"O pior dos seres humanos"

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O dia de hoje, sem duvidas foi o mais irreal dos últimos tempos. Minha rotina foi quebrada, e só esse fato me deixou extremamente irritada. O resto das aulas foram feitas de forma automática, não conseguia focar em nada, pensamentos confusos se formavam na minha cabeça. Havia momentos em que eu não sabia onde eu me encontrava e em que dia estávamos.

Apesar de isso ter acontecido a 3 horas atrás, meu coração continua acelerado, mesmo que eu já esteja deitada em minha cama, com fones de ouvidos em uma casa totalmente vazia. Tentava lutar por ar, que não queria se fazer presente, as lagrimas faziam questão de jorrar dos meus olhos. Eu perdi o controle, não era para aquilo ter acontecido. Eu deveria ter dito não.

O coração não se acalma, a respiração não se regula e a mente continua voltando para aquelas palavras que irão me assombrar para o resto do ano letivo. Será uma honra, senhorita Drews.

Tento regular minha maldita respiração. Um. Dois. Três. Quando podemos começar? Um. Dois. Três. Eu posso escrever minha opinião sobre alguns poemas e você faz o mesmo. Um. Dois. Três. Mas aí perderia toda a graça. Um. Dois. Três. Eu não acho. Um. Dois. Três. Quatro. Te encontro amanhã ás 08:45 na biblioteca. Um. Dois. Três. Quatro. Cinco.

Foco minha visão nos objetos que tem no meu quarto: Vejo meu computador em cima da mesa de estudos, localizo meu moletom de Friends jogado na cadeira ao lado da porta, O porta retrato com uma foto antiga de minha família ao meu lado da cama. Respiro fundo. Levanto da cama para pegar minha bolsa. Meu caderno, eu preciso do meu caderno. Quando enfim sinto a textura dele, suspiro aliviada. Ali estava toda uma vida, um amontoado de sentimentos que nunca foram compartilhados com ninguém. Meu lugar de paz, o lugar onde eu me encontrava indiretamente com meu pai. 

Me sento no chão, sentindo a frieza daquele duro lugar. A respiração ainda se encontra desregulada, e o coração ainda está correndo uma maratona, mas eu finalmente posso me senti segura. Eu finalmente estou em casa.

Pai, Você não sabe o quanto faz falta. Sei que falo isso todas as vezes, mas hoje a saudade está machucando demais. Sinto como se varias pontas de facas estivessem perfurando meu estomago e coração. Estou sangrando e ninguém está aqui para estancar o sangue. Provavelmente você diria que eu ainda tenho forças para fazer isso eu mesma, mas eu não tenho. Minha vida está se tornando um espiral de pensamentos ruins, e minha mãe está curando todos menos sua própria filha. E meu pai...Bom, você sabe. Ele não pode me abraçar no momento.

O dia não foi dos melhores. Quebrei uma rotina que estava dando certo. Eu já não chorava todos os dias. Mas ela chegou... Noah não tinha me dito o quão insistente e persuasiva ela podia ser. Sabe de quem estou falando, não é? Heyoon, a capitã das líderes de torcida, a crush do idiota do meu amigo a mais de três anos. Sabe, eu fico me perguntando, como alguém pode se apaixonar por uma pessoa em tão pouco tempo e perdurar esse sentimento por anos sem ao menos contar para a protagonistas de tais emoções? Isso me irrita em um grau gigantesco, mas não serei eu a estragar a ilusão do meu amigo. A única coisa que sei, é que a mesma tem um namorado. E os dois parecem se dar bem, não tem a mínima possibilidade de dar certo entre o Noah e ela. Mas sabe o que ele me fez prometer? Que eu deveria falar sobre as maiores qualidades dele para a outra. Isso é tão infantil. Mas cá estou eu... Com uma rotina quebrada, uma operação cupido e como uma desmancha lar, se olharmos do outro lado da moeda.

O que está acontecendo comigo, pai? Eu só queria mais um abraço. É pedir muito?

Com amor e saudades,

De sua filha, Sina.

Respiro mais aliviada. O coração diminui o ritmo antes elevada, e o ar parecia voltar devagar para o pulmão.

Um Clichê Chamado Eu e Você - SIYOONWhere stories live. Discover now