Capítulo 8

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— Senhor Charlie? - Katrina arriscou. - Se o senhor desejar, pode encerrar a visita.

A criança não queria isto. Não queria ter que sair daquele pequeno universo, mas sabia que as coisas não iam bem. Charlie tinha travado no lugar, como se a alma tivesse feito uma pausa para o almoço e não colocou hora para voltar. O herdeiro movimentava as sobrancelhas, talvez preso em milhões de questionamentos que o fazia ignorar todo o mundo que o cercava.

— Senhor? - A criança tentou de novo.

Willy Wonka simplesmente seguiu caminho, deixando apenas o alerta de que voltaria a encontrá-los em alguns minutos. Ele não parecia ter mentido, mas Charlie ainda se incomodava com o anúncio. O que Willy Wonka estava lhe escondendo?

— Senhor Wonka? - O pai de Juanito também tentou.

Mas como Charlie poderia ajudar ao chocolateiro, se ele ainda não tinha confiança no mais novo? Como poderia acalmá-lo e ajudar com alguma solução se o maldito chocolateiro lhe ocultava o problema da fábrica? E o que mais ele lhe esconderia? Conhecer a sala que contem toda a estrutura da fábrica fora a coisa mais incrível que Charlie já tinha feito, mas sabia que demonstrar sua fascinação aumentaria o ego de Willy e não estava na hora de o fazê-lo. Willy ainda não precisava dos icentívos.

— Será que ele não está escutando? - O Pai de Allan Hoowsty questionou enquanto coçava a cabeça.

— O que está acontecendo, mamãe? - Alice questionou com a voz chorosa.

"Willy" a mente de Charlie sussurrou com pesar. O chocolateiro ainda não confiava no herdeiro. E o herdeiro conhecia o chocolateiro tão bem quanto o próprio criador da fábrica."Por que não me deixa... Outch!"

— Outch! - Charlie gritou.

O ombro latejava com fúria como se tivesse sido atacado por algo extremamente forte e o cérebro largou a preocupação com Willy para entender o que tinha lhe atacado. Olhando para a direita, de onde o golpe deveria ter saído, Charlie contemplou os visitantes. As crianças pareciam preocupadas e alguns pais estavam com muita raiva em seus rostos maduros e vividos.

Massageando o punho, a mãe de Katrina Vonsquer sorria pelo sucesso de seu soco bem-dado. Charlie parecia desnorteado, como se, e isto quase aconteceu, estivesse esquecido que tinha um grupo de dez pessoas para guiar pela fábrica ou liberar da visita mal sucedida.

A sra. Vonsquer sacudiu o pulso duas vezes e cruzou os braços, aguardando o momento exato em que o garoto abriria a boca para questionar o que diabos tinha acontecido.

— Seu mimadinho! - Ela repreendeu quando Charlie agiu conforme mandava o script em sua mente.

— Mãe! - Katrina gemeu em vergonha.

— O que? - Charlie questionou enquanto Katrina gemia.

"Que ultraje!" pensou.

— É isto mesmo! - Continuou a senhora Vonsquer. - Estamos aqui, parados nesta magnífica fábrica, esperando você decidir se vai nos liberar da visita ou continuar a alegrar nossos dias.

— Desculpe-me se Willy resolveu agir estranho! - Replicou o herdeiro. O rosto queimando pela ira e se avermelhando como anuncio.

— Senhor - Allan ergueu a mão enquanto falava - Que eu me lembre, o senhor também é dono da fábrica.

Escutar Allan falando com tamanha timidez, causou em Charlie a vergonha máxima que um adulto poderia sentir. Era a mesma sensação de ser repreendido por uma criança de cinco anos, quando se é pego jogando um papel de bala pela janela e um ônibus lotado.

A Fantástica Fábrica é invadida.Where stories live. Discover now