C A P Í T U L O 09

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— Por que as roupas são assim? — Indagou Dulce ao contemplar sua forma física no espelho.

    Era um grande artefato de ouro branco e rubis na forma de asas parcialmente abertas. No centro, havia o reflexo perfeito e de corpo inteiro da princesa e as vestimentas daquela noite.

    Como sempre, lhe era dado roupas escuras e justas. Não um vestido emplumado, seda ou jóias. Dulce era posta dentro de um calça escura tão justa ao corpo que sequer era necessário a utilização de um sinto. Naquela noite, a única diferença era o brilho incomum no tecido.

    Para mim parece uma calça legging, embora saiba que a composição e costura seja bem diferente.

     A blusa era de lã igualmente escura com entalhe penas couro abaixo do busto e um corte estratégico nas costas. Provavelmente onde deveria haver asas se ela fosse um anjo.

     Sempre as roupas no mesmo padrão, todo dia, após ela ser obrigada a se banhar. Pelo reflexo do espelho, a princesa encarou as servas ajeitando alguns pares de botões em alguns detalhes emplumados em suas costas.

— As vestimentas são alguns exemplares usados no palácio, senhora. É o que os mestres querem que vista.

— Por quê?

— Não saberia dizer, senhora.

     Diferentes, mas sempre com as mesmas respostas. Desde que chegou ao palácio, nenhuma serva lhe serviu duas vezes por mais de um dia. Elas eram trocadas e o motivo nunca lhe era revelado.

    As que cuidavam dela naquele momento, era um grupo de mulheres maduras por volta dos 27 anos. Duas negras e duas brancas… todas nuas, pintadas e submissas.

    Não adiantaria pressioná-las. Dulce tinha a impressão que elas temiam muito mais os senhores do que ela. Então apenas baixava a cabeça e permitia-se ser conduzida.

    Ela não estava em seu quarto, pelo contrário, estava em um salão fechado de tamanho considerado pequeno. Bom, aquele lugar é duas vezes maior do que minha casa de cinco cômodos, acrescentando uma espaçosa garagem. O chão era de granito branco e não havia janelas em meio aos arcos de ônix e colunas com a base de esmeraldas.

    Onde deveria haver as janelas, estão as fileiras de espelhos.

    Havia também alguns cômodos de lazer, como aconchegantes estofados redondos que circulavam o uma bela fonte com uma estatueta de um anjo com asas abertas feita inteiramente de diamantes.

    É lá onde estava Azriell, como um lorde sentado no centro de todo o salão. As belas asas caiam para trás do encosto abaixado em lugares estratégicos para confortar a envergadura. O homem estava com as pernas cruzadas e apreciava um livro entre seus dedos.

    Era a sombra em meio ao branco, destacando-se pela cor e pelo tamanho exuberante.

— Tudo pronto, minha senhora. — Dulce se permitiu virar para observar suas costas como se tivesse o início de uma asa crescendo pelo que antes era uma corte na roupa.

    Sem questionar, a princesa saiu do altar de mármore, desceu as escadas que lhe aproximava do espelho e encarou melhor o salão.

    Será que o céu aberto tornaria o espiral teto de ouro ofuscado? Os lustres caiam por finas linhas como cascatas de cristais nos mais diversificados tipos de estrelas, algumas, com dez, onze ou vinte pontas.

— O mestre lhe aguarda, senhora. — A princesa levantou o queixo e caminhou até o Arcanjo, aproximando-se na graciosidade de uma lady.

     Azriell, por outro lado, sequer lhe direcionou o olhar quando ela parou ao seu lado.

Anjo SombrioWhere stories live. Discover now