25 • toda essa ação

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Nós quatro estávamos sentados à mesa jantando. Bom, eu parecia ser a única que estava de fato ali pela comida. Meu pai tinha deixado a televisão ligada na sala por causa de um jogo de futebol que ele não queria perder, então, a cada dois minutos mais ou menos, ele se levava e ia até lá por causa de alguma coisa que o comentarista tinha falado.

Liz estava obviamente irritada com o comportamento do meu pai e, toda vez que ele deixava a mesa, ela também se levantava logo em seguida e ia atrás dele para trazê-lo de volta.

Gael também não parecia estar muito interessado na comida. Porém, o que mais me incomodava era que ele não tinha olhado nenhuma vez na minha direção desde que nos sentamos à mesa. A minha cabeça tinha ido a todos os tipos de lugares, tentando entender o motivo por trás do comportamento dele.

Eu queria muito perguntar o que ele estava pensando, mas, como sempre, eu tinha medo da resposta que ele poderia me dar. Eu não queria ouvir mais uma vez que nós tínhamos cometido um erro. Eu já sabia disso, mas não queria ser lembrada disso.

Aproveitando que o meu pai e a Liz ainda estavam na sala discutindo, eu estava me preparando para falar alguma coisa quando o Gael falou primeiro.

- Acho que dessa vez eles vão demorar.

Antes que eu pudesse responder alguma coisa, ele se inclinou na minha direção e me beijou. Foi apenas um selinho, mas ainda assim foi um movimento muito ousado da parte dele.

Eu fiquei parada, o encarando, totalmente sem saber como reagir e tendo esquecido completamente o que eu me preparava para dizer antes.

O meu pai e a Liz voltaram para a mesa logo em seguida e, ao que tudo indicava, meu pai tinha prometido não se levantar novamente antes do fim do jantar. Isso me incomodou e me causou alívio ao mesmo tempo. Acho que não haveriam mais beijos roubados, não é mesmo?

Para distrair o meu pai do futebol, a Liz começou a contar algumas histórias engraçadas que aconteceram no seu trabalho essa semana e, indo contra as minhas expectativas, a tática dela parecia ter funcionado. Em pouco tempo ela e o meu pai estavam rindo e sorrindo um para o outro.

Eles estavam tão distraídos que nem notaram o pequeno sobressalto que dei quando senti algo encostar na minha perna. Na mesma hora, meu olhar voou na direção do Gael. Ele apenas sorria como se tudo estivesse bem no mundo e a perna dele não estivesse roçando na minha debaixo da mesa.

Eu queria arrastá-lo para um canto e perguntar o que estava acontecendo. Depois do nosso primeiro beijo ele agiu como se tivesse cometido um crime terrível e se afastou de mim. Mas agora, depois do que aconteceu hoje mais cedo no meu quarto, a postura dele não poderia ser mais diferente. Eu daria todo o meu reino em troca de poder ler os pensamentos dele.

- Gia.

Ouvia a voz do meu pai me chamar, mas eu estava tão perdida em meus próprios pensamentos que demorei alguns segundos para me dar conta de que deveria responder alguma coisa.

- Oi.

- Eu te perguntei como está a escola.

- A escola está bem. Ela está lá parada no mesmo lugar de sempre, mais firme do que nunca.

- Gia — ele chamou novamente, usando um tom um pouco mais sério dessa vez.

- Está tudo bem na escola, pai — revirei os olhos — Você não tem que se preocupar comigo em relação a isso.

- Mas... tem alguma coisa com que eu preciso me preocupar?

- Algum namorado talvez? — Liz sugeriu com um sorriso.

Não Posso Te Beijar [livro 1]Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora