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  Lucien moveu-se para a frente de Jesminda instantaneamente e sem que percebesse, agarrando a mão dela com força e medindo os movimentos dos irmãos.

  Seu coração martelava, em pânico silencioso, mas ele disse para si mesmo que estava tudo bem. Sua família logo descobriria de qualquer jeito, não é? Não iam fazer nada com ela. E os dois em breve estariam longe daquela corte pútrida.

  Foi esse pensamento que o forçou a manter a calma. Respondeu cuidadosamente:

  - Ela é minha noiva.

  Areas gargalhou, agarrando o estômago.

  - Espere aí, você quer casar com essa aberração? - Jesminda rosnou e Lucien ergueu o queixo, enojado.

  - Eu sabia que você era meio esquisito, mas não tanto, irmãozinho. - Falou Jace, divertido.

  Tohrn cruzou os braços.

  - Tsc tsc. O pai não vai gostar nada de saber. 

  - Desde quando isso está acontecendo? - Exigiu Eris.

  Lucien mostrou os dentes.

  - Não é da sua conta. Nem da de nenhum de vocês. E, se tocarem nela, vão se arrepender amargamente.

  - Não vejo como suas ameaças podem fazer sentido, querido irmão - constatou Clay. - Estamos em seis, e você em um... E meio. 

  Jesminda empinou as costas e apertou sua mão. Lucien não se atreveu a olhar para ela.

  - Vamos falar com o pai - decretou, e então atravessou com ela para casa. 

  Ouviu os irmãos aparecerem logo em seguida. Enquanto subia os poucos degraus e entrava na sala do trono, seguido deles, Lucien cerrou os dentes e respirou fundo. 

  - Lucien - sussurrou Jesminda, colada a ele, com um sorriso fraco. - Vai ficar tudo bem. Não se preocupe comigo. Só... Adiantamos nossos planos, certo?

  Certo, ele assentiu, também com uma tentativa de sorriso frágil. Seu coração lhe dizia para correr dali, algo parecido com a sensação que tivera ao acordar naquela madrugada, mas, mais uma vez, ele ignorou e tentou ser otimista.

  O otimismo era um sentimento um bocado estranho para Lucien Vanserra, mas ele se permitiu - se forçou a senti-lo. Porque a única alternativa...

  Ao verem uma feérica inferior - e uma de mãos dadas com um príncipe grão-feérico - os membros da corte arquejaram, horrorizados. Lucien também os ignorou. Sempre os detestara.

  Sua mãe não estava em nenhum lugar à vista.

  O olhar de seu pai finalmente cruzou com o dele então, do outro lado do salão, olhos castanhos frios que ele aprendera a temer desde que nascera. Dessa vez, Lucien não desviou os seus. 

  Beron trovejou:

  - O que é isso.

  Ainda apertando a mão de Jesminda com força, Lucien curvou-se - sentiu-a fazer o mesmo logo em seguida. 

  Se fosse para acabarem juntos, eles não tinham orgulho.

  As sobrancelhas castanhas de seu pai se juntaram, e ele ladrou para os cortezões:

  - Saiam todos.

  Momentos depois, só haviam os machos da família Vanserra ali - e Jesminda, que encarava Beron corajosamente, apesar de suas mãos tremendo levemente. Coisas que apenas Lucien saberia depois, que ela tinha medo mas não deixava que isso a controlasse.

O Conto de Lucien e JesmindaWhere stories live. Discover now