Capítulo 08

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Thomas Shelby narrando.

Já era alta madrugada quando eu despertei de mais um pesadelo. Mesmo acordado as imagens vinham na minha cabeça junto com um turbilhão de coisas. Ver meus amigos de infância serem mutilados, explodidos em pedaços, sendo esmagados, pisoteados, assassinados...

 Ver meus amigos de infância serem mutilados, explodidos em pedaços, sendo esmagados, pisoteados, assassinados

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Poderia passar dias falando sobre como perdi companheiros e mesmo assim faltaria tempo. Eu já havia me acostumado com aquele cenário de dor, diversos corpos espalhados por todas as direções, cabeças e sangue jorrando e posso garantir que era o verdadeiro inferno. Já faz um ano que a guerra acabou e eu ainda sonho com isso noite após noite.

Sentei na cama pra tomar minha bebida e ia acender o ópio pra fumar quando alguém grita na rua.

-- Thomas, Thomas! Vem cá rápido! -- era a voz do Curly.

O Curly e eu servimos na França com os outros e de todos ele é um dos que ficou com mais sequelas, ele alucina dia e noite achando que ainda vive na guerra. Quando bate a crise é preciso chama-lo pra realidade se não ele não consegue se controlar.

Peguei a pistola e vesti o sobretudo e sai de casa atrás do Curly que corria feito um doido debaixo da chuva forte que caia.

Chegamos ao estábulo e olhei logo a pata do meu cavalo enfaixada, ele estava debilitado e eu sem entender o que aconteceu.

-- O que é isso? -- digo.

-- É uma maldição Tommy.

-- Curly calma, calma. Ei, me conta o que aconteceu com o cavalo.

-- Você comprou o cavalo com uma velha, ela botou uma maldição no casco os ciganos pediram pra ela fazer o feitiço. -- diz ele. -- E já se espalhou pra outra perna Tommy, seu cavalo não vai durar muito.

Passei as mãos no cabelo. -- Então esses malditos não fizeram feitiço pra ele ganhar coisa nenhuma.

-- Eu já vi feitiços como esse não dá pra ser revertido Tommy, amanhã vai chegar no coração e ele vai morrer-- o Curly diz assustado.-- Te avisei que aqueles ciganos são do mal.

Respirei fundo e disse:

-- Sai daqui. -- falo enquanto olho pro cavalo.

Mirei na cabeça do animal e pensei que alguém teria que fazer isso, melhor que seja logo.

-- Me desculpa por isso. -- apertei o gatilho e saí dali imediatamente. Alguém tinha que fazer isso.

Quando cheguei em casa ouvi a voz que mais parecia com a de um anjo cantando. Então bati na porta da Davinna pela segunda vez naquela noite.

Ela apareceu e seus olhos azuis me olhavam arregalados sem entender o porquê eu estar ali assim tão cedo.

-- Você de novo? -- disse sem expressar nada.

𝐀 𝐥𝐮𝐳 𝐝𝐨 𝐒𝐡𝐞𝐥𝐛𝐲 | 𝐏𝐄𝐀𝐊𝐘 𝐁𝐋𝐈𝐍𝐃𝐄𝐑𝐒Where stories live. Discover now