Spasenie

Devet

O tempo havia passado consideravelmente rápido. Apesar dos esforços,a Inglaterra havia resistido por mais tempo que as outras seleções puderam aguentar, mas enfim sendo eliminadas pelo Brasil - o grande campeão daquele ano. Apesar de não saberem uma só palavra do português, absolutamente todas as seleções comemoraram e seguiram a mesma energia caótica que o grande Galvão Bueno e Pelé exalaram quatro anos antes, com a conquista do tetracampeonato do país.

Falando um grande até logo, até mais ver, bon voyage, arrivederci, até mais, adeus, boa viagem, vá em paz, que a porta bata onde o sol não bate, não volte mais aqui, hasta la vista baby, escafeda-se, e saia logo daqui para os ingleses, a vida finalmente voltou ao normal na Bulgária. Com sua magia de volta, Viktor tinha inscrito Hermione em um cursinho por correspondência - já que não existiam professores particulares e ela não tinha mais idade para cursar toda Durmstrang. Ela também não havia conseguido ficar parada por muito tempo, no dia seguinte do fim da copa já colocando seu rosto na rua, conseguindo um emprego em uma livraria. Ela conseguia seu dinheiro, trabalhava, não precisava usar muita magia e ainda melhorava o idioma. Então, de segunda a sexta, das oito da manhã até às quatro da tarde ela ficava na livraria, estudando magia das cinco às dez da noite, alternando os sábados na loja.

Estava sendo mais um final de expediente de sexta tranquilo, com bastante pouco movimento. Munido apenas dela e de mais um funcionário no caixa, ela terminava de organizar algumas novas edições nas estantes manualmente mesmo - ainda tinha receio de usar magia e piorar a situação, dobrando seu trabalho. Ela estava completamente imersa em seu próprio mundo, até que escutou um ofego atrás de si.

Quais seriam as chances de mais um colega de escola a encontrar lá?

Não poderia ser Gina, já que elas haviam se reencontrado meses antes. Tinha sido uma bagunça, todos os Weasley's chorando e ela apenas reconhecendo Percy - por alguma razão muito desconhecida. Apesar de terem insistido muito para que ela se mudasse para a casa deles, ela educadamente recusou. Apesar de tudo preferia a segurança que Viktor poderia oferecer a ela.

Não que ela fosse interesseira, só não gostaria de ser lembrada diariamente do que havia acontecido.

Munindo coragem que até então não sabia estar tomando, Hermione se virou e percebeu Zornitsa em choque atrás dela. Por algum motivo ela não tinha levado fé nas palavras do jogador cinco meses antes, e ver a sua antiga melhor funcionária trabalhando em uma livraria a colocava em uma posição de culpa. Apesar dele ter dito que ela seria livre, aquilo poderia não ter acontecido.

-Hermione ... - Ela a esquadrinhava com o olhar, procurando por algum ferimento ou sinais de luta e uma fuga.

Hermione apenas se dignou a erguer a sobrancelha e a cumprimentá-la com a cabeça, voltando para o seu trabalho.

-Eu pensei que a essa altura estivesse morta.

-Não se certifiou que Viktor não fosse me matar quando me vendeu?

-Eu pensava mais que você tivesse se matado.

-Ele não deixou. - Ela se dignou a responder apenas.

-Mas.... Se você está aqui.... Significa que ele cumpriu a sua palavra.

-O que você quer de verdade? A minha segurança claramente não te diz respeito.

-Hermione! Eu te acolhi! Se eu não tivesse atendido o seu apelo desesperado, ainda estaria....

-Você me salvou de uma escravidão para me jogar para outra dois anos depois! Você não tinha certeza do que Viktor faria e mesmo assim aceitou tudo!

-Eu não tive escolha! Você por acaso queria continuar lá por mais oito anos?!

-Eu só queria a minha liberdade, se tivesse que esperar mais oito anos por isso, eu teria esperado!