Capítulo trinta - Invasão.

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Estamos em quase uma hora e meia de viagem e estou a ponto de enjoar de tanta ver Ian preocupado com Maria Luiza que só dorme, provavelmente isso é só charme para Marcelo beijar ela e depois ela fingir que está acordando como a bela adormecida. Maria Luiza e suas idéias loucas que na maioria das vezes não dão certo

Lembro de uma vez na faculdade, quando ela fez uma festa surpresa para Benjamin e eu simplesmente fui lá e falei para ele. Eu simplesmente amei esse dia, porque depois que ele soube, saímos juntos para um hotel bem legal para comemorar o aniversario dele da forma certa. Sorrio sozinha só de lembrar.

– Tá rindo de que? – Pergunta Marcelo fazendo-me tirar os olhos da estrada.

– Lembrei de uma coisa engraçada. – Volto a olhar para a pista. – Existe tempos que não voltam mais.

Marcelo olha para trás e ver Maria Luiza ainda desacordada. Ian está com o timbre baixo observando Maria Luiza, provavelmente desanimado em ver a situação a qual a mãe foi colocada novamente. Posso parecer uma pessoa um pouco do mal – o que eu sou mesmo –, mas eu sei o que é ver uma mãe em um sofrimento onde você tenta ajudar e não consegue. No caso de Ian, ele conseguiu, mas no meu, eu não consegui. 

– Se você tivesse a oportunidade de corrigir de algumas coisas do passado, o que tanto você corrigiria? – Indaga o homem que está me deixando louca, desde que apareceu na porta da minha casa.

– Você quer que eu fale na ordem alfabética?

– Não é possível que seja tantas coisas.

– Não me admira que seja. – Diz Valentina saindo de um silencio que eu preferia que continuasse.

– Alguém te perguntou alguma coisa filhote de urubu com lembre?

– Eu sei que minhas palavras doem em você. Seria bem melhor se elas te ferissem de verdade a ponto de te fazer sangrar até morrer.

– Você tem uma língua um tanto afiada, menina. – Vejo Valentina pelo retrovisor. – Mas eu vou falar uma coisa a você, não tenta jogar agulhas em mim pensando que são facas. Você não viveu a metade das coisas que eu já passei na vida. Então, não tente ser a espertalhona para cima de mim.

– As palavras podem não surtir mais efeito em você, mas tenho certeza que a sua consciência não te deixa dormir a noite.

Engulo em seco.

Desenho um sorriso falso em meus lábios e digo:

– Minha consciência descansa tranquila.– mentira.– Tudo que eu fiz foi por um bem maior.

– O seu bem maior. – Ela responde.

– Querida, na vida é primeiro você, depois o resto do mundo. No meu caso, é apenas eu e o resto do mundo que se foda.

Valentina ignora o que falo e vira o rosto na direção da janela nos fundos da ambulância. Desfaço o meu sorriso voltando a olhar para a estrada. O silêncio volta a reinar dentro do veículo.

Eu sei todos os erros que cometi ao longo da vida, não preciso levar sermão de uma pessoa que não viveu a metade do que já passei na vida. Nunca pensei que falaria isso que estou prestes a dizer, mas eu não nasci ontem. Provavelmente Velentina tem toda essa raivinha, porque quase matei a mãe dela no acidente de carro que milagrosamente a deixou em coma, melhor isso do que morta. Além do mais, ainda cuidei de Catarina nos ultimo anos e proporcionei a ela a tão sonhada e merecida vingança a Benjamin. Eu falo sonhada, mas é porque ela teve muito tempo para isso.

Vejo a placa indicando que chegamos a Petrópolis e já estou dando cambalhota internamente por estar prestes a mim livrar desse bando de fraldinha.

– Chegamos! – Digo. – Espero que isso seja rápido, não quero deixar o rinoceronte comer todos os meus chocolates. 

– Eu acho que ele está comendo outra coisa. – Diz Marcelo me fazendo olhar boquiaberta para ele.

– E você também faz essas coisas? – Indago.

– Já faz tempo que você está querendo fazer essa pergunta, não é?

– Rosa não parece o tipo de mulher que coisa de palavras.– Responde Ian com um pouco de animação.

– Moleque, cala a boca e volta a ficar na sua. – Verifico o GPS. – Pelo jeito o galpão é no inicio da cidade em um local pouco povoado. 

...

Chegamos no galpão, é localizado em uma área afastada da urbanização. De acordo com que vamos nos aproximando, vejo uma Lamborghini preta parada bem em frentepor baixo de uma arvore. 

– aquele é o carro do Benjamin. – Avisa Valentina.– Foi nesse carro que ele sequestrou minha mãe.

– Mãe! – Exclama Ian me fazendo frear o carro de vez.

Marcelo e eu nos viramos para trás no mesmo momento.Maria Luiza está com os olhos aberto e se inclina um pouco para frente na tentativa de levantar, com pouca força, ela acaba deitando novamente na maca ainda tonta por causa dos remédios.

– Eu vou ficar na ambulância com a minha mãe, enquanto vocês entram. 

Não respondo nada, apenas saio do carro andando deixando-os surpresos. Nunca pensei que Marcelo poderia ser uma franga. Cansei! Não quero mais.  Sozinha, vou até os dois portões que fecham o galpão, assim que me aproximo, tento empurra-lo para abrir, mas acabo percebendo que está trancado por dentro. Dou ma volta por todos os lados do galpão, porém, o unica local de entrada é pela frente. Agora, és a pergunta, Como vou entrar com esse portão fechado? Espera... Eu já sei!

Volto com passos apressados até a ambulância, assim que assumo o volante me assusto ao ver Maria Luiza sentada na maca e conversando com o filho com uma cara de drogada que acabou de puxar um cigarro da paz. 

Me viro para a frente e ligo os faróis da ambulância, coloco o cinto de segurança e meto o pé no acelerador com toda a força jogando o carro em direção ao portão. 

– VOCÊ TÁ LOUCA? – Grita Marcelo. – A gente vai morrer.

– Relaxa, é apenas um portão. – Sorrio sentindo a adrenalina tomando de conta de mim.

– Aaaa! – Todos gritam, exceto Maria Luiza que parece estar em uma vibe diferente.

O carro choca com os portões jogando Maria Luiza praticamente para frente do para-brisa, só não chegou até o vidro propriamente dito, por causa da cadeira do motorista e passageiro que não a deixaram passar. Valentina e Ian também bateram de lado nas respectivas cadeiras citadas anteriormente. Empurro Marcelo para trás, assim que ele levanta a cabeça, é possível ver um ferimento sangrando em sua cabeça por cima da sobrancelha. 

Me viro para frente e vejo os portões abertos. Bem no meio do enorme galpão repleto de varias caixas de madeira, está Catarina assustada com as mãos, pés e boca amordaçados e Benjamin por cima dela sem camisa mostrando seus músculos que não me traz mais desejo, pelo contrário, chega a mim dar nojo.

Um Acordo Entre Amantes (Editando)Where stories live. Discover now