Capítulo 4: Quem é o culpado?

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Na manhã seguinte, Anahí desceu para o café normalmente, encontrando Jorge à mesa. Sentou-se em silêncio.

- Ótimas notícias, querida. - ele começou a falar. - A repercussão de nosso noivado trouxe tantos elogios que me sinto até um adolescente de novo. - sorriu, sarcástico.

Anahí lembrou-se de Poncho jogando o jornal sobre ela, enfurecido.

- Ótimo. - respondeu Anahí, sem querer prolongar o assunto. Detestava conversas com Jorge.


Vivaz não se manteve por muito tempo. Logo teve de sair. Anahí bufou sozinha lembrando-se de que teria que encontrar Evelyn para acertar mais detalhes sobre seu casamento.


Entretanto, dali a meia hora, a campainha tocou. Rose veio avisar que Anahí tinha visitas, a mesma estranhou e um arrepio percorreu sua espinha. Ninguém nunca a visitava.

Anahí rapidamente tratou de ir até a sala, encontrando uma mulher morena e extremamente bem vestida, com a expressão inquieta.

- Maite. - Anahí disse quando chegou ao cômodo. Nem sabia como reagir.

- Anahí - Maite correu até ela e as duas se abraçaram por longos segundos. Sequer se lembravam de quanto tempo fazia desde a última vista. - Que saudade! - disse, soltando a outra e por fim olhando em seus olhos. - Peço desculpas por vir sem avisar, mas precisava vê-la.

Anahí estava em êxtase por ver sua melhor amiga, mas ao mesmo tempo se deu conta de onde estava. De repente sentia medo. E se Jorge descobrisse que Maite estava ali?

Imediatamente, Anahí guiou Maite até seu quarto, onde teriam privacidade. As duas entraram e Anahí fechou a porta.

- Sei que você pediu para que eu esperasse sua ligação, mas não pude me conter. - disse Maite, sentada à cama de Anahí, esta à sua frente, apreensiva. - Anahí, eu visitei Maria e Luiz ontem mesmo. Me disseram que você não dá notícias há meses. O que aconteceu?

- Maite, como eles estão? - Anahí dizia já com a voz embargada. A expressão da outra indo de confusa para um rosto com pesar.

- Anahí, sua mãe está muito doente. - Maite começou. - Apenas Luiz tem trabalhado para pagar as contas de casa. Está sendo difícil pra eles. Me surpreendi quando ele me disse que você tinha sumido. Para mim é até compreensível você não ter dado notícias, mas pra eles... Anahí, por que você está fazendo isso? Por que esse sumiço? - Maite levou sua mão até as de Anahí. - Eu estou aqui, fale comigo.

Naquele instante o coração de Anahí pareceu quebrar. Não podia assimilar a informação de que sua mãe estava doente ou que ela e Luiz passavam por tantos problemas. Afinal, ela estava fazendo de tudo para mantê-los em segurança, não estava?

- Ninguém está ajudando eles? - Anahí perguntou já com os olhos marejados. - Digo, financeiramente. Eu tratei de que eles fossem sempre assistidos por alguém, Maite. Eu juro! Eu os amo mais que tudo no mundo.

- Maria me disse que há cerca de dois anos, assim que você se mudou, passava a receber doações em sua conta, o que a ajudava a se manter. Mas há seis meses já não recebe mais nada. Estava se sustentando apenas do seu trabalho, até que ficou doente e Luiz teve que começar a trabalhar, mas ele acabou de se formar no ensino médio, não consegue ganhar muito além de um salário mínimo. - Anahí ouvia como se cada sílaba se tornasse um espinho em seus ouvidos. - Anahí, as coisas não estão fáceis para eles. Ontem fui até lá e ajudei da maneira que pude, mas o que eles precisam é de você. Do seu apoio.

Anahí sempre ajudou em casa. Com o salário de redatora no jornal, pagava a maior parte das contas. Era o que mantinha ela, Maria e Luiz em uma vivência sem muitos luxos, porém tranquila.

Dos VecesWhere stories live. Discover now