiras no canto e bancos por toda parte. Havia bastante gente ali.

Me perguntei se deveria tentar me misturar com alguém, mas mesmo sendo o mais gentil e sorridente possível, eu também era tímida. Minha timidez jamais me permitiria chegar num grupo de pessoas que não conheço ninguém e tentar fazer amizades.

Aquele pátio era aberto e tinha um gramado no fim dele. Ali havia uma árvore tão encantadora que deixava o lugar lindo. E apesar de suas folhas ainda serem verdes, eu conseguia imaginar como ela devia ficar linda quando suas flores desabrochassem. Era um ipê amarelo, eu conhecia. Era a minha espécie de árvore favorita.

Haviam alguns alunos sentados sobre aquele gramado, mas não havia ninguém embaixo da árvore; o que me motivou a sentar-me ali sem nem pensar duas vezes.

Caminhei até a mesma e me sentei debaixo dela. Sorri novamente olhando em volta e tirei o celular do bolso. Eu já havia trincado a tela de um celular que eu tinha quando sentei em cima dele.

Acabei acendendo a tela para ver a hora e percebi que haviam muitas mensagens da Júlia.

Mariana- Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Oi
Já me trocou né?
Quem é a sua nova melhor amiga?
Não acredito que me esqueceu tão rápido.
Oi
Oi
Oi

Ri balançando a cabeça e a respondi.

Elizah- Não faça drama, Mari. Eu nem ao menos fiz amigos.

Mariana- Tá falando sério?? Como VOCÊ não fez amigos? Todo mundo adora você.

Elizah- Eu não sei, ninguém pareceu ir muito com a minha cara aqui. Mas talvez seja só impressão minha, ou porque é meu primeiro dia.

Mariana- Se fizerem algo com você, me conta. Eu viajo na hora e acabo com todo mundo!

Elizah- Não vão fazer nada comigo, Mari. Relaxa.

Mariana- E o que você está fazendo agora?

Elizah- Estou no intervalo. Sentei embaixo de uma árvore aqui no pátio e, advinha só qual é a árvore?

Mariana- Ipê amarelo?

Elizah- Sim!

Mariana- Kkkkkk você e seu amarelo. Mas me fala, tem algum gatinho na sua sala?

Elizah- Estava demorando para você perguntar isso, né?

Mariana- Ué, é uma informação importante!

Elizah- Não é, não. Os garotos da minha sala serem bonitos não vai mudar nada na minha vida mesmo.

Mariana- Só responde se são gatos, Elizah kkk.

Elizah- Pior que eu não reparei tanto.

Mariana- Aham, Cláudia senta lá.

Elizah- É sério kkkk eu estava tão insegura por causa dos olhares estranhos das garotas que eu nem reparei muito se haviam meninos bonitos.

Mariana- Que olhares?? Elas estão te olhando torto?? Me passa o @ delas.

Ri novamente lendo sua mensagem.

Elizah- Não se preocupa com isso, garota.

Mariana- Eu falei sério em. Se te fizerem algo me conta. Mas voltando ao assunto. Nenhum carinha te chamou atenção?

Balancei a cabeça em negativa. Eu amava a Mariana, mas quando ela começava a falar de garotos não sossegava até eu dizer um nome para ela.

Ergui o meu olhar e comecei a observar os rostos que eu via tentando reconhecer algum que fosse da mesma sala que eu.

Observei a todos que passavam até que meu olhar se focou em um: Daniel. Ele estava passando perto de mim enquanto lia um tipo de revista, gibi ou um livrinho pequeno. Na outra mão ele tinha uma lata de refrigerante e também uma caneta.

Daniel caminhou até o gramado e se sentou encostado na parede. Esticou uma perna e manteu a outra dobrada enquanto parecia concentrado no que lia.

Não demorou nem três segundos para umas garotas sentarem junto com ele e começassem a puxar assunto.

Meu rosto se inclinou para o lado enquanto eu o analisava. Daniel era bonito. Muito bonito. Talvez seja a razão por atrair tantas meninas. Mas o que eu achava legal ( pelo menos era o que parecia ) era que ele não era do tipo metido. A maioria dos garotos bonitos da minha antiga escola sabiam que eram bonitos e por isso se achavam os príncipes do tapete voador.

Daniel não parecia o tipo de cara que ligava para isso. Ele nem ao menos estava dando tanta confiança para as garotas. Ele estava rindo e respondendo, mas parecia mais focado no que lia e as vezes riscava algo.

Mariana- Elizah??? Morreu?? Isso tudo para não falar o nome de um simples cara?

Elizah- Daniel.

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Continua...

Amarelo, a nova cor do Amor - DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now