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Você sempre espera que esse tipo de coisa aconteça com a pessoa ao seu lado, mas nunca com você.

Harry tinha sido estuprado, sem a menor chance de defesa.

E só de pensar que as chances dele não andar mais e de não falar mais eram grandes.

Eu descobriria quem tinha feito isso. Ah se faria.

"Quando ele vai poder ir pra casa?" perguntei para Luiz.

"Temos que esperar o caso dele ficar instável. Sabe que se ele não conseguir andar mais, ele ficará dependente de vocês, certo? Não podemos liberá-lo para algo pior acontecer." Luiz disse calmo.

"Como você consegue?" perguntei.

Já estávamos do lado de fora do quarto, andando pelo hospital.

"Como consigo o que?" retrucou.

"Como consegue ser médico? Como consegue dar notícias para as famílias de que os parentes morreram ou sei lá?".

"Já existiram pacientes aos quais me apeguei e eles acabaram falecendo. Se foi difícil para mim, imagino para a família" ele me respondeu.

Então concluí que não gostaria de ser médico. Não gostaria de ter tantas pessoas bem nas minhas mãos, e vê-las morrer.

Então paramos novamente em frente ao quarto, e Luiz fez um sinal de que teria que ir.

Entrei no quarto e olhei para Harry, e para aquela maldita cama.

Odiava hospitais, mas eu simplesmente tomaria as dores de Harry só para entrar em seu lugar e tirá-lo dali.

Me aproximei dele. Puxei a mesma poltrona de sempre para mais perto da cama e então me sentei.

Peguei a mão de Harry, como sempre.

A acariciei como sempre.

E cantei no seu ouvido, como sempre.

Ride (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora