Capítulo 8 - Um questionário animado

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Depois do toque de entrada, sentei-me na minha secretária enquanto ouvia o Macao a ditar o sumário.

– Lucy. – Ouvi o Natsu chamar-me baixinho. Virei-me para trás discretamente e ele falou.

– Estás melhor? – O rapaz quis certificar-se, o que me fez sorrir.

– Sim, obrigada. Depois quero falar contigo no final das aulas. – Avisei-o.

Ao virar-me para a frente, consegui ver o Sting a olhar para mim atentamente. Boa, as coisas não poderiam estar piores. O Natsu reparou que eu olhava para ele e voltou-se para trás, o que fez o Sting olhar para o rosado. Estavam cada vez piores... Agora aqueles dois disputavam a minha atenção como se fossem crianças!

Resolvi virar-me para a frente na esperança de separar os olhares agressivos que aqueles dois trocavam um com o outro, e a minha ideia acabou por ser bem sucedida.

Quatro horas depois...

As aulas tinham finalmente terminado e por isso fui para os montes, onde tinha combinado encontrar-me com o Natsu.

Cerca de dez minutos depois, ele apareceu, iliminando as dúvidas que eu tinha criado sobre ele poder não vir ter comigo.

– Tanto tempo! – Reclamei.

– Acabei por ter que devolver os boxers ao Gray, se não a Juvia desmaiava... – Gozou ele, o que me fez rir.

– Sobre o que queres falar, loirinha? – Quis saber ele.

– O meu nome é Lucy. – Disse-lhe, tentando convencê-lo a chamar-me pelo meu nome.

– Hmm... Está bem, loirinha. – Confirmou ele, o que me fez suspirar. Afinal ele nunca vai mudar...

O meu telemóvel vibrou no meu bolso e retirei-o para ver quem era. O Sting? Será que ele não entende que pombo-correio é o mesmo que telemóvel?

Rejeitei imediatamente a chamada e guardei de novo o telefone.

– Podias ter atendido. – Disse o Natsu.

– Mas ele não merece... – Respondi, formando assim um silêncio constrangedor que se instalou por alguns segundos e que acabou por ser quebrado pelo rosado.

– E então? Sobre o que querias falar comigo, afinal? – Quis saber ele.

– Bom, queria saber mais coisas sobre ti. – Informei-o.

– O quê? Mais coisas sobre mim? – Repetiu ele, surpreendido.

– Sim. O que foi? Porquê tanto espanto? – Respondi.

– Bom, por nada... E o que queres saber sobre mim, exatamente? – Continuou ele, massajando a parte de trás da sua cabeça.

– Conta-me coisas sobre ti! – Pedi, curiosa e entusiasmada.

– Ah, sei lá... – O rapaz reclamou baixo, deixando um tom vermelho preencher levemente as suas bochechas.

Suspirei, um pouco impaciente. Afinal, era só ele dizer o nome do prato de comida favorito dele ou algo do género...

– Qual é o teu nome completo? – Resolvi perguntar. Já sabia que se ficasse à espera que ele começasse, não ia a lado nenhum.

– Natsu Dragneel. – O rosado respondeu-me, o que me fez dar-lhe um sorriso rasgado.

Eu sei que toda a gente podia ver o nome dele na lista que estava ao fundo da sala, assim como podia ver o nome de todas as outras pessoas da nossa turma, mas senti-me importante por saber alguma coisa sobre ele. Mesmo que fosse o mais óbvio ou fácil de descobrir!

– Olha... Todas as perguntas que me fizeres, também tens que lhes responder, ouviste? – O rapaz impôs a condição, que eu acabei por confirmar com a cabeça.

– O meu nome é Lucy Heartfilia. – Informei, e pela primeira vez na vida tive orgulho em dizer o meu nome completo.

– Quantos anos tens? – Perguntei-lhe.

– Dezassete anos... – Respondeu.

– Eu também! – Informei, embora não fosse surpresa nenhuma, tendo em conta que estávamos no mesmo ano de escolaridade.

– Como se chama o teu pai? – Perguntei.

Se lhe perguntasse sobre a mãe, depois também teria que falar sobre a minha, e isso seria demasiado doloroso para mim...

Por momentos, ele hesitou em dizer o nome do pai, o que me deixou curiosa.

– Igneel... – Ele acabou por responder, agarrando o seu cachecol.

– O meu chama-se Jude, mas... Eu disse alguma coisa que não devia ter dito? – Fiquei preocupada.

– O meu pai abandonou-me quando era pequeno e nunca mais voltou... – Ele respondeu-me num tom baixo, o que me fez arrepender de toda esta ideia de o conhecer melhor.

A Erza tinha-me dito que ele já tinha passado por muito. Então era a isto que ela se referia...

– Lamento... Desculpa... – Disse-lhe desajeitadamente enquanto pegava na minha mochila.

– Sinto muito. – Acabei por dizer enquanto me ia embora, mas ele agarrou a minha mão.

– Não vás. Vamos continuar. – Pediu ele, olhando-me nos olhos.

Acabei por sorrir e voltei a sentar-me com ele.

– Bom, por que é que usas sempre esses cachecol? – Continuei a sessão de perguntas.

– Porque foi o Igneel que me deu. – O rosado sorriu.

– Bem, tu não usas nenhum cachecol, por isso... Por que é que usas sempre, ou quase sempre, um rabo de cavalo do lado direito? – Perguntou ele.

– Porque acho que me fica bem. – Confessei.

– Por que é que pintas o cabelo? – Perguntei-lhe. Esta era uma das questões que mais me interessava.

– O quê? Eu não pinto o cabelo. – Disse ele, o que me deixou surpreendida.

– Não? – Quis certificar-me.

– Não. Apesar de ser rosa, o meu cabelo é natural. Se pintasse o cabelo seria de castanho ou algo do género. – Riu-se ele.

– Acho que ficas bem assim. – Informei-o, o que o fez sorrir para mim.

Fiz-lhe várias e várias perguntas e perdemos a noção do tempo entre risos, sorrisos e surpresas sobre o outro, até que as minhas perguntas se esgotaram.

– Bem, acho que é melhor ir andando. Afinal, temos bastantes trabalhos de casa para fazer... – Relembrei-o.

– Eu nunca os faço. – Riu-se ele, orgulhoso.

– Enfim... És sempre a mesma coisa. Bom, até amanhã! – Despedi-me dele enquanto pegava na mochila.

Levantei-me e segui em frente, pronta para ir embora, quando o Natsu me puxou para trás, fazendo-me cair sobre o banco onde tinha estado sentada até à altura.

– H-Hey! – Disse corada, mas ele interrompeu-me com um beijo.

Outra vez?!

Tentei empurra-lo, mas como já tinha comprovado antes, ele era mais forte que eu e não conseguia fazê-lo mexer-se nem um bocadinho.

– Para! – Berrei depois de conseguir afastar a sua cabeça da minha.

Ele levantou-se e pôs-se de pé, com as mãos nos bolsos.

– Então, até amanhã! – Ele despediu-se como se nada tivesse acontecido e seguiu em frente, afastando-se enquanto acenava de costas para mim.

Ok... De facto, este tinha sido o momento mais estúpido da minha vida...

– O... O que é que se passou aqui? – Perguntei baixo, acalmando a minha respiração.

Considerei contar ao Sting o que se andava a passar, mas rapidamente sacudi essa ideia da minha cabeça e levantei-me, pronta para me ir embora enquanto recuperava o fôlego do que se tinha passado.

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