Capítulo 17 - The Bouquet -

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O avião decola rapidamente e logo estamos no ar. Moon estava do meu lado esquerdo observando a "paisagem" pela janela, Lys e Daisy estavam a algumas poltronas atrás. Por incrível que possa parecer, não haviam muitas passagens restantes, então por isso acabamos não sentando perto.

— Fazia um tempo que eu não viajava. – Comenta a garota loira ao meu lado com uma voz tranquila e suave.

— Eu também, sempre gostei. – Digo, e ela desvia os olhos da janela para mim.

— Meu sonho é viajar pelo mundo, conhecer várias paisagens e principalmente provar comidas diferentes. – A loira se arruma na sua poltrona para ficar mais confortável.

— É um sonho ambicioso. – Comento, e ela ri.

— Eu sei, mas quem sabe, né? – Diz ela com um sorriso. – Nascer e crescer em uma cidade pequena te faz ser uma sonhadora, então sempre tive a curiosidade de saber como é conhecer o mundo todo ou grande parte dele.

— Também cresci em uma cidade pequena. Meu pai trabalha como piloto de avião e minha mãe como comissária de bordo, então meio que eles sempre estiveram longe. Quem sabe você não mata sua curiosidade perguntando para eles algum dia. – Digo olhando para Moon que estava com uma expressão confusa. – O que foi?

— Nada... Só achei estranho seu comentário. – Confessa ela.

Notando agora, através da confissão dela, percebo o quão estranho foi o que eu disse. Não tem lógica ela conhecer meus pais algum dia, ela é minha amiga ou pelo menos, a algum tempo atrás, antes que ela do nada se afastasse, pensei que ela era...

— Quanto tempo faz que você não vê seus pais? – Pergunta curiosa.

— Faz um tempo já. É mais fácil eu encontrar com eles em um avião do que eles virem me visitar. Ainda que todo final do ano eles tentam comparecer no natal, ou pelo menos minha mãe vem. – Digo olhando para a frente.

— Queria saber como é ter os pais ausentes. – Suspira ela me fazendo a encarar.

— Como assim? – Pergunto, e ela olha profundamente em meus olhos.

— Meus pais sempre foram superprotetores, do tipo extremo.

— Não pode ser tão ruim. – Digo, e ela revira os olhos.

— Sempre me dizem isso, mas ninguém entende que a superproteção me impedia de fazer qualquer coisa ou foi o que me tornou uma garota retraída. – Moon parecia perdida nas suas lembranças. – Não podia sair para a casa de uma amiga, não podia ir a nenhum lugar sozinha e muito menos trancar as portas do banheiro ou fechar a do quarto para dormir. Isso se estendeu até a minha adolescência, era como se eles pensassem que eu fosse quebrar a qualquer momento, como se eu não lidaria com nada. Entretanto, quando fui envelhecendo, meus pais começaram a exigir que eu saísse mais, mas daí o que adianta se a vergonha de ir para os lugares sozinha estava ali?

— Não posso dizer que entendo o que passou, pois realmente, meus pais me deixavam fazer qualquer coisa. Fui emancipado na minha adolescência e conseguia me virar bem facilmente.

— Sorte sua... Eu sofri muito quando cheguei a cidade grande sozinha. Foi realmente doloroso e frustrante, teve momentos que pensei que não fosse aguentar, mas persisti e agora percebo que isso foi a melhor coisa que eu fiz por mim. – Ela dá um sorriso fraco.

— E seu irmão? Também passou por superproteção? – Pergunto, e ela dá uma risada amarga.

— Não. Ele podia fazer tudo, mesmo cometendo os piores erros meus pais o "admiravam", era o filho perfeito. E eu? Imagina quando descobriram que eu estava dormindo com o melhor amigo do meu irmão. – Ela ri parecendo se lembrar da cena. – Para ser sincera, acho que o que me libertou das garras da minha família foi quando eles descobriram aquilo. Cam me ajudou muito a superar o medo de tudo e de mim, ele realmente me ajudou a lidar de frente com a vida. – Os olhos dela pareciam brilhar ao falar sobre "Cam", que provavelmente era o verdadeiro nome de Blake.

Cold Coffee - CastielWhere stories live. Discover now