Capítulo 29

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Nós saímos do berçário e fomos para uma das salas de descanso, era um lugar mais calmo, como tinha várias, dificilmente a da ala da maternidade tinha alguém, sabíamos por que era sempre em uma delas que nos encontrávamos no hospital. Ela coloca o jaleco pendurado atrás da porta, estava de calça jeans e uma blusa preta, linda como sempre, ela se senta em uma das camas, eu pego café para nós dois e me sento na outra de frente para ela, não consigo evitar meus olhos nela. Ela me ouve respirar fundo.

- Te dei um susto. – Ela pontua sorrindo.

- Um susto muito bom, mas ainda assim um susto. – Acabo sorrindo também.

- Vi vocês no noticiário e imaginei que estava precisando de ajuda.

- Não posso negar que estou, agradeço a sua preocupação. – Tento me concentrar, a minha vontade é de acabar essa conversa e beijá-la, mesmo sabendo que não posso, que talvez ela nem queira mais. 

Ficamos em silêncio um pouco.

- Não sei o que dizer, acho que ensaiei tanto um possível encontro nosso, que agora tudo foge da minha cabeça. – Digo dando de ombros.

Ela levanta e senta ao meu lado. Sinto suas mãos no meu cabelo, seu toque me faz estremecer, ela sabia o domínio que tinha sobre mim, cada toque era um ponto fraco, senti tanta saudade daqueles dedos me tocando. Só olhei para ela, ela também estava me olhando, seus olhos cor de mel, sua boca perfeita acaba me chamando para mais perto, não percebo ela sair então eu vou lentamente até a sua boca, toco meus lábios no seu, sinto o sabor, nossas bocas ficam coladas um pouco, passo minha boca e nariz por suas bochechas sentindo sua pele, arranhando-a com a minha barba, sinto seu corpo estremecer.

Eu coloco a caneca no chão, a minha e a dela. Minhas mãos vão para o seu rosto, eu passo meus dedos acariciando-a, sua pele macia, sensível ao meu toque, eu a beijo devagar, sinto seu coração bater junto com o meu, eu respiro fundo e me distancio olhando-a, queria ter certeza daquela imagem, a beijo mais uma vez intensamente, saboreando seus lábios e sua língua. "Senti tanta saudade do seu beijo" eu sussurro em seu ouvido. Ela me beija, uma das mãos passam por minha barba malfeita a outra está no meu cabelo.

Não consigo evitar o movimento do meu corpo indo para cima dela, suas mãos estavam passando pelas minhas costas, um arrepio bom passa por mim, coloco-as por dentro da minha camisa e sinto seus dedos nas minhas cicatrizes, só ela era capaz de fazer sentir prazer ali. Eu a olho novamente, seus olhos estavam cheios de desejo, seus dentes serrados no meu lábio inferior, eu não consigo me controlar a ela. Eu abro o seu jeans e sinto sua respiração ofegante, ela abre a minha calça também e sua mão passa por mim, me deixando ainda mais louco.

Eu a deito devagar na cama, jogando-me em cima dela, pressionando-a contra a cama, ela me olha, seu olhar é fatal, eu acaricio cada centímetro da sua pele, ela me puxa e eu beijo seu ombro, seu pescoço, seu queixo eu queria aproveitar cada minuto do seu corpo, sinto seu quadril se movimentar, dançando em mim e eu a pressiono ainda mais, minhas mãos estão em seu cabelo, deito completamente em seu corpo e sinto suas pernas me abraçarem, era muito para mim, ela sabia disso. Vou até o seu ouvido e sussurro: "Eu te amo Emily. " Sinto o seu prazer percorrer todo o corpo, estimulando ainda mais o meu.

Deito-me colocando-a em meu peito, minha posição favorita quando estou com ela, acaricio seu cabelo, beijo sua mão várias vezes e entrelaço na minha, seus olhos cor de mel me fitam e eu beijo sua testa.

- Eu não te esqueci nem por um dia. – Confirmo, respirando fundo.

- Eu também não. – Ela me diz baixinho.

 Eu a olho.

- Tenho medo de te perguntar tanta coisa. – Digo beijo a sua mão. – Desativei minhas redes sociais para conseguir te deixar em paz.

- Se quer saber se estou com alguém a resposta é não.

Essa resposta me alivia. Era basicamente o que todas as minhas perguntas dariam no final, saber se ela ainda era minha de alguma forma.

- Mas ainda não posso ficar com você. – Ela termina.

Eu sabia disso e por mais que a quisesse muito, eu sabia que era injusto com ela pedir para viver comigo assim, agora, onde nada estava resolvido.

- Eu sei que não veio para ficar, conheço seu olhar, seu corpo, sua respiração.

- Eu sei disso. – Ela diz enquanto beija o meu peitoral. Seu beijo era quente.

- Pensei muito antes de vim John, pensei se queria confundir ainda mais as coisas entre nós. Eu sabia que tinha uma chance muito grande de terminarmos aqui, exatamente como estamos agora. Ainda assim eu vim, quando te imaginei sozinho nessa situação eu vim.

Meus olhos estavam cheios, por um lado eu estava feliz demais em tê-la ali, por outro eu sabia o quanto seria difícil dar tchau novamente.

- Muita coisa mudou dentro de mim, não posso negar o quando a chegada da minha filha tem me transformado. Mas o que sinto por você é algo que não passa.

- Você e Sarah... – Ela não termina a frase.

- Somos amigos e pais de Cecília, apenas. Conseguimos estabelecer uma relação de respeito e amizade, mas não passa disso.

- Será que um dia vamos conseguir viver isso? – Ela pergunta.

- Acho que essa é uma pergunta que só você pode responder Emily. Eu sei que te quero, mas não posso te obrigar a querer embarcar nisso comigo. Tenho um caminho longo para percorrer de descobertas e desafios, eu sei que não é justo para você, não posso te prometer coisas que talvez eu não possa cumprir agora.

Ela beija minha mão.

- Sempre tão responsável, a qualidade que mais admiro em você.

- E você sempre tão decidida. – Sorrio.

- Me perdoe se eu demorar para fazer essa escolha. Não estou pedindo para me esperar, eu sei que é um risco que vou ter que correr. – Ela estava olhando em meus olhos.

- Eu não quero prometer te esperar, mas meu coração é seu, acredito que ele só vai deixar de ser quando não o quiser mais. Eu quero respeitar a sua escolha, mas por favor me diga se desistir de nós. Só preciso saber disso.

Ela me beija, ficamos ali por um tempo até que ela levanta e eu também, eu a abraço de novo um abraço apertado e beijo sua boca.

- Eu prometo te avisar. – Ela me diz enquanto nos vestimos.

Passei a noite no hospital com Sarah novamente, ela acordou mais uma vez, quis saber notícias da nossa filha e depois voltou a dormir. Eu me sentia tranquilo em saber que Emily estava com Cecília. Não pude evitar pensar nela a noite toda, para o meu coração era como se ela nunca tivesse ido embora. Não queria vê-la partir novamente, mas essa era uma escolha dela, a minha eu já tinha feito no dia em que me apaixonei, no dia que a pedi em namoro.

**

Sarah estava melhor e o seu desejo de ver nossa filha era constante, os médicos então a liberaram para que ela fosse no berçário para ver Cecília. Eu a ajudei a andar pelo hospital, quando chegamos Emily estava monitorando próximo a incubadora, Sarah não a reconheceu, se aproximou da nossa filha e chorou, eu a segurei e a fiz sentar.

- Nossa menina é linda e forte, Sarah.

Emily pegou Cecília nos braços e entregou a Sarah. Ela não teve dificuldade em pegar nossa filha no colo, ela a beijava e verificava todo o seu corpinho. Cecília abre os olhos parece que reconheceu a mãe, seus olhinhos estavam mais claros.

- Acho que puxou seus olhos, John. – Ela sorri para mim.

- Posso amamentá-la? – Sarah pergunta a Emily.

Emily a ajuda na amamentação, explica a pega e posiciona a bebê no seio de Sarah, ela consegue sugar. Era um momento único. Me sinto um pouco constrangido com a presença de Emily, mas eu sei que ela era muito profissional e nunca a tinha visto sentir ciúmes antes. Cecília dorme assim que termina de mamar, ela fica um pouco com a bebê nos braços até que percebo que ela também estava cansada. 

Acho melhor leva-la de volta para o quarto, depois de acomodá-la na cama, ela pega no sono.

As marcas do medo.Where stories live. Discover now