Santiago trocou-se rapidamente. Colocou uma calça jeans e uma camiseta vinho colada ao corpo, se dirigiu até a mesa e pegou um molho de chaves que repousava próximo ao tabuleiro. Ao chegar perto da porta, pegou um blazer branco, pois raramente usava jaleco; colocou-o sobre o ombro direito e saiu batendo violentamente a porta.
O psiquiatra caminhava rapidamente pelos corredores, enquanto tentava colocar o blazer. Ao chegar até a sala, Santiago abriu a porta e se deparou com Mary deitada no pequeno divã vermelho da sala de psiquiatria, com os olhos fechados e com as mãos juntas repousadas sobre o abdômen.
Santiago entrou silenciosamente e sentou-se em uma cadeira próxima ao divã. Cruzou as pernas como de costume e ali ficou observando a psicóloga.
Depois de um pequeno intervalo, Mary começou a murmurar repetidamente o nome de Santiago, sem saber que o mesmo estava presenciando a cena.
— Devo concordar com a senhorita. Santiago é um extraordinário nome. – disse ele enquanto Mary levantava assustada.
— O que faz aqui?
— Estou aqui a pedido do doutor Murry. Ele me pediu para acompanhá-la neste seu primeiro dia de trabalho com os pacientes.
— Mas eu pedi para você ir para sua sala.
— Tente dizer isso para o doutor. Eu tentei dizer a mesma coisa, porém estou aqui. Assim a senhorita percebe que não tive tanto êxito com ele.
— Bom, o paciente do quarto quatrocentos e quinze ainda está dormindo. Você pode voltar mais tarde. Não precisa ficar aqui esperando. – disse Mary mordendo fortemente os lábios.
A psicóloga estava assustada por causa do que acontecera. Um sentimento de amor e ódio tomava conta da jovem.
— Vou ficar fazendo companhia para ti, e também adoro essa sala, ela é muito arejada, além de ter uma maravilhosa vista para o jardim. – dizia ele enquanto se aproximava lentamente dela.
A jovem psicóloga dava passos largos para trás, mas não surtiu efeito algum. Santiago continuava a se aproximar com um olhar de desejo doentio. Até que a sala ficou pequena e Mary se chocou contra a parede. O rapaz se aproximou ainda mais, acariciou o rosto de Mary e afastou os cabelos que tapavam a visão da moça.
A jovem tentava decifrar os mistérios escondidos no olhar do psiquiatra, enquanto o mesmo olhava fixamente para ela tentando não revelar seus segredos.
— O que está fazendo? – Disse Mary com a voz ofegante.
— Estou fazendo algo que deveria ter feito a muito tempo.
A psicóloga tentava resistir a todo aquele desejo, mas o sentimento era muito mais forte que sua razão...
Mary retirou o blazer de Santiago e o abraçou fortemente. Ele a estreitou contra seu corpo e a beijou calorosamente.
Nunca ninguém a beijara daquele jeito desde o tempo em que namorava o quarterback da equipe de futebol americano nos tempos do colegial. Loucas fantasias adentraram sua mente, e estava difícil suportar tamanho desejo. Alguém acariciando seu corpo, com tanto desejo, com tanta obsessão, que a única coisa que ela não queria era que aquele momento acaba-se...
Porém todo aquele clima foi interrompido por uma maldita e insuportável buzina de caminhão que acabava de parar no jardim do hospital.
— Mas que droga! Será que não se tem paz nem beijando uma psicóloga? – gritou Santiago, largando à psicóloga.
Ele se dirigiu até a janela da sala, de onde podia avistar perfeitamente o caminhão. Após uma rápida examinada no veiculo, Santiago pegou seu blazer e saiu correndo a encontro do caminhão.
— Aonde você vai? – Perguntou à psicóloga.
— Já retornarei. Tenho que ir lá é importante. Estava esperando esse caminhão. – respondeu Santiago batendo a porta.
O rapaz saltava as escadarias como quem tentasse correr aflitamente da morte.
Ao chegar ao jardim, Santiago cumprimentou o motorista que retribuiu com um discreto balançar de cabeça. Ambos conversaram por alguns instantes. As portas traseiras do caminhão-furgão se abriram e dele saíram quatro rapazes com uma caixa de madeira de aproximadamente dois metros e meio de comprimento que foi levada a uma sala através das coordenadas de Santiago.
Após alguns minutos, os rapazes voltaram e entraram novamente no caminhão. Depois de um tempo, saíram novamente com outra caixa de madeira, esta por sua vez era alguns centímetros maior, o que dificultava o manuseio.
Da janela da sala, Mary acompanhava toda a movimentação lá fora. Ela só conseguia identificar que os rapazes tinham nítidos traços americanos e o caminhão não tinha nenhuma identificação, nem às duas caixas tinham alguma identificação, muito menos as roupas daqueles homens; o que excitou a curiosidade da psicóloga.
Assim que os rapazes retornaram, Santiago retirou um pequeno envelope preto do bolso esquerdo de seu blazer e entregou-o ao motorista. Esse por sua vez abriu o envelope e conferiu seu conteúdo sem retirá-lo. Após uma minuciosa analise, o motorista cumprimentou Santiago com um aperto de mão adentrou o caminhão junto com os outros rapazes.
Assim que o veículo saiu, Santiago retirou o molho de chaves do bolso direito da calça e se dirigiu rapidamente para a sala onde as caixas foram guardadas.
Na sala a cima, Mary se encontrava impaciente, pois precisava descobrir qual o conteúdo das caixas.
Como Santiago trocou Mary pelas caixas de madeira, ela resolveu procurar indícios sobre o conteúdo nelas guardado.
Na sala onde a psicóloga se encontrava, tinha uma mesa com algumas gavetas. Ela começou a abri-las, mas só encontrava receitas, prontuários e remédios. Ao passar a mão por debaixo da mesa, encontrou um compartimento...
Neste compartimento, estavam dois envelopes brancos escritos com letras vermelhas que eram uma das cores preferidas de Mary.
Após pegar os envelopes, a psicóloga ficou perplexa ao ler o que estava fora deles...
YOU ARE READING
A Outra Face do Medo
HorrorMary é uma psicóloga recém formada nos Estados unidos e recebe um convite para trabalhar em um hospital psiquiátrico na Inglaterra, porém esse hospital se tornou noticia no mundo todo por causa de duas mortes que ali aconteceram; mortes atribuídas a...