Capítulo 32 - Outra discussão

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Floresta, 08h45...

Estava um gelo, e apesar de estarmos numa visita de estudo, tínhamos que usar os uniformes super descapotáveis do colégio...

Já quase todos se encontravam na floresta. Só faltavam o Gray, o Gajeel e o Natsu (os mesmos atrasadinhos de sempre).

– N-Não sinto as... As minhas pernas... – Queixei-me enquanto os meus dentes batiam uns nos outros.

– N-Nem eu... – Disse a Erza, também com os dentes a baterem. No mesmo momento em que a rapariga se queixou, o Jellal apareceu por trás dela e abraçou-a pelas costas. Ele devia estar bem quentinho!

Sorri para aqueles dois apaixonados e de seguida o Natsu e os outros apareceram. Também pareciam bem quentinhos (e, coincidência ou não, os dois comprometidos fizeram às suas namoradas o mesmo que o Jellal tinha feito à Erza).

– Certo. Quero que façam grupos pares e que explorem a floresta. Tomem apontamentos e façam as atividades que encontrarem espalhadas por toda a área. Quando voltarmos para o colégio, têm três dias para me entregar um relatório no qual me explicarão o que aprenderam nesta visita. – Anunciou o Macao, dando de seguida a ordem de partida.

Fiquei parada à espera que alguém viesse ter comigo e que me convidasse para formar um grupo consigo, mas acabámos por ficar só eu e o Natsu, parados, a olhar um para o outro.

– Bom... Parece que ficamos só nós... – Comentou o rosado, massajando a parte de trás da cabeça. Já tinha reparado que ele o fazia sempre que estava nervoso ou desconfortável.

– Hmm... Pois. – Confirmei. Por alguma razão, as minhas bochechas começaram a aquecer, e as dele ficaram um pouco vermelhas.

"Mas eu aposto que o Natsu gosta de ti!", relembrava as palavras da Levy dentro da minha cabeça. Não as conseguia deixar de lado...

Forcei-me a concentrar as minhas energias nas atividades e comecei a apontar coisas estúpidas num pequeno bloco, como o meu número de telemóvel...

Parecia que tudo aquilo que fazia me levava a pensar no Natsu: o meu número de telemóvel lembrava-me o facto de o Natsu o ter roubado do telemóvel do Gray. Roupas cor de rosa lembravam-me o seu cabelo. Sandes lembravam-me o dia em que estive doente e que ele ficou comigo...

Antes, todas as decisões que tomava na minha vida faziam-me pensar no Sting, mas agora, bastava-me ver certas coisas para me lembrar do Natsu.

Depois de a minha milionésima tentativa de afastar estes pensamentos da minha cabeça ser bem sucedida, deixei-me levar por aquela descontração.

As atividades eram bastante interessantes. Fizemos escalada em conjunto com o grupo da Erza e do Jellal, resolvemos alguns quebra-cabeças contra o grupo do Gajeel e da Levy, vimos algumas aves que habitavam a floresta, entre outras coisas. E, por mais incrível que parecesse, o dia já estava quase a chegar ao fim.

Eu e o Natsu parámos um pouco a meio do caminho de regresso ao hotel para descansar, e acabei por me dirigir ao Natsu.

– Eu gosto de estar contigo. Foi mesmo um dia espetacular. – Deixei escapar enquanto via alguns pássaros a mexerem-se nos seus ninhos.

– Yah... – Respondeu ele num tom de voz estranho, encostando-se a uma árvore.

– O que foi? – Perguntei, confusa com aquele tom de voz.

– Nada... – Disse ele da mesma forma, desviando o olhar.

– Natsu... – Insisti, mandona.

As bochechas vermelhas do rapaz desapareceram e o seu rosto foi preenchida por uma expressão estranha. Ele estava zangado?

– Só acho que estás a confundir as coisas... – Começou ele, sempre cheio de rodeios...

– Confundir as coisas? Sê direto. – Continuei, confusa.

– Sim. Eu já te disse que não namoro. Aquilo que nós temos não vai avançar mais que isto... – Disse ele com uma voz séria. Por alguma razão, aquelas palavras pareciam uma facada no meu coração.

Como assim? Como assim a nossa relação "não vai avançar mais que isto"? E por que é que ele é tão estúpido? Ele... Ele não sabe o futuro. Ele não sabe se nós podemos avançar mais na nossa relação ou não!

Wow. Calma. Acho que estava a tentar convencer-me de que nós tínhamos que avançar...

Não é que eu não queira, mas... Eu nem sequer sei aquilo que sinto para poder responder ao que ele disse. Simplesmente não sei...

– Por que é que tu és tão parvo? – Perguntei. Na altura parecia-me a resposta mais ideal para o momento, mas enganei-me.

– Parva és tu, que achas que eu posso amar alguém. – Retrucou ele com desdém. Oh, esta tinha magoado...

– O que...? És capaz de parar de ser assim tão desagradável? – Foi a única coisa que consegui responder entre gaguejos. Os meus olhos começavam a arder, e muito...

– Não estou a ser desagradável. Estou a ser realista. – Retrucou ele, todo convencido.

– Basta! – Cortei-o.

– Vocês homens são todos iguais. São carinhosos ao início, mas depois acabam com tudo como se nós não valesse-mos nada! Estávamos tão bem, Natsu, mas nestes últimos cinco minutos resolveste estragar tudo! Resolveste estragar os filmes, as sandes, os sorrisos, as pipocas, as gargalhadas. Tudo! Podias desaparecer da minha vida e deixar-me em paz! – Gritei enquanto uma lágrima rolava pela minha bochecha, até ao meu queixo.

Corri dali para fora e depois de estar bem longe daquele idiota, escondi-me atrás de uns arbustos e deixei o choro tomar conta de mim.

Porquê? Por que é que ele tinha que ser assim? Por que é que o rapaz por quem eu me estava a apaixonar tinha que ser assim tão frio? Sim, por que isto só podia ser amor. Não havia outra explicação para ele mexer assim tanto comigo, e com as minhas emoções e sentimentos...

Assim, isso explicava o facto de sentir tanto a falta dele, de estar sempre a pensar nele, de chorar por ele... E explicava também o facto de os meus sentimentos pelo Sting terem desaparecido misteriosamente.

Não queria que isto evoluísse mais, mas não tinha forma de o parar. Não conseguia evitar o facto de querer estar sempre com o Natsu, de querer sentir o seu cheiro, o seu calor, de querer sentir o tecido macio e cuidado do seu cachecol...

Natsu On#

– Bolas! – Guinchei enquanto pontapeava a neve.

– Só faço asneiras... Sm vez de me aproximar dela... – Rosnei a mim próprio.

Comecei a andar sem rumo pela floresta enquanto afundava os meus pés no amontoado de neve que cobria o chão.

A loirinha tinha mudado a minha vida. Pela primeira vez, comecei a preocupar-me mais com os outros. A preocupar-me com alguém...

Estava irritado não só por ter sido um otário com ela, mas também por ela me deixar neste estado de ansiedade. Odeio não ter controlo em mim próprio!

A minha vida estava uma bagunça. Parecia que cada movimento meu era vigiado por aquela rapariga. Era estranho. Vejo-me a toda a hora a pensar nela, sonho com ela... Era irritante ter alguém que me deixava neste estado!

– Que raio é isto...? – Perguntei enquanto caminhava pela neve sem ver para onde ia.

Não percebia o que se passava comigo, mas a loirinha tinha-me mudado. A mim, e à minha forma de pensar, de agir...

Isto era... Amor?

Nunca tinha gostado de ninguém como gostava daquela miúda. Nunca tinha tido tanta necessidade de estar com alguém... Era tudo tão estranho!

Os meus pensamentos foram cortados quando deixei de sentir o chão e o meu corpo começou a cair, dando-me apenas tempo para gritar. Bati com a cabeça no chão e não vi mais nada.

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