Capítulo 7 - Thanksgiving

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"Certo, Simon (...) Ok. (...) Eu sei. (...) Adeus." Eu havia acabado de convencer Simon de voltar mais cedo para Miami, já que era o Dia de Ação de Graças e eu gostaria de passá-lo com a minha família e amigos.

Lauren dormia na cama desta vez. Ela parecia exausta da noite anterior que passamos em claro. Eu também estava, mas preferi arrumar as minhas malas para voltar à Miami, acabei decidindo que só levaria o necessário na mochila. Depois Simon mandaria alguém vir pegar o restante.

Já passava da uma hora da tarde, eu precisava pegar um táxi e correr até o aeroporto para que chegasse a tempo da comemoração. Eu pedi um táxi em frente da casa de Lauren, e aproveitei o tempo em que esperava ele chegar para subir até o quarto da inválida para me despedir.

Ela estava dormindo um sono pesado e profundo, eu fiquei com pena de acordá-la. Eu não sabia se seria bom ter uma despedida, talvez eu apenas não quisesse lidar com todo esse drama. Mesmo que Lauren fosse uma inválida, aparentemente insensível e sem coração, havia algo emocional ali. Era o sentimento de abandonar alguém que, eu sabia, não tinha ninguém. E eu não queria passar por essa situação, eu não queria deixar Los Angeles com esse sentimento de culpa. Apanhei um bloco ao lado da cama e escrevi um bilhete.

"Obrigada por ter sido amável. Eu sei que nós não nos tornamos nem metade do que esperavam, mas eu fiquei feliz pelo tempo que compartilhamos. xx, sua Camz."

Eu despejei um beijo no seu rosto macio antes de me pôr de pé e atravessar a porta, eu dei uma última olhada por cima do ombro. Adeus, inválida.

*

Eu encarava a cidade através dos vidros do carro. O taxista dirigia sem pressa. Eu acompanhava as gotas de chuva que começavam a cair, deslizando pelo vidro. Eu sentia que não deixava apenas Los Angeles para trás, mas também um pedaço, mesmo que bem pequeno, da minha vida. Era um universo paralelo. Outra realidade.

Eu sentia certo remorso por estar deixando a minha inválida. Ela ficaria sozinha novamente e uma imagem triste se formava na minha mente. Lauren, provavelmente, passaria o resto da vida mergulhada naquela solidão.

Ela merecia uma única vez na vida ter alguém do seu lado.

O taxista freou em frente ao aeroporto, mas eu hesitei em descer. Eu deveria?

"Quer saber? Me leve de volta para casa!" Eu disse, rindo da minha infeliz ideia. Onde eu estava com a cabeça? O motorista me desviou um olhar estranho, como se eu tivesse algum problema mental. "Vamos!"

Eu fiz questão de parar em frente à montanha e voltar por onde eu cheguei. Dessa vez, felizmente, eu não tropecei em nenhuma raiz de árvore. Bom, eu tomei mais cuidado. A chuva fina que caía já havia conseguido me deixar ensopada.

Dei a volta na casa, eu queria entrar pela porta da frente. Então eu toquei a campainha incansavelmente, até que ela viesse me atender. Lauren abriu a porta com uma expressão confusa, ela tinha o bilhete na mão, aparentemente, havia acabado de acordar e lê-lo.

"Acho que nós temos comidas de thanksgiving para preparar!" Eu sorri e ela devolveu um sorriso sem dentes.

Eu tive que ensinar a Lauren tudo sobre o Dia de Ação de Graças, ela nunca havia comemorado um, e isso era estranho, afinal, nós estávamos na América. Nós gastamos algumas boas horas na cozinha, mas, é claro, não teríamos um peru. Eu até estava começando a me acostumar com esse cardápio vegetariano.

A inválida não comentou sobre o bilhete, ele estava dobrado no bolso traseiro do seu jeans. Contudo, ela parecia surpresa e animada em me ter ali. Até eu havia me surpreendido com aquela atitude.

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