2 temporada - capítulo 11

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Lexa point of view

O que falar dessa noite que passamos juntas? Eu sinceramente não sei.
Quando senti suas mãos leves e delicadas passeando pelo meu corpo, algo em mim acordou. Algo nada puro e meigo. Algo devasso e quente. E quando eu a ouvi dizer que gostaria que eu cumprisse minhas obrigações conjugais, foi o fim. Ela incendiou tudo. Na verdade, incendiamos juntas. E foi indescritível. Maravilhoso.

Depois de acordar com o berro da peste, vi que nem tudo pode permanecer em paz e bom como estava. Clarke é um furacão, impossível de controlar. Ela seguiu para o seu quarto e eu fui tomar meu banho. Já estava de noite quando despertamos. Passamos muito tempo "brincando" e acabamos cansando.

Quando apareço na sala de jantar, Clarke e seus pais já estavam comendo. Escutei de Becky que eu estava com uma expressão cansada no rosto. Sentei à mesa e me servi ignorando totalmente o que ouvi. Austin avisou que amanhã iremos ter que recepcionar seus convidados logo cedo e eu assenti olhando pra Clarke. Jamais fiquei tão rodeada de vampiros como estou nessa nova fase da minha vida. É estranho.

- Clarke, estou te esperando no jardim. Apareça lá. - Becky sai da mesa e vai embora.

Comemos em silêncio e logo Clarke segue a sua mãe. Austin coloca os cotovelos na mesa e entrelaça seus dedos. Já vi tudo.

- Lexa, ouvimos o quanto você e a Clarke estão se dando bem. - Nesse momento eu queria que o chão se abrisse. - Não acha melhor vocês dormirem no mesmo quarto? Estamos pra receber visitas e odiaríamos que boatos mentirosos rodassem a sociedade.

- Austin, eu e Clarke mesmo casadas ainda somos amigas. Eu não queria correr com as coisas, se é que me entende. Mas poderíamos manter as aparências para seus convidados.

- Convença Clarke, por favor. Ela é muito difícil de conversar sobre aparências.

Assinto e subo pro meu quarto. O cheiro dela ainda está muito vivo no colchão e isso é um pouco desesperador. Será que além de ser super dependente do seu sangue, serei do seu corpo também? Saio do quarto para que Madelyn arrume tudo. Vou até a sala de piano onde já encontrei Clarke tocando uma vez. Ela toca muito bem.

- Lexa.

Vejo que ela já está sentada e com os dedos trabalhando no instrumento. Seu corpo está bem apoiado e no seu rosto sai expressões de dor e tristeza. A canção tocada trás à tona sentimentos escuros, vazios. Depois que ela conclui a música, levanta e ameaça sair da sala.

- Por que você toca e fica tão triste? - Pergunto curiosa.

- Nunca quis aprender a tocar piano, mas aprendi por minha mãe. Hoje eu me vejo escrava dele. Não consigo parar mais de tocar canções tristes. - Ela suspira. - É difícil entender, eu sei. Mas só eu sei quantas e quantas vezes fiquei treinando. Foi difícil.

Caminho até ela e a abraço. Não uma abraço fraco, sem vida. Um abraço com sentimento, com compaixão. Ela parece muito abalada com isso tudo. Acho que a perseguição da Becky com a filha foi algo que afetou muito o psicológico de Clarke.

- Teremos que dormir no mesmo quarto enquanto os convidados estiverem aqui. Tudo bem pra você?

- Pensei que você mudaria pra lá depois de ontem. - Ela me olha e então percebo que não falamos disso ainda. - Você não vai?

- Quero ser sincera com você, Clarke. Sempre. - Coloco seus cabelos atrás da orelha. - Ainda temos dentro de nós aquela parte de ódio pela outra. Estamos descobrindo agora que não é só esse sentimento que existe. Você acha que correr com tudo só porque casamos é o certo? Ou pela noite de ontem?

- Você tem razão. Mas a gente pode repetir? - Sua inocência misturada com a rebeldia me atrai demais.

- Vamos com calma, ok? - Ela faz o maior bico depois que eu digo isso. - Teremos muito tempo pra isso. Você acha a eternidade pouca coisa? - Ela nega com a cabeça. - Então saiba sempre esperar. É uma virtude, pestinha.

Beijo sua testa e ela sorri. Acho que ela está começando a gostar dos meus apelidos nada comuns. Ela me ajudou a mudar algumas roupas minhas para o seu guarda-roupa. Não era preciso mexer em muita coisa. Depois ficamos na varanda do seu quarto observando a noite.

- Sabe, Lexa, eu jamais pensei em casar. Meu espírito, se é que eu tenho, é totalmente aventureiro. Eu gosto da sensação de liberdade. - Seus olhos brilham pra lua. - Sempre invejei a liberdade que vocês tem. Minha vida foi aprender novos idiomas, tocar piano e saber de coisas que mulheres devem saber. Quando eu conseguia escapar, eu ia até aquela cachoeira de ontem e pulava dela inúmeras vezes só pra conseguir sentir algo novo. Tudo pra mim sempre foi monótono e sem graça.

- Que difícil.

- Sim, e agora eu consigo ver que não preciso mais da cachoeira pra sentir algo novo. - Ela me olha com muita intensidade. - Eu só preciso te dar uma surra e depois cuidar dos seus ferimentos. O que vem depois disso nós é que decidimos.

Assinto e ela também. Ela é só uma garota procurando pelo novo e eu conseguir ser sua distração momentânea. Ela não quer ser casada, assumir compromissos, etc. Ela quer ir atrás do inexplicável, do inexplorável, do novo. Ela quer conhecer, desbravar, sentir. Fico feliz por no momento estar sendo um algo novo pra ela. Pelo que ouvi, sua vida foi muito regrada. Ela merece.

Prometida à Alfa - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora