XIV. Boneca(s) de Porcelana

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Os olhos da ômega brilharam quando percebeu o que estava acontecendo, ou quem estava a puxando. Engoliu em seco, sentindo um arrepio subir na sua espinha. Não conseguiu dizer nada, absolutamente nada enquanto as duas caminhavam por alguns corredores.

Até que alcançam escadas e mais escadas e chegam ao terraço, um lugar abandonado e úmido. Se queria falar com Bae Joohyun, deveria evitar ser pegas no corredor por algum professor ou supervisor.

- O-O que foi, S-Seulgi? - quando se virou, teve que lidar com as plaquetas rosadas e a cara de confusão da ômega. Um indício de medo também. - V-V-Você está bem?

A Kang puxou o ar com força. Depois, o soltou. Algo em como a mandíbula estava tensa ou como tinha um brilho estranho nos olhos da alfa fez Joohyun arrepiar.

- Você está bem, Joohyun? - um olhar preocupado caiu aterrorizadamente de repente sob a menina. - O que está acontecendo?

- O-O que você q-quer dizer, S-Seulgi? - a Bae perguntou, mordendo o interior da bochecha.

Não se sabia o porquê, mas Seulgi estava ficando afoita.

- Você. Você está estranha. - seus olhos tremeram, ansiosos para que a boca continuasse a falar. - Seus pais não a deixam fazer nada, ou só me odeiam tanto ao ponto de eu não poder encostar em você. Você falta por dias e depois volta como se nada tivesse acontecido.

Respire, Seulgi. Não esqueça de respirar.

- Até suas amigas te protegem como se você quebrar. Então... Me desculpe, Bae Joohyun.

A ômega a olhou sem saber o que fazer, apertando fortemente a bainha da sua blusa. Seus dedos começaram a doer com a própria força, tornando-se mais pálidos do que nunca. Ainda lembrava do beijo. Lembrava da sensação arrebatadora de sentir os lábios da alfa nos seus, os amando. Lembrava de como foi ter o calor de Seulgi perto de si, o cheiro de menta a deixando levemente tonta e confortável. Lembrava do sentimento de ter o corpo dela encaixado ao seu, um abraço como se fosse um muro, a protegendo e a lavando de qualquer coisa ruim que fosse.

Respire, Joohyun. Só não esqueça de respirar.

- E-Eu... E-E-Eu...

- Seus pais não gostam de mim? Acham que eu sou uma má influência? Me desculpe, Joohyun. Talvez eu seja mas... - uma careta de sofrimento estampou a face da alfa.

Por um momento, Joohyun pensou que ela iria chorar, não sabia que, naquele momento, Seulgi usava toda a sua força para falar com ela. Toda a sua força e energia que estava sendo tirada aos poucos por algo que ela não sabia o que era.

- Eu sou um ser humano. - disse a Bae, olhando bem nos olhos de Seulgi e se apoiando neles para continuar. Sua respiração ficou um pouco cortada. - E-Esquecem d-d-disso... P-Pensam que eu não p-penso. A-Acham que sou um brinquedo f-fofo e que preciso s-ser pro-pro... protegida de q-qualquer coisa.

Mais cortada. E mais cortada. Era Joohyun que estava prestes a chorar, não Seulgi. A alfa trouxe a tona, em um espaço muito curto de acontecimentos, o que ela sentia em anos.

- E-Eu sei que s-s-sou fraca, S-Seulgie... - dessa vez, a voz rouca e um pouco manhosa não fez a Kang se quebrar de amores, mas de dor.

- Joohyun, não...

- Lite-Lite-Li-Literalmente falando... Sou fr-fraca de cor-coração e tenho problemas de dic-dic-dicção que nenhum m-médico consegue a-ajudar... - ela tentava se lembrar de não ficar nervosa, mas não conseguia. - Desmaio c-c-com fre-frequência e minha m-mãe sempre precisa f-ficar de olho em m-m-mim. A-Além disso, eu...

L-LOLLI... POPS! ⌇ seulreneWhere stories live. Discover now