Capítulo 13 - Quite A Story -

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Terça-feira, dez da noite. Estava em meu quarto tentando me decidir se começava ou não a ler o livro que Moon havia me "presenteado". Por mais que eu não seja uma pessoa que gosta de ler, não nego que a curiosidade me atingiu em cheio para tentar entender um pouco mais sobre a loira irritante, seja o motivo dela ter se tornado escritora ou a escolha do gênero de sua escrita.

O barulho de notificação do meu celular corta o silêncio no ar. Rapidamente o pego de cima do meu criado-mudo e desbloqueio indo até a mensagem. Era da Debrah, ultimamente ela havia parado um pouco de me encher de mensagens e/ou ligações, então passei a "dar um pouco mais" de atenção quando ela mandava algo.

"Gatinho, minha tia está doentinha, então vou ter que ir cuidar dela nessa semana. Como é em outra cidade, vou voltar só na terça de noite. Beijinhos!"

Logo escrevo uma resposta e envio: "Okay, espero que sua tia melhore". Por mais que eu não conheça a tia dela, não sou daqueles que fica desejando o mal para qualquer pessoa, isso de "desejar o mal" é reservado para quem merece minha raiva/ódio.

Voltando minha atenção para minha dúvida de antes, eu solto um suspiro acendendo a luz do abajur e pego o livro. Se minha hesitação me faz ficar minutos pensando se devo ou não, é melhor eu finalmente tentar, pois só assim eu posso "matar" minha curiosidade e finalmente me libertar das amarras da dúvida.

Vou folheando as primeiras páginas parando em uma que havia uma frase: "Um brinde a aqueles que não sentem medo de pensar diferente. Um brinde a aqueles que lutam suas batalhas diárias e continuam persistindo. E um brinde, em especial, a aqueles que questionam e perguntam sem medo do que os outros irão pensar. Guerreiros de alma, amantes de coração, heróis da vida.".

— Vamos lá então... – Sussurro a mim mesmo indo até a primeira página do primeiro capítulo do livro.

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Quarta-feira. Nunca pensei que diria isso, mas depois que comecei a ler ontem o livro, não consigo parar de pensar em tudo que está lá. Pensei que depois que começasse a ler, minha curiosidade sumiria e eu não teria vontade de continuar a leitura, mas estava ingenuamente enganado, fui um tolo de pensar que conseguiria desistir de ler cada palavra daquele livro.

Sabendo coisas que a maioria não sabe, que é o fato do livro ser a visão da Moon do que ela vivenciou, minha percepção do início do livro é como se lembrasse a escrita em um diário, um desabafo de uma adolescente que se sente insegura e invisível perante a todos a sua volta. Uma alma solitária com um coração quebrado, esquecida pelos amigos e ignorada pelos conhecidos.

Angel, a protagonista que representa a Moon, lembra um pouco aquelas garotas de histórias clichês que são invisíveis e do nada um "crush" a nota então tudo muda, entretanto, a história é diferente das habituais. É estranho pensar em Moon como uma garotinha insegura e "esquecida" por todos, a personalidade dela que eu conheço é de uma mulher forte e perceptível por todos a volta, apenas sabendo sua história para realmente compreender sua mudança.

No começo, você conhece um pouco sobre as inseguranças e medos da personagem, para começar o fato dela não se sentir bem com o seu corpo e também o fato de que todas as amizades que ela tentava construir se desmanchavam sem um motivo aparente. A solidão parece algo que a domina e atormenta profundamente seu ser, ela não parece ser feliz em nenhuma das linhas, é como se melancolia não deixasse seu corpo, entretanto, ela guarda tudo e não conta nada para ninguém a sua volta, criando a perfeita "máscara" de alguém que prefere ficar apenas na companhia dos livros e de uma boa música.

Lembrando de como eu era em meu ensino médio, começo a pensar que realmente eu nunca iria perceber o sofrimento interno dela, eu facilmente a acharia apenas uma garota que gosta de ficar na dela, aquelas tímidas que não conseguem fazer amizades e que, sendo assim, são quietas e invisíveis.

Cold Coffee - CastielWhere stories live. Discover now