Capítulo 20

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Willy sentou-se à mesa assim como Charlie. O herdeiro ainda estava desnorteado e com uma quantidade tão grande de perguntas para fazer, que jurou beirar a loucura. O senhor Bucket, por outro lado, saudou o filho com uma tranquilidade invejável e logo voltou sua atenção para o jornal daquela manhã.

- Tantas coisas para fazer. - Gemeu Willy.

O que, de fato, era verdade. Ele tinha que mostrar algumas partes da fábrica para Lane, depois dizer o que queria dela e, só então, se dedicar aos estragos que seu estresse causou.

Pensando nisto, ele ergueu os olhos para o pupilo e suspirou. Ainda teria que ter uma longa conversa com Charlie e sabia que o assunto seria demasiadamente delicado.

- Willy, o que aconteceu? - O herdeiro questionou quando viu que Wonka o olhava.

- Muitas coisas, estrelinha. - Willy puxou uma caneca e encheu-a de chocolate quente. - Vejamos... - Ele espiou a mesa para se decidir o que comeria. - Ah! - Pegou uma torrada. - A senhorita Salt passou na fábrica e me estapeou. Então eu percebi que estava condenando as pessoas erradas.

Willy mordeu a torrada e olhou o pupilo. Ele esperava que Charlie estivesse boquiaberto, mas o encontrou estarrecido. O rosto estava neutro, mas os olhos estavam trincados sobre o chocolateiro. Wonka quase sentiu medo. Medo de ter destruído a mente de Charlie.

- Veruca veio aqui? - Sussurrou o herdeiro.

- Veio. E conseguiu me fazer entender que a senhorita Kenneth não fez nada de ruim para a fábrica. - Willy sorriu.

Ele nunca tinha problemas para assumir que errou. Ficava envergonhado, obviamente, mas nunca negava seus erros, pois eles lhe geravam evoluções. Isto, este dom de não negar suas falhas, fazia com que Charlie o amasse e admirasse. Claro que Willy não escancarava seus erros para qualquer um. Se fosse um desconhecido, Willy só diria que errou quando tivesse criado algo mais chamativo do que o próprio erro.

- Onde está Veruca? - O mais novo questionou. - Quero agradecer.

- Ela se foi. - Wonka sussurrou. - Entrou. Disse que eu estava errado. Partiu.

- Está brincando comigo? - Charlie estava irritado.

- Não. - Wonka não se abalou pela ira do mais novo. - Ligue para ela e questione. Ou, se preferir, mande uma carta.

- Isto não faz sentido! - Berrou Charlie.

- Não na mesa, filho. - O senhor Bucket repreendeu. - A mesa é um lugar sagrado e não devemos trazer os problemas para ela. Você e Willy discutem isto em outro canto.

Como se os dois maiores chocolateiros do mundo não passassem de duas pequenas crianças, o senhor Bucket os repreendeu. E, para o espanto de Lane, os dois se desculparam e tomaram o café da manhã em volta de assuntos banais e amenos.

Se havia um adulto naquela fábrica, pensou a invasora, era o senhor Bucket.


Ϣ.Ϣ.


Charlie e Willy ficaram na naquela cabana por horas. Depois que os Oompa Loompas retiraram a mesa, os dois discutiram e berraram por horas a fio, como se estravassem todas as coisas frustrantes que tinham de guardado dentro de suas cacholas.

Sabiamente, e já prevendo que aquilo aconteceria, o senhor Bucket resolveu mostrar a fábrica para Lane. Paternalmente ele mostrou do jardim até as alas de fabricação e administração. Mostrou a sala de criações, mas deixou claro que só Charlie e Willy podiam dar permissão para entrarem ali.

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