Capítulo catorze - Um café revoltante.

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Catarina

De todas as coisas que venho me surpreendendo com Benjamin, a que menos passou pela minha cabeça, é que ele teria coragem de mim machucar. Ter lambido meu rosto e o beijado de forma asquerosa, me deixou com um sentimento de estar suja, mesmo depois de ter me banhado por duas vezes. Não consigo voltar a dormir, a cada vez que pisco o olho em um cochilo, o vejo como se estivesse perto de mim.

Maria Luiza teve que tomar um calmante forte, ela disse que desde que saiu da clínica psiquiátrica que não fazia mais uso de tal medicação. Malu ficou simplesmente paralisada ao ver Benjamin, ela não conseguiu fazer nada por que estava em pânico a ponto de não conseguir se mexer.

- Você não pregou o olho. - Diz Fernanda ao me ver chegando na mesa para tomar o café.

Arrasto a cadeira e sento, fazendo companhia a Fernanda que toma um chá de camomila.

- Toda vez que tento dormir, aquele nojento vêm na minha cabeça. É como se o momento voltasse, em um piscar de olhos.

- Você têm que relaxar amiga! Se aquele babaca voltar a aparecer aqui na porta, eu ligo para a polícia. Toma! - Ela me entrega o copo de chá de camomila. -você está precisando mais do que eu.

Sorrio. Acho que o chá de camomila não vai me fazer ao menos dormir um sono de trinta minutos, mas vai que...

- Obrigado! - Tomo um gole. Está quente, logo assopro para esfriar. - E a Malu?

- Ainda está sobre efeito do calmante. Sabe Catarina, sinto pena da Maria Luiza. Sei que por mais que ela tenha sequestrado Valentina, ela não foi a verdade culpada disso.

- Porque você pensa isso?

- Porque o culpado é Benjamin, que levou Maria Luiza a um estado de dependência emocional. Ele abusou mentalmente dela e acho que chegou a testar seus limites, o que levou Malu a cometer uma loucura para permanecer com o marido.

Tomo outro gole do chá, que agora se encontra um pouco mais frio.

- Eu perdoei Maria Luiza, na verdade, nós perdoamos. Só lamento por Valentina, ela aparenta não querer perdoar Malu.

— Falando de mim, não é! —Valentina arrasta a cadeira e senta a mesa conosco acompanhada de Ian e Ricardo. — Eu escultor meu nome a quilômetros de distância.

— O que houve de madrugada? — Ricardo coloca um pouco de café na xícara. —  escutei alguns gritos.

Valentina levanta a sobrancelha e olha para Fernanda e eu.

— Aconteceu alguma coisa? — Minha filha pergunta.

Fernanda me lança um olhar, como se estivesse me perguntando se deveria contar sobre a madrugada turbulenta que passamos. Aceno com a cabeça indicando que sim, Fê termina o café e coloca a xícara vazia na mesa e diz:
— Benjamin esteve aqui.

— O que aquele miserável fazia aqui? — questiona Ian.

— Ele estava bêbado e...

— Termina tia! — Valentina pressiona.

— E ele me agrediu. — Falo, já que Fernanda sentiu um certo receio em falar. — Puxou o meu cabelo falando que eu ainda era dele e despertou uma crise de Pânico em Maria Luiza, que só voltou a dormir depois que tomou um calmante.

— Por isso, que a minha mãe não levantou da cama. — Ian olha o relógio em seu pulso. — E já são quase onze da manhã.

Valentina fecha às duas mãos, seu rosto está ficando vermelha de raiva deixando evidente sua revolta pela atitude do pai. Tenho certeza que se Benjamin estivesse na frente dela agora, provavelmente sairia daqui apenas os restos mortais dele, mas não quero prensar assim, até porque esse miserável não deixar de ser o pai da minha filha.

— Se eu ver o Benjamin, eu vou matar ele! — Adverte Valentina.

— Você não deve falar isso minha filha.

— Então, eu 'devo" — faz aspas com os dedos. — esperar que dá próxima vez, ele te arranque dessa casa e mate você lá fora? É, porque é isso que vai acontecer se Benjamin continuar com esses atrevimentos.

— Eu espero que aquele desgraçado nunca mais toque em um fio de cabelo da minha mãe. — Ian expressa sua revolta. — Porque eu juro que o mato. Eu não tenho mais pai, desde o momento que percebi o nojo de ser humano que ele é.

— Vocês não deveriam pensar desse jeito. — Interfere Fernanda. — Ele pode ser uma pessoa horrível, mas não deixa de ser o pai de vocês.

— É como Benjamin me fez lembrar todos esses anos — o filho de Maria Luiza levanta da cadeira. — Ele nunca foi meu pai. — Ian sai, indo em direção aos quartos.

— Nem o meu! — Valentina também levanta e Ricardo vai atrás comendo uma torrada.

Fernanda e eu voltamos a ficar a sós na mesa, acho que este é o melhor momento para falar sobre o que aconteceu entre Ian e eu. Apesar de três dias terem se passado, não tive coragem de falar para minha amiga de todos os momentos o que aconteceu comigo e um cara mais novo, principalmente, quando ela viu esse "cara" crescer. Quem sabe precisei desse tempo para saber, como falaria isso para ela? Me pergunto.

— Tem uma coisa que preciso contar para alguém — Digo trazendo a atenção de Fernanda para mim. —, eu não consigo mais ficar com isso só para mim.

— Pode falar, amiga.

— No dia que eu vim para cá, eu tinha acabado de sair da casa de uma pessoa com quem eu tinha passado a noite.

— É assim que eu gosto, colocando o Benjamin para trás.

— Mas aí é que tá, eu conheci no casamento dele.

— E o que têm haver?

— O que têm haver, é que a pessoa com quem eu fiquei foi... — Hesito em falar, porque não sei se Fernanda vai reagir com julgamento, até porque eu não tenho culpa de ter sido enganada por um moleque. — foi o Ian.

Fernanda fica com os olhos arregalados e boquiaberta, a mesma coloca a mão na boca vagarosamente, provavelmente tentando digerir o que acabei de contar. Ela talvez esteja pensando que o seduzi para levá-lo para cama ou que eu tenha me aproveitado dele, meu Deus! Penso em meio a um turbilhão de coisas que passar pela minha cabeça. O sangue corre rapidamente por minhas veias, meu peito está a ponto de abrir com os batimentos do meu coração, tenho certeza que estão a mais de cem.

— O que você fez Catarina? — Indaga Fernanda em voz baixa.

Um Acordo Entre Amantes (Editando)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang