Capítulo 9

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Decidi ligar para Leone e pedir para voltar ao trabalho, eu não podia ficar ali tanto tempo sem ter algo produtivo para fazer. Fui tão enfático, provavelmente ele percebeu meu tom melancólico e deprimido, que ele me permitiu voltar amanhã ao trabalho, mas só após me fazer prometer que iria respeitar os meus limites. Não desci para o café da manhã, não tinha mais saco de ficar fazendo teatro, ainda mais depois da conversa de ontem. Fui direto para cozinha tomar o meu café sozinho, os pensamentos estavam me deixando louco, eu precisava sair daquela casa o mais rápido possível.

Peguei a chave do carro e sai sem rumo, dei algumas voltas sem ter a menor ideia para onde ir. Sem pensar muito acabei indo para a casa de Emily, eu sabia que aquilo não fazia sentido nenhum, mas eu me sentia completamente sozinho, perdido, sem a menor ideia como acalmar meus sentimentos, eu sentia minha cabeça pesar. Cheguei em seu prédio, o porteiro já me conhecia, me deixando entrar sem avisá-la, assim que entrei no elevador senti o medo, o coração estava começando a acelerar, lembrei que deixei a medicação no carro, não dava tempo de voltar, apertei seu andar várias vezes, angustiado, pensei em voltar atrás, mas tive medo.

Parecia uma eternidade lá dentro, a minha imaginação conseguia ser aterrorizantes, as imagens mais assustadoras apareciam na minha cabeça, comecei a suar muito, o elevador abriu e eu corri para a sua porta, toquei a companhia várias vezes, meu coração parecia que ia explodir, ela abriu a porta e eu entrei correndo e sentei no chão da sala sem ar.

- John? O que aconteceu você está passando mal. – Ela começou a me abanar com uma revista.

- Não consigo respirar... – Tentei falar, mas estava muito ofegante.

- Você está pálido. Vou ligar para a emergência.

- Não, já vai passar. Só preciso me acalmar. – Tento segurar ela.

- O que você está sentindo? – Ela coloca a mão no peito e sente o coração acelerado.

- O peito dói... – Digo devagar, com dificuldade. – Já vai passar...

- John, do que você está falando você está tendo um ataque cardíaco. – Ela tenta sair para pegar o telefone.

O som estava começando a ficar distante e eu sabia que estava perdendo o controle de novo, isso me deixava ainda mais em pânico. A crise estava muito rápida, não consegui ver mais nada na minha frente, a voz de Emily estava muito distante, a morte começou a passar pela minha cabeça. A escuridão foi total.

Sinto meus sentidos voltarem, ainda com muita confusão, meus olhos estavam irritados com a luz no ambiente, tentava imaginar onde eu estava. Até que consigo identificar Emily, eu estava em algum lugar que parecia um quarto, mas a luz era muito intensa, as paredes brancas.

- Onde eu estou?

- No hospital, você me deu um belo de um susto, rapaz. – Ela segura a minha mão.

Começo a lembrar das cenas finais antes de apagar e fico envergonhado.

- John, você teve uma crise de pânico.

- Eu sei. – Sinto a vergonha tomar conta de mim, não deveria ter ido até a casa dela.

- Você já teve antes? – Ela continua segurando a minha mão.

- Sim, tenho crises há quase cinco anos. Desculpa ter ido na sua casa. Eu não queria te assustar, só estava confuso demais, não consegui pensar em outro lugar. Eu não deveria ter ido.

- John, somos amigos.

Leone aparece no quarto visivelmente agitado e preocupado.

- Outra crise? – Ele pergunta em nossa direção.

As marcas do medo.Where stories live. Discover now