🔱1◖Persóis◗🔱 

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Na cadeia da hierarquia, alfas sempre teriam voz de comando e seus desejos sempre atendidos, abaixo deles os, betas, e por último nessa hierarquia alfista, os ômegas.

Esses últimos não tinham voz; para os alfas, apenas serviam de reprodutores dos quais se exigiam muito e recebiam pouco, sem direito de impor suas vontades.

E isso não, era algo de um único Reino, Oh não, em alguns, a pouca diferença era que se o ômega fosse dotado de certa beleza, não correria o risco de seu marido não ter mais que uma concubina e o ômega deveria se sentir feliz por isso.

O Reino de Persóis dentre todos era o mais rigoroso na exigência de um bom partido. Jeon Seok-Ho bem o sabia, pois, antes de se unir com sua esposa havia recusado outras três.

Mas isso não queria dizer que o mesmo havia dispensado suas concubinas, era, segundo a tradição, seu direito.

Direito esse que segundos dizia, um macho precisar de ajuda em seus heats caso seu parceiro estivesse grávida ou grávido, ou acamado... um Rei precisava ter suas necessidades sexuais atendidas sempre e seu parceiro não podia negar-lhe isso.

E Kim Yura sabia disso quando se tornou rainha consorte de Persóis. Desde pequena fora ensinada a nunca contestar a palavra de seu marido. Abençoada com uma beleza natural, Yura chegou a pensar que seu esposo não a trairia, mesmo que ambos não tivessem nenhum vínculo mais forte que a aliança entre os Reinos, acreditava que a marca seria o suficiente.

Ledo engano, assim que descobriu estar grávida descobriu que o marido não possuía apenas uma , mas sim, quatro concubinas, estas que o Rei levava sempre para a ala norte do Castelo.

Nem mesmo a chegada dos gêmeos, sendo o mais velho alfa, impediu do Rei continuar seus encontros com suas amantes. Lhe cabia apenas colocar uma máscara no rosto e fingir não ver o que acontecia, mesmo sentindo seu coração partir por tamanha desfeita debaixo de seu próprio teto, achava injusto, porém nada poderia fazer, possuía sim uma marca, mas esta que apenas garantiria que ela não se deitasse com outro que não fosse seu esposo, no entanto, não impedia o alfa de assim o fazer mesmo fora de seus períodos de heat.

A rainha engravidou uma segunda vez, porém, por infortúnio não conseguiu segurar o filhote, o que acabou lhe deixando acamada por um bom tempo, quando seu esposo entrou no heat, ela já sabia o que iria acontecer, mas nada a preparou para o golpe que iria receber, após o heat do Rei e contados quatro meses Jeon Jungkook vir ao mundo.

A rainha havia percebido a movimentação, já havia ouvido murmúrios entre os servis, mas só foi ter a confirmação quando o Rei apareceu com o filhote nos braços.

Ele estava orgulhoso, embora a ômega fosse uma simples serva, havia lhe dado um alfa lúpus. Um lúpus! Uma classe pura, e por muito tempo Yura teve dúvidas de o mesmo ser filhote do Rei, sendo que o mesmo não era descendente de lúpus e a serva em questão, muito menos, visto vir de uma família humilde, ao menos poderia saber, sendo que a serva morreu ao trazer o filhote ao mundo.

No entanto, o tempo passou e a criança cada dia ficava mais parecida com o pai, e a rainha já não podia mais negar, tendo a prova da traição do marido crescendo ali tão perto de si, junto a seus filhos. A ômega quis odiar o filhote, ela deveria, mas não conseguia, não quando fora ela quem o criou, fora ela quem ele chamou de mãe mesmo não sabendo a verdade. Yura amou o filhote como se fosse seu, mesmo sua classe sendo motivo de mistério, cuidou dele como se o mesmo tivesse saído de suas entranhas.

- Jeon Jungkook, o que eu lhe disse sobre correr pelos corredores? - repreendeu o garoto de cinco anos que havia tombado com um dos servos.

- Perdão, mamãe. - o pequeno falou curvando a cabeça as bochechas coradas virou-se para o servo. -- Perdão por esbarrar em você. - Pediu para o servo, esse que era muito novo e o olhando brevemente deu um breve curvar de cabeça saiu rapidamente do local.

- Mil perdões, Majestade, vossa Alteza queria se despedir de Jackson que está indo para uma missão hoje. - Senhora Ynoue falou curvando para a rainha.

- Oh! Então era isso. Mas meu pequeno, mesmo assim deves ter cuidado, já lhe disse podes acabar se machucando e depois senhora Ynoue já não goza de tanta juventude para correr atrás de si. - A rainha disse brincando e sorrindo enquanto acariciava os fios negros do garoto.

Esse era outro fator, o filhote era mais desenvolvido na fala que seus próprios filhos na idade dele.

- Eu sei mamãe, eu sinto muito, mas como Jack vai viajar queria pedir-lhe para me trazer uma espada lá de Êuria!- Jungkook falou animado os olhinhos negros de corça brilhando.

- E porquê irias querer uma espada? Não és ainda muito pequeno para conseguir empunhar uma?

- Sou sim, mas irei tornar-me forte um dia e serei o capitão da Guarda e irei me certificar de lhe proteger mamãe!

A rainha sorriu e então pegou a mão do pequeno, caminhando com ele para a saída do castelo sendo seguida de perto por Ynoue.

- Sabes que és um príncipe não é meu filho? - Viu o pequeno abaixar a cabeça e ficar acanhado. - O que ouve, porque estás com vergonha do seu título?

- É que... é que ouvi... umas coisas mamãe, mas prometo me esforçar para conseguir ao menos ser aquele que irá fazer a guarda e sempre proteger a senhora.

Yura franziu as sobrancelhas. - Porque diz isto, o que ouviste meu amor?

- Que não sou digno de estar aqui no castelo e nem ser chamado de príncipe. - falou sussurrando.

A rainha parou de andar e abaixou o olhar para o garoto.

- Jeon Jungkook, olhe para mim. - Logo teve os olhos negros a fitando com atenção. - És o príncipe de Persóis, o próximo na linhagem de sucessão, um lúpus e deves ter orgulho disso, quanto ao que falam pelos corredores, deves ignorar, me ouviu bem?

- Sim, mamãe. - Jeon disse suspirando.

- Ótimo. Agora vamos, ou não poderás despedir-se do capitão Wang.

Viu o pequeno sorrir e voltar a caminhar segurando em sua mão, embora a rainha percebesse a vontade do pequeno de soltar suas mãos e sair correndo.

Sorriu e então lançou um olhar para Ynoue, que logo entendeu a mensagem nos olhos castanhos, conhecia aquela mulher, e certamente que ela faria de tudo para que Jeon não descobrisse antes da hora, que a mulher que chamava de mãe não foi quem o trouxe de fato ao mundo. E para que tais falatórios nunca mais corressem no castelo.

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