Uma família. Um pai, uma mãe, uma irmã e um irmão. Uma família de comercial de margarina. Todos na entrada da casa, com os olhares diretamente voltados a mim. Não era como se eu estivesse vindo conhecer os meus sogros ou algo do tipo, era?
Eu sequer havia me vestido melhor, nem me preparado para as perguntas. As perguntas. Será que os Jaureguis tinham um questionário? Será que eles iriam querer saber qual era a minha intenção com a filha deles?
"Esse é o meu pai, Michael." Lauren quebrou o silêncio, apontando para o homem gordinho e sorridente. "Essa é minha irmã, Taylor." Ela apontou para a garota de cabelos claros que usava aparelho ortodôntico. "E esse é o meu irmão, Christopher." Finalmente ela se dirigiu ao garoto, o mesmo da foto, respirei com um certo alívio por eles serem irmãos.
"Eu sou Clara." A mulher, que eu supus ser a sua mãe, se enfiou entre os dois adolescentes, me estendendo a mão para um cumprimento. Eu apertei e ela sorriu, convidando-nos para entrar.
A casa parecia um lugar bastante agitado, pois a sala estava uma bagunça, com controles de videogame se estendendo até o sofá e pringles e latas de refrigerante depositados na mesa de centro.
O Sr. Jauregui sentou-se em uma poltrona, após dar um abraço de urso em Lauren, ele parecia ser uma pessoa bastante simpática, nem um pouco intimidador. Taylor tinha alguns traços que me lembravam a minha inválida, especialmente os olhos, eles eram mais escuros, ainda assim, intensos. A implicância com Chris permaneceu durante os primeiros minutos, mas logo desapareceu, ele apenas jogava a franja para o lado em excesso e seu sorriso era bastante largo. Os dois jovens sentaram no sofá, em frente ao videogame, eles, provavelmente, estavam fazendo a bagunça antes de chegarmos.
Clara se dirigiu até outra poltrona e me analisou, colocando suas mechas castanhas atrás da orelha, "Então você é a tal namoradinha?"
Eu senti meu rosto queimar e balancei a cabeça em sinal de positivo. A mulher abriu um sorriso amigável para mim e me deu um olhar de ternura.
"A mamãe está preparando o almoço, querem jogar enquanto isso?" Chris perguntou, apanhando o controle do seu Xbox última geração, sem tirar os olhos da TV.
"Ou nós podemos jogar algo na rua." Taylor propôs, virando o rosto para nós.
"Agora não." Lauren respondeu, bagunçando as madeixas escuras de Chris. "Vamos para o meu quarto, Camila."
A inválida me puxou escada acima, eu iria dizer algo sobre ser estranho nós ficarmos indo ao quarto, quando eu mal havia me apresentado a sua família, mas Lauren parecia estar fugindo de algo. O seu relacionamento com o pai e os irmãos era normal, bastante carinhoso para inválidos, mas eu não havia visto sequer uma troca de olhares com a sua mãe.
O cômodo para o qual Lauren me levou não parecia ser usado com frequência. Era quase vazio, havia uma prateleira com alguns livros, uma cama e um armário. Além disso, um relógio de cuco pendurado em uma das paredes e brinquedos antigos espalhados. Não tinha nenhuma janela e a área era minúscula. Eu estava quase tendo um ataque de claustrofobia. A inválida bateu a porta com força atrás de nós e sentou a bunda no colchão.
"Você vai me explicar o que está acontecendo?" Eu segui até onde ela estava, sentando-me ao seu lado.
A garota soltou um suspiro, "Pode perguntar o que quiser."
Certo, agora eu poderia, finalmente, acrescentar algo na caderneta que Simon havia mandado eu preencher.
"Seus pais são inválidos?" Eu comecei a interrogação, ainda receosa. Ela poderia se ofender...
"Meu pai sim, minha mãe é válida, como você." Lauren respondeu, fazendo-me ficar boquiaberta. Michael era tão legal, ele jamais pareceria um inválido, e agora eu entendia a tensão entre Lauren e sua mãe, devia ser difícil ter uma relação como essa.
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Destinadas
FanfictionEm uma época onde o mundo está tentando se recuperar das consequências deixadas pelas guerras, tenta-se encontrar formas mais rápidas de deixar o planeta um lugar bom de novo. Após grandes períodos de ódio gratuito, isso não é fácil. O amor é o únic...