"Porque Ela Não Me Nota?"

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Sina Deinert

Quando chego em frente ao East Boston High School, as grandes paredes já chamam atenção. Desde o meu primeiro dia de aula neste colégio, a antiga arquitetura sempre fora o mais interessante em toda aquela arte arquitetônica. O vermelho opaco, querendo ou não, deixa o prédio ainda mais charmoso.

Do lado de fora já é perceptível a quantidade de alunos que estudam por aqui. Todos parecem estar em uma bolha completa com seus respectivos 'grupinhos'. Ignoro tudo e todos que se encontram na parte externa e entro no colégio sem muita dificuldade.

A multidão de estudantes também se faz presentes nos corredores. As pessoas se chocam umas nas outras sem ao menos pedir desculpas. Ou seja, uma multidão de ogros.

Abaixo minha cabeça e entro ainda mais, esperando não ser notada mais uma vez.

Minha vida nunca foi do tipo clichê, como os livros e filmes de romances mostram. Se eu tiver que escolher entre um gênero que define minha vida, provavelmente seria um drama dos que te fazem chorar durante duas horas inteiras.

Quando você perde seu pai aos 7 anos de idade, isso te marca para toda uma vida.

Ainda é fresca a memoria de minha mãe chegando à escola para me buscar, no dia em que deveria ter sido o meu pai, meu heroi. Seus olhos estavam extremamente vermelhos, eu nao fazia ideia do que estava acontecendo, até que ela que se ajoelhou na minha frente e chorando disse as palavras que me assombram até hoje. "Seu pai, meu amor, ele nao conseguiu chegar aqui para lhe buscar. - Suspira- Seremos só nós duas a partir de agora, você me entende? " Nao, eu nao a entendia. Meu pai faleceu indo me buscar? Então, se ele não o tivesse feito, ainda estaria vivo? Eu fui a culpada pela morte do meu pai?

Quando chego ao meu armário, escuto de longe gritos animados, provavelmente do time masculino de futebol. Ignoro o som e abro o armário, pegando rapidamente meu caderno e livro de literatura. Eu só preciso chegar a sala o mais rápido possível.

-Te achei! - Meu melhor amigo chega bruscamente, me assustando.

Com o susto, fecho o armário com força. O estrondo ecoa por todo o corredor, fazendo a atenção de todos ser voltada para nós dois. Enquanto eu fico vermelha de vergonha, Noah parece não perceber meu desconforto e toda atenção voltada a nós. Continua sorrindo em minha direção.

-Não precisa me assustar desse jeito - Reviro meus olhos, me direcionando a sala da professora Drews. - E eu não estava me escondendo de você para que você precisasse me achar.

- Eu preciso te contar a novidade! Adivinha quem vai estar responsável pelo baile de primavera?!

Paro no meio do corredor o encarando meio confusa. Não sou a pessoa mais esperta para perceber e fazer leitura facial das pessoas. Eu sei, estranho. Entrem para a fila de quem já me chama assim.

-Eu conheço? - Pergunto em dúvida.

-Não vou esperar você adivinhar... Eu! Eu estou responsável pelo baile! - O sorriso parecia querer rasgar o seu rosto - Está orgulhosa?

- Claro. Isso parece ser algo que você queria muito. - Sorrio levemente, continuando meu caminho.

Durante todo o restante do percurso, o moreno continuou contando sobre o que planejava para a festa. Eu tentava prestar atenção em tudo o que era dito, e até acho que estava indo bem nessa tarefa, até que ele foi diminuindo a velocidade dos passos junto com o tom de voz. E isso significava apenas uma coisa, ou melhor, uma pessoa: Heyoon Jeong.

Minhas suspeitas foram sanadas, quando olhei em direção a sala de literatura.

A coreana se encontrava na frente da porta com seus três irmão e mais dois amigos. O grupo mais popular do East Boston. O que para mim era indiferente, para meu amigo o fazia quase ter um ataque cardíaco. O vestido florido da mais velha dava um destaque ao seus olhos castanhos, que brilhavam por estar rindo de algo que Bailey falava, sua jaqueta azul de capitã do time, dava um contraste ao tom levemente bronzeado de sua pele.

Um Clichê Chamado Eu e Você - SIYOONWhere stories live. Discover now