Anjo Sombrio

C A P Í T U L O 06

     Arizona. São muitas as histórias que ouvi dessa terra e as criaturas que lá habitam. Não é como Hyfhyttus ou Pandora embora compartilhe da mesma beleza digna do sobrenatural.

     E a sensação de ser carregada até lá, pelo ar… deveria ser inigualável!

     As maiores árvores do mundo erguendo-se bem debaixo de seu corpo. Dizem que elas podem ultrapassar os 350 metros de altura dependendo da região, formando vastos andares de floresta em seus próprios galhos e cipós tropicais. Era uma espécie de sequoia com galhos e vegetação densa como selva. O que Dulce viu quando abriu os olhos?

     O que sentiu?

     Dizem que ela chegou ao alvorecer, mas outros alegam que foi trazida ao pôr do sol. Independente do horário, as folhas deveriam estar ganhando ou perdendo seu lendário brilho fluorescente. Aquilo era realmente uma floresta encantada. Algo tão belo que seria o chamado céu?

    Que bela superstição…

    Dulce estava voando! Alguma coisa a carregava. Era grande, familiar e bruto. Seja o que for, parecia uma homem agarrando-a com firmeza por trás conforme a balançava suavemente para cima e para baixo.

     Aquilo tinha asas emplumadas como uma pomba, um gavião ou um grande predador dos céus. Hm, ela deveria pensar que morreu já que estava no céu com uma criatura angelical num paraíso.

     Porém, a beleza pode ser perigosa. Quem é atraído pela mais bela aparência, muitas vezes tende a se deparar com o terror que ela esconde. As belas paisagens de Arizona só é comparável ao seu perigo mortal.

     Ela abriga um ecossistema antigo que raramente é encontrado em qualquer outra parte do mundo. Criaturas que os humanos acreditam terem sido extintas prosperam sobre as proteções das montanhas.

     Ah! E que montanhas!

     O Everest, atualmente conhecida como a maior montanha do mundo, tem 8.849 metros de altura. As montanhas de Arizona ultrapassam esse número. São 9 e apenas uma, a menor e mais próxima do litoral tem 8,859 metros. A maior, no centro, com seus seus 9 Km ultrapassado a altura das nuvens era onde Dulce estava sendo levada.

    Cada vez mais para o céu!

     Mais e mais alto, para o topo, passando pela floresta que ficava cada vez mais fria. O bater das asas ágeis espantava a umidade. O sol estava atrás da montanha luminosa e Dulce tinha a impressão de estar a noite sendo levada mais e mais para o alto até a neve se acumular na terra, nas pedras e nas árvores abaixo. E depois, ver a neve mesclar com as camadas de nuvens.

     O homem a agarra mais fortemente, prensando seu corpo ao dele. Os músculos quase lhe esmagam quando ele impulsiona seu corpo num grande salto em direção às nuvens e fecha sua envergadura plumada em torno de seu corpo e o da humana.

     As penas eram firmes, macias e quentes. Dulce mal sentiu a lufada fria quando penetraram as nuvens, mas seu corpo reclamou quando o homem tornou a abrir seu casulo, planar e bater suas majestosas asas num estrondo que afastou a neblina úmida e fria que acumula-se em qualquer ponto quente.

    Mais e mais alto, mais e mais denso. A cada camada de nuvem, repetiam o mesmo processo do casulo e se empurravam para o alto. Uma proteção para impedir que o corpo fique molhado e camadas de gelo se formem como nas costas das asas.

     Então eles mergulham na Floresta de Gelo. Um lugar onde a umidade das nuvens acumulam-se até enormes estacas de gelo serem formadas na copa das árvores como se fossem folhas, As criaturas passam bem debaixo deles, estabilizando-os com as lufadas de ar que iluminaram todo o caminho.