Prólogo

1.4K 86 15
                                    

Wonka passou por Charlie sem, nem ao menos, desviar o olhar para o pupilo. O chocolateiro caminhava ereto, com os passos duros e as luvas rangendo pela pegada forte na bengala de pirulito. O cheiro de amendoim, característico do chocolateiro, deixou um rastro pelos corredores, como se ele quisesse ser seguido.

- Willy? - Arriscou o pupilo que o seguia com alguns passos de distância.

Mas Wonka não parou.

Um Oompa Loompa quase foi atropelado pelo chocolateiro, que apenas rosnou em resposta ao berro que a pequena criatura soltou ao sentir a morte se aproximando. Morrer pisoteado não é algo que os Oompa Loompas apreciam.

- Desculpe, algo o deixou estressado. - Charlie anunciou ao pequeno, parando por um segundo e quase perdendo o tutor de vista.

Não demorou para Willy chegar ao seu destino, escancarando uma porta comum de madeira e puxando a cadeira para longe da mesa de monitoramento. Os olhos castanhos caçaram algo nos diversos monitores que haviam por ali, o dedo indicador de uma das mãos correndo pelas telas, como se pudesse lhe acelerar o ato.

- Cade? Cade? Cade?

O sangue corria furioso pelas veias, aquecendo o corpo e quase fazendo as luvas se tornarem irritantes. Quase, única e exclusivamente, porque Willy Wonka estava com toda a sua atenção naquela caça.

Ele caçava algo, ou alguém, como se fosse um felino pronto para avançar no alimento que não surgia há meses.

Quando Charlie entrou na sala, viu, um pequeno Oompa Loompa agarrado a cadeira em que estava sentado e com os olhos pregados no dono da fábrica. A cadeira ainda girava com leveza, recuperando-se da energia que lançaram sobre ela.

O herdeiro questionou se o Oompa Loompa estava bem, mas a criaturinha apenas afundou-se no estofado da cadeira. Charlie encarou as costas do tutor, entendendo que o Oompa Loompa nunca tinha visto seu salvador daquela forma.

Willy Wonka rosnava um mantra enquanto caçava algo nas telas que mostravam, quase, tudo o que acontecia na fábrica. Os quartos eram os únicos cantos com as câmeras desligadas e Charlie sabia que Willy fazia aquilo para que ele, Charlie, se sentisse confortável com a fábrica.

- Willy? - Chamou novamente.

A resposta veio em seguida:

- Achei esta mosquinha traiçoeira! - Rosnou Wonka.

O chocolateiro enfiou o dedo na tela de vidro e sorriu. Ele não estava irritado, percebeu Charlie, estava furioso.

Sobre os ombros do chocolateiro, o mais novo observou o ponto em que estava o dedo de Wonka e entendeu o que havia acontecido: A fábrica fora invadida.

A Fantástica Fábrica é invadida.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora