06

1K 79 19
                                    

Silverstone, Inglaterra

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Silverstone, Inglaterra

Julho de 2017

— Você fez o quê, Vincent Erik Wegner? E por que Teufel* você não me contou isso? — eu conseguia ouvir Ali chorando do outro lado da porta.

— Porque você não vai se lembrar amanhã, Ali! — ele respondeu mais alto.

— Mas você não tinha o direito de me esconder isso!

Ali começou a falar em alemão depois disso e eu deixei de entender as palavras entre os dois até alguém abrir a porta.

— Ah, você ainda está aí.

— Eu não estava prestando atenção.

— Tem alguma forma de sairmos daqui sem sermos vistos? — ele ignorou completamente a minha desculpa.

— Tem, vocês podem ir pelo portão de trás. Se quiser, eu posso levar vocês, meu carro está lá.

Vince hesitou um pouco e olhou para dentro da sala, provavelmente para a irmã.

— Tudo bem — ele pareceu meio abatido para responder, mas não relutou com o meu convite.

— Vamos — apontei com a cabeça e ele a chamou.

Emprestei o meu boné para Ali e levei os dois para a saída traseira do paddock. Meu carro estava em um fácil acesso, então não demoramos muito para chegar. 

Vince não disse para onde eu deveria levá-los e estava quieto demais ao meu lado. Ali também não disse uma palavra e, pelo retrovisor, consegui vê-la encostada na janela, ainda chorando. Dirigi até o hotel que eu estou, que não fica muito longe, e consegui um quarto para os Wegner.

— Entra — Vince falou quando deixei os dois na frente do quarto.

— Hum, parabéns pelo seu desempenho de hoje — Ali falou antes de ir para o banheiro, com a voz rouca. — Eu passei a tarde tentando falar isso e você parecia estar me evitando. Eu sei que não vou me lembrar de te dizer isso amanhã, então estou falando antes que eu perca a oportunidade.

— Obrigado — esbocei um sorriso que, provavelmente, deve ter parecido uma careta. 

Ali retomou seu caminho para o banheiro, deixando Vince e eu a sós.

— É, eu mereci. Vou aceitar se você disser um eu te avisei — olhei para o loiro, sentado na cadeira e pousando a cabeça nas mãos e os cotovelos no joelho. Parecia que ele que tinha feito uma corrida, não eu.

— Nem pensei em dizer isso — passei a mão pelas suas costas depois de me sentar do outro lado da mesa.

— Eu juro que não sei o que é pior, se é contar a verdade ou não contar. No começo, meus pais quiseram encerrar a carreira dela e mantê-la em casa, então, toda manhã, nós três contávamos tudo o que havia acontecido. Um dia, uma marca de roupas que a gente trabalhava a anos me ligou para chamar a Ali para uma nova campanha, então eu tive a ideia de manter a carreira dela. Como eu te disse, a Ali sempre teve uma memória curta, do tipo que nem lembrava o que tinha comido no almoço, então aproveitei disso para não contar todos os dias o que havia acontecido. Todo dia de manhã era um dia normal, que nós dois seguíamos a mesma rotina de antes do acidente. Foi fácil — deixei que ele falasse, pois parecia que precisava desse desabafo.

first time | daniel ricciardoOnde histórias criam vida. Descubra agora