2 temporada - Capítulo 08

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Clarke point of view

Eu tinha exagerado, sim. Fiquei o dia todo rodando dentro desse castelo esperando a Lexa voltar. E quando ela voltou, eu não soube pedir desculpas e ela acabou sendo tão rude quanto eu fui. Não me chatiei por isso. Ela só estava me devolvendo. Ouvi quando ela foi procurar meu pai e por ser curiosa, a segui. Fiquei no corredor e ouvi a conversa quase toda.

Depois de saber que a conversa acabou, aguardei ela passar pelo corredor e foi isso que aconteceu. Pedi desculpas sem pestanejar. Eu sugeri uma amizade e acabei "destruindo" nossa tentativa inicial. Era a minha obrigação. Mas quando a vi sorrir da minha cara, não aguentei. Comecei desferir tapas leves em seu corpo e foi então que ela me segurou e me agarrou. Essa aproximação repentina causou em mim algo estranho, tão estranho. E assim, inexplicavelmente, ela me beijou.

Sua mão veio até meu pescoço e a outra me aproximou ao seu corpo pela cintura. Meus lábios pareciam ansiar por isso há tanto tempo...
Ela me encostou na parede e intensificou o beijo. Eu já estava ofegante e já não era dona da minha sanidade. Foi quando ouvi passos se aproximando e me separei dela.

- Eu... É...

- Clarke...

Antes que ela falasse qualquer outra coisa, saí correndo em direção ao meu quarto. Tranquei a porta, como se isso criasse uma muralha entre mim e ela, e me joguei na cama. Minha mente estava confusa, perturbada. A Lexa me beijou. E pior, eu correspondi e gostei. Afundei meu rosto no travesseiro e abafei um grito de raiva. Como uma mulher madura e corajosa, me manterei nesse quarto até amanhã. Quando eu a ver, serei a Clarke de sempre. Sem alvoroços, sem nada. Pacífica como o oceano. Resolvo tomar um banho e deitar. A noite parece que vai ser longa.

...

Depois de pronta, desço para comer alguma coisa. Ensaiei muito minha pose séria e centrada. Eu tenho 18 anos, ok, mas idade não define maturidade. E eu não quero deixar transparecer toda a minha alegria por ter sido beijada pela primeira vez pelo minha esposa.

- Bom dia. - Digo quando vejo meus pais à mesa. - A Lexa não desceu?

- Ainda não, filha. Deverias ir lá ver se tua esposa não precisa de algo. - Minha mãe sugere.

- Não é necessário. Estou aqui, Becky. - A voz de Lexa ecoa atrás de mim. - Bom dia para todos.

Engulo seco e tomo meu lugar na mesa. Se ela acha que eu vou ficar de troquinha de olhares ou de risinhos bobos pro lado dela... Ai ai. Ela senta-se e começa a servir-se. Como ela é lobo, precisa comer bastante pra estar saciada. Nós vampiros precisamos apenas de uma taça de sangue. Comemos mais coisas por querer mesmo.

- Você avisou á sua esposa sobre as visitas, filha?

E não é que eu esqueci? Acho que pelo olhar que ela me deu, ela presumiu que esqueci. Seu olhar vira para meu... Para Lexa.

- Uma família de vampiros está vindo se hospedar em nossa casa. Eles vem de longe e a casa que eles pediram para construir aqui ainda não está pronta. Junto com eles vem um pequeno bando de vampiros. Querem morar por perto, Lexa. Em nossa cidade.

- Entendo.

O olhar dela cai em mim, mas eu desvio. Sorte minha ser vampira e não poder corar. Agora eu estaria entregando o quanto sua presença mexe comigo. Eu estou me apaixonando pela minha esposa. É fato. É o fim.

- Eu e Becky precisamos avisar o povo sobre a vinda do pequeno bando. Voltamos perto da hora do almoço. - Meu pai diz e sai levando minha mãe.

O clima fica tenso e silencioso. Termino de tomar minha taça de sangue, limpo a boca em um guardanapo e saio da mesa.

- Está fugindo, Clarke?

Eu já disse quão sensual é meu nome dito por ela? Chega a parecer uma música viciante. Viro-me para observá-la e a mesma está me olhando com uma sobrancelha erguida.

- Fugir? Por que? - Faço-me de desentendida. - Pelo que lembro não há mais clima pesado entre nós para que eu fuja.

- É... Não há.

Assinto e saio da sua presença. Engano meu ou vi chateação em seus olhos? Ela queria que eu falasse algo ou desse a entender que estava interessada no que aconteceu. Se ela não vier e falar, também não vou. É isso. Somos amigas, não é? Ai, preciso da Octavia. Ótima ideia, burra! Vá se confessar na irmã dela. Bravo!

- Clarke? - Ela me seguiu. - Quero te pedir desculpas.

- Não tem por...

- Eu fui idiota e acabei deixando a carência falar mais alto. Acabei te beijando e isso não foi legal. - Ela coça a cabeça, parece perdida. - Somos amigas, apesar de sermos casadas. Não podemos e não iremos confundir isso.

Pisco os olhos algumas vezes tentando conter a vontade de chorar. Engulo o choro e sorrio. Sorrir disfarça muito. Sempre usei o sorriso como disfarce para as minhas dores.

- Não se preocupe. Foi um beijo de amigas, sem sentimento. - Toquei em seu ombro. - Você se preocupou à toa. Não significou nada. Enfim, vou visitar a sua irmã, quer me acompanhar?

Ela fica um tempo olhando meu rosto com a boca entreaberta, mas logo sai do seu transe e assente. Aviso que vou me arrumar e logo estaremos indo. No quarto, deixo as lágrimas pesadas caírem. Que idiota, Clarke! Você é uma idiota! Quer amadurecer, mas está chorando por qualquer coisa. Enxugo minhas lágrimas, ajeito meu rosto com maquiagem e desço. Logo vamos caminhando até o Vilarejo Crescente. Um silêncio estranho se instalou entre nós. Odiei.

Prometida à Alfa - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora