Fazia um mês desde o primeiro exame de rotina de Lauren que eu presenciei. Doutora Demi estaria de volta hoje e talvez eu fosse finalmente abandonar a jaula do tigre. Eu aturei o David algumas vezes, mas ele não era tão insuportável quanto Keaton.
Keaton Stromberg era um desse garotos que falavam muito e faziam pouco. Quero dizer, ele demorava dez minutos no quarto com Lauren e descia as escadas contando suas aventuras sexuais para quem quisesse ouvir.
Luís aparecia às vezes, naquele eterno lema: um pouco de atenção, sexo, carinho e coice. Às vezes eu parava para pensar se Lauren não ficava cansada, quer dizer, ultimamente ela saía com três caras ao mesmo tempo — os que eu sabia, é claro.
Isso ainda me partia o coração, mas eu já estava meio que desistindo de que as coisas dessem certo. Lauren havia virado um daqueles inválidos viciados em sexo e isso não era bom. Eu nunca mais comi a sua comida vegetariana.
Knock, knock. Ding Dong. Knock Dong. Ding Knock.
Demi era um pouco impaciente. Ela batia na porta e apertava a campainha ao mesmo tempo enquanto eu arrastava os pés até a entrada. Lauren estava tomando o seu banho, pois David acabara de sair daqui. Eu duvidava que ela fizesse sexo sempre que saísse com esses homens, quero dizer, haja fôlego.
"Boa tarde, Demetria." Sorri, puxando a mulher para um abraço. Não surpreenderia se eu dissesse que ela já mudou a cor do cabelo? Ele estava vermelho.
"Boa tarde." Demi retribuiu o abraço e adentrou o ambiente. "Onde está a minha paciente?"
"No banho. Senta aí, eu quero conversar com você."
Demi se esparramou na poltrona de Lauren e abriu aquele sorriso enorme e bonito, "Então, o que me conta?"
"Não dá mais, Demi. A Lauren não vai me perdoar... Ela me odeia! Eu já tentei de tudo. Eu faço o que ela pede, eu sou boazinha cem por cento do tempo, eu não faço cena de ciúmes porque ela sai com outras pessoas e até meio que deixo ela me usar quando precisa."
Certo, esse é outro ponto. Lauren e eu não nos dávamos bem oitenta por cento das vezes, nas outras vinte que restavam, nós dormíamos, não estávamos no mesmo ambiente ou... Nos beijávamos.
Isso acontecia raramente, como toda vez que algum dos seus namoradinhos desmarcava o encontro e ela ficava irritada. Então eu me sentia usada. Me trancava no banheiro. E Lauren procurava o Keaton.
Horrível.
"Camila, preste atenção, se você está sugerindo que eu te leve e tem certeza de que quer ir embora, não há problema. Mas você precisa reparar em algo: a Lauren deixou você ficar na casa dela. Se ela não te quisesse aqui, pode ter certeza que você não estaria. Ela não te odeia."
"Nah," dei um tapa no ar, "eu quem disse que ficaria aqui porque ela é uma inválida e inválidos não podem contestar ordens."
Demetria riu, "Oh, pelo amor de Deus, inválidos não podem contestar ordens de autoridades, Mila. Lauren é suficientemente inteligente para saber disso. Ademais, ela receberia um aviso, caso fosse convocada."
"O que isso significa?"
"Que ela deixou você ficar porque quis?! Não se esqueça que Lauren é uma inválida, o cérebro dela não raciocina da mesma forma que o nosso, suas atitudes são radicais, principalmente se ela não confia em você."
Eu fiquei pensativa por algum tempo, tentando assimilar. Então Lauren, de certa forma, me quis aqui? Ela não queria que eu fosse embora, não tanto quanto imaginei. Isso não batia com as outras informações. Quero dizer, se ela me queria por perto, porque me tratava como lixo?
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Destinadas
FanfictionEm uma época onde o mundo está tentando se recuperar das consequências deixadas pelas guerras, tenta-se encontrar formas mais rápidas de deixar o planeta um lugar bom de novo. Após grandes períodos de ódio gratuito, isso não é fácil. O amor é o únic...