36 15 43
                                    


Acordo com o despertador que entoava mais alto que o costume. Desligo o mesmo e viro-me para o lado, tentando ignorar a dor de cabeça infernal. Não me lembrava de nada depois de jogarmos beer pong, mas uma calmaria permanece pois sei que não fiz nada de errado, afinal, o risco de eu ter dado uma de louca são baixos, certo? Ouço o meu despertador tocar novamente, resmungo desligando-o, abandonando a minha cama com uma cara nada amigável. Anna ainda dormia, não consigo entender como é que ela não acorda com dois despertadores. Chego perto da mesma e a sacudo.

— Que é? — ela pergunta, com voz grogue, tapando-se até à cabeça.

— Anda, temos aulas. — Chamo, destapando-a.

— Não! — Anna faz birra, balançando-se na cama.

Reviro os olhos e a sacudo novamente. Anna de ressaca não é novidade. Já a conheço há demasiado tempo para conhecer as suas birras e mau humor.

— Já vou, já vou! — ela choraminga, sentando-se na cama e se espreguiçando.

Levanto-me, dirijo-me para a gaveta das toalhas e pego no meu necessaire para ir tomar banho. Saio do quarto e vou direta para os balneários onde se encontravam uma ou duas universitárias. O mais provável era estarem todas mortas de ontem à noite. Tomo um banho rápido para que não me atrase. A minha cabeça latejava e doía horrores. Acabo o banho, enrolo o meu corpo na toalha e saio para o meu quarto onde vejo Anna a mexer nas suas roupas.

— Diz-me que tens uma aspirina.

— Na minha mala, no necessaire preto, — respondo, fechando a porta atrás de mim — tira duas.

Seco o meu corpo e visto a roupa interior, pensando no que vestir hoje. Olho pela janela e vejo que o tempo está encoberto. Pego numas calças jeans claras soltas com alguns rasgões nas pernas, uma básica branca, que prendo dentro das calças, um casaco de ganga claro e uns tênis brancos. Vou até ao espelho e passo um corretor para esconder os meus olhos dominados por olheiras e faço um coque alto bagunçado. 

"Estou pronta!"  penso para mim mesma.

— Vou tomar banho, encontro-te no refeitório. — Anna diz, saindo do quarto, quase fechando a porta, quando espreita novamente para dentro do quarto — a tua aspirina está ali — e sai.

Pego na cartela solta com o comprimido e abandono o meu quarto, dirigindo-me para o refeitório que já estava mais cheio. Pego no meu tabuleiro e dirijo-me para a mesa com pratos, copos e talheres, seguindo para as mesas com diversos tipos de comida. Opto por um croissant crocante de queijo e fiambre e leite com café. O barulho do refeitório estava piorando a minha enxaqueca infernal então, tomo a aspirina e como calmamente aguardando que o efeito da mesma faça efeito.

— Bom dia. — Ouço Kate.

— Mau dia — respondo.

— Ressaca complicada huh? — ela diz, me dando um breve encontrão no braço.

Abano a cabeça afirmativamente, sorrindo de lado.

— Onde está a Trice?

— A tomar banho. E a Anna? — a morena interroga, levando uma colher da sua taça de leite com cereais à boca.

— A tomar banho.

Kate me encara por alguns segundos como se estivesse recordando algo  e depois sorri deixando-me curiosa, mas optei por ficar calada e acabar de comer para poder sair daquela barulheira o mais rápido possível. Não tardou para que Trice e Anna se juntassem a nós para o pequeno-almoço e pudéssemos ir para as aulas.

LiesWhere stories live. Discover now